DONATELLO GRIECOQuanto à rua, há também quem indique a Bento Lisboa. É positivo queVilla-Lobos nasceu no Catete, bairro que no fim do século XIX era preferidopela classe média em ascensão econômica, bairro de funcionários públicos,de servidores da Justiça, de aposentados e também de professores.A Rua Ipiranga distinguia-se da Bento Lisboa pelos seus colégios, o doProfessor Epifânio Reis e o de Abílio César Borges, o Barão de Macaúbas.O Colégio Abílio incorporou-se à história literária do Brasil, pois nele estudouRaul Pompéia, que o celebraria no romance O Ateneu. Abílio instalou seueducandário no solar que pertencera ao Barão de Irapuá, mineiro enriquecidoem estância de pecuária no Rio Grande do Sul.A Rua Ipiranga começa na das Laranjeiras e termina na rua Paissandu.Num de seus solares viveu o jurista Teixeira de Freitas; numa de suas chácarasinstalou-se em 1888 um patronato para meninas órfãs.Em favor da Rua Ipiranga lembramos o fato de que Raul Villa-Lobos,pai de Heitor, professor acatado na cidade, naturalmente preferiria viver naIpiranga, rua de mestres de Humanidades e Artes.Quanto à Rua Bento Lisboa: foi ela aberta, como a Rua Pedro Américo,na pedreira que pertencera a um senhor Salvador Quintanilha. Da BentoLisboa saíram as pedras para a construção da Igreja da Candelária por issoa conheciam como Rua da Pedreira da Candelária. Da Rua Pedro Américosaíram as lajes para construção da Igreja da Glória do Outeiro, ali maispertinho, ficando conhecida como rua da Pedreira da Glória.Em favor da Rua Bento Lisboa lembre-se que o próprio Villa-Lobosdeclarou certa feita a um grupo de repórteres-curumins que havia nascidojunto a uma pedreira.Em torno da data, as divergências são inúmeras: há quem mencionediversos anos da década que vai de 1881 a 1891. O musicólogo RenatoAlmeida chegou mesmo a preferir o ano de 1890. Luís Heitor Corrêa deAzevedo fixa-se em 1885. A historiadora Lisa Peppercorn esgotoupraticamente o assunto, arrolando todas as datas, inclusive a que consta deuma declaração da mãe do compositor, declaração utilizada em 1913 nahabilitação do casamento de Heitor com Lucília Guimarães e na qual se indicao ano de 1886.Vasco Mariz encontrou, nos arquivos da Igreja de são José, no Rio deJaneiro, no assentamento do batismo de Villa-Lobos, a data de 1887: trataseda prova documental mais antiga e não há como contestá-la, ainda mesmoque o compositor houvesse, em 1941, decidido pelo ano de 1888.12
<strong>ROTEIRO</strong> <strong>DE</strong> <strong>VILLA</strong>-<strong>LOBOS</strong>1 8 8 917 de janeiro – Heitor Villa-Lobos é batizado na igreja de São José, noRio de Janeiro, pelo “Pároco encomendado” Cônego Santos Lemos. Seuspadrinhos: José Jorge Rangel e a tia Maria Carolina Villa-Lobos.1 8 9 5Na infância de Villa-Lobos, 1895 marca o despertar de seu interessepor Haydn e principalmente por Bach, em casa de sua tia e madrinha Carolina,pianista, entusiasta dos prelúdios e das fugas do grande mestre.Na casa paterna, o menino Heitor participa de serões musicais, onde ovioloncelista Raul junta-se a outros amadores, executando Schubert,Mendelssohn, Schumann. Raul inicia o filho no violão, na clarineta. Leva Heitorao teatro, à ópera, a concertos, a ensaios. Cedo Heitor passa a ser chamadode Tuhu.*O período florianista ainda apaixona os historiadores, quase tanto quantose exaltaram, no fim do século XIX, os ânimos dos partidários do Marechalde Ferro e os ardores dos custodistas. Raul Villa-Lobos não escapou àexacerbação que se apoderou de muitos intelectuais − e preferiu afastar-seda fermentação carioca, retirando-se para o interior de Minas Gerais, em1895.Heitor Villa-Lobos tinha apenas oito anos, quando se viu transferido docentro buliçoso da vida intelectual do país para as velhas cidades mineirasperdidas nas montanhas, silenciosas, místicas.A agitação florianista passaria rápido, mas os quatro anos que Heitorviveu em Mar de Espanha, em Alfenas, em Bicas, em Ouro Preto, emCataguazes, em Viçosa, foram vividos intensamente, dia a dia, hora a hora,principalmente no que se refira à sua formação artística, porque em boa músicaa terra mineira sempre foi excelente núcleo, dentro ou fora das igrejas.Heitor descobre em Minas o lundu, as modinhas, o cateretê.Quatro anos nas montanhas, quatro deliciosos “plenilúnios de maio” deque falaria o poeta, festas populares, os coretos em que se cantava e sedançava, as modinhas de viola, os flautistas, as lembranças de um cativeiroque acabara de ser abolido...13
- Page 1: ROTEIRO DE VILLA-LOBOS
- Page 4 and 5: Copyright ©, Fundação Alexandre
- Page 7 and 8: ApresentaçãoVilla-Lobos é uma pe
- Page 9: APRESENTAÇÃOruas, praças, edifí
- Page 14 and 15: DONATELLO GRIECOHeitor Villa-Lobos
- Page 18 and 19: DONATELLO GRIECO1 9 0 1A música le
- Page 20: DONATELLO GRIECO*Catulo da Paixão
- Page 23 and 24: ROTEIRO DE VILLA-LOBOSVilla-Lobos a
- Page 25: ROTEIRO DE VILLA-LOBOSpara coro e o
- Page 28 and 29: DONATELLO GRIECOO “Curso de Vince
- Page 30 and 31: DONATELLO GRIECOe Elisa (1910). Pri
- Page 33 and 34: ROTEIRO DE VILLA-LOBOSDiante das cr
- Page 35 and 36: ROTEIRO DE VILLA-LOBOSregência de
- Page 38: DONATELLO GRIECO1 o Quarteto de Cor
- Page 43: ROTEIRO DE VILLA-LOBOSpoeta dos Epi
- Page 46: DONATELLO GRIECOmeio resistentes. E
- Page 50 and 51: DONATELLO GRIECO“uma das peças d
- Page 52 and 53: DONATELLO GRIECOpiano... obra de um
- Page 54 and 55: DONATELLO GRIECO“insuportavelment
- Page 56 and 57: DONATELLO GRIECOe Guiomar Novais, a
- Page 58 and 59: DONATELLO GRIECOdo mundo, nenhum de
- Page 60 and 61: DONATELLO GRIECORubinstein e Vera,
- Page 62 and 63:
DONATELLO GRIECOO panorama de Paris
- Page 64 and 65:
DONATELLO GRIECOséculo, data de 19
- Page 66 and 67:
DONATELLO GRIECOOs concertistas inc
- Page 68 and 69:
DONATELLO GRIECOrelativamente peque
- Page 70 and 71:
DONATELLO GRIECOArnaldo Estrella, a
- Page 72 and 73:
DONATELLO GRIECO1 9 2 7De novo em P
- Page 74 and 75:
DONATELLO GRIECOcarimbós escavados
- Page 76 and 77:
DONATELLO GRIECO21 de outubro de 19
- Page 78 and 79:
DONATELLO GRIECOa seu desejo, mesmo
- Page 80 and 81:
DONATELLO GRIECOVilla-Lobos, “vem
- Page 82 and 83:
DONATELLO GRIECOO Canto da Nossa Te
- Page 84 and 85:
DONATELLO GRIECOfatos concretos. Na
- Page 86 and 87:
DONATELLO GRIECOcomposições, ocas
- Page 88 and 89:
DONATELLO GRIECOCanção Marcial, c
- Page 90 and 91:
DONATELLO GRIECOGuia Prático (Álb
- Page 92 and 93:
DONATELLO GRIECOMoteto, arranjo de
- Page 94 and 95:
DONATELLO GRIECOO Canto do Pajé, m
- Page 96 and 97:
DONATELLO GRIECOCanção de José d
- Page 98 and 99:
DONATELLO GRIECO1 9 3 5Viagem de Vi
- Page 100 and 101:
DONATELLO GRIECOprincipal de sua at
- Page 102 and 103:
DONATELLO GRIECO1937, com coro de m
- Page 104 and 105:
DONATELLO GRIECO1947, solista Hilda
- Page 106 and 107:
DONATELLO GRIECOcom um brilho diver
- Page 108 and 109:
DONATELLO GRIECOCanção da Imprens
- Page 110 and 111:
DONATELLO GRIECONossa América, cor
- Page 112 and 113:
DONATELLO GRIECOa Segunda Sinfonia,
- Page 114 and 115:
DONATELLO GRIECOQuadrilha das Estre
- Page 116 and 117:
DONATELLO GRIECOMadona (poema sinf
- Page 118 and 119:
DONATELLO GRIECOBrennan e H. Curran
- Page 120 and 121:
DONATELLO GRIECOHomenagem a Chopin,
- Page 122 and 123:
DONATELLO GRIECOcoração dos homen
- Page 124 and 125:
DONATELLO GRIECOao piano, José Bot
- Page 126 and 127:
DONATELLO GRIECOVilla-Lobos é semp
- Page 128 and 129:
DONATELLO GRIECOWagner assim se ref
- Page 130 and 131:
DONATELLO GRIECORoss, regente Villa
- Page 132 and 133:
DONATELLO GRIECOAlém de numerosas
- Page 134 and 135:
DONATELLO GRIECOTotal dos discos li
- Page 136 and 137:
DONATELLO GRIECOAVE MARIA n o 6, ca
- Page 138 and 139:
DONATELLO GRIECOCANTO DO NATAL, cor
- Page 140 and 141:
DONATELLO GRIECODOBRADO PITORESCO,
- Page 142 and 143:
DONATELLO GRIECOHISTÓRIA DE PIERRO
- Page 144 and 145:
DONATELLO GRIECOMINHA TERRA, arranj
- Page 146 and 147:
DONATELLO GRIECOPRO PACE, para band
- Page 148 and 149:
DONATELLO GRIECOSINFONIETA N o 1, o
- Page 150 and 151:
DONATELLO GRIECOVIRGEM (À), canto
- Page 152 and 153:
DONATELLO GRIECOBÉHAGUE, Gérard -
- Page 156:
FormatoMancha gráficaPapelFontes15