DONATELLO GRIECOLembrar a música popular do começo do século é encontrar, a cadamomento, schottisches e polcas. Essas danças começaram nos salõesaristocráticos e depois passaram para os ambientes populares, muitoexecutadas por sanfoneiros.Curioso citar que o Visconde do Rio Branco, escrevendo a seu, filhoJuca, que servia na Europa (o “amigo ausente” que viria a ser o Barão do RioBranco), disse que o schottisch haveria de sobrepor-se, em popularidade, à“estouvada e voluptuosa polca” e talvez mesmo à “delirante valsa daGermânia”. todos os músicos populares improvisavam ritmos de schottischese de polcas, entre eles Antonio da Silva Callado e Chiquinha Gonzaga.Deixando a casa materna, Heitor vai para a residência da tia Fifina, maisliberal, que não se opõe a que ele participe de choros e de pequenas orquestras.O adolescente Villa-Lobos, que domina razoavelmente o violoncelo,começa a frequentar serões burgueses, como o que é descrito no Jornal doBrasil de 12 de janeiro de 1903, num palacete da Rua Conselheiro Tomás,Andaraí Grande, reunião do Bouquet Club, presidido pelo Sr. Nabuco deFreitas. O jornal afirma que é o próprio Heitor (que não tem ainda 16 anos!) oorganizador do concerto, tendo tocado em sua segunda parte, acompanhadoao piano por Emília Neves, uma Gavota Luís XV, de Maurice Lee.Confissão de Villa-Lobos:“Abandonei a casa muito jovem para aliviar a inquietude que fez de mimum passeante noturno, cantando serenatas. Viajei muito. Andei por todosos rincões da minha terra. Escutei os tambores dos índios nas noites cheiasde mistério. Tenho de meu pai esta paixão pela música que me eleva e meconsome.”Rio de Janeiro dos boêmios... Segundo Gilberto Freyre, “Rio ainda deviolões em serenatas, de mulatas quase coloniais, que à autenticidade brasileiraacrescentaram, como as brancas iaiás de Botafogo e as sinhás de Santa Tereza,uma graça que eu não vira nunca nem nas mulatas nem nas iaiás brancas doNorte. Era a graça carioca. Era o Rio de Villa-Lobos”.1 9 0 4Pequenos cursos, muito rápidos, no Instituto Nacional de Música. Villa-Lobos trabalha com o violão nos tratados de Aguado, Carcassi, Carulli e Sor.22
<strong>ROTEIRO</strong> <strong>DE</strong> <strong>VILLA</strong>-<strong>LOBOS</strong>Villa-Lobos admirava muito João Pernambuco, o compositor do Luar dosertão, do Jongo, da Graúna. Outra devoção juvenil, que perdurará sempre:Sátiro Bilhar, popularíssimo pela simpatia e seu Tira poeira. No mesmo círculo,Ernesto dos Santos, o Donga dos Oito Batutas, Edmundo Otávio Ferreira (autorda música de Talento e Formosura, com versos de Catulo), Pedro de Alcântara(autor da música de Ontem ao luar, também letra de Catulo), o “Índio” Cândidodas Neves, tantos violonistas e cantores, seresteiros e chorões.Mesmo que suas primeiras influências externas tenham sido Puccini, Wagnere sempre Bach (Debussy e Strawinsky viriam mais tarde), na verdade a forçamais poderosa sobre sua personalidade será o homem brasileiro.Nuvens, para piano. A crítica assinala, nessa peça, certa influência dosmestres franceses da escola impressionista.Valsa Brilhante, para violão. (Originalmente Valsa Concerto Nº 2) eParaguai, dobrado para banda.1 9 0 5No Rio, Villa-Lobos mantém contato com jovens artistas e poetas de todos osrecantos do país. Ele diz a Francisco Braga: “Vou viajar”. Francisco Braga responde:“ou estuda ou viaja”. Pouca gente, como Villa-Lobos, teria estudado tanto, viajando.Dezoito anos. Partida para o Norte: Espírito Santo, Bahia, Pernambuco.Penetração direta no ambiente popular folclórico; capitais e sertão; fazendase engenhos do interior; anotação dos cantos primitivos, dos ritmos africanos,dos temas dos cantadores, dos instrumentos rústicos, dos aboiados, dasdanças, do frevo, do maracatu, das cantigas de mendigos, das lamentaçõesdos cegos, tudo apontado com sinais próprios. Mil e um temas folclóricosque depois seriam o material apresentado nos Guias práticos (1932).Imploro, para piano solo ou harmônio ou flauta, violino, piano.Brasil, dobrado para banda.O Salutaris, para coro e piano ou harmônio.1 9 0 6Villa-Lobos frequenta por algum tempo o curso de Harmonia de FredericoNascimento, que, mesmo integrado num ambiente conservador, era, por sorte,23
- Page 1: ROTEIRO DE VILLA-LOBOS
- Page 4 and 5: Copyright ©, Fundação Alexandre
- Page 7 and 8: ApresentaçãoVilla-Lobos é uma pe
- Page 9: APRESENTAÇÃOruas, praças, edifí
- Page 12 and 13: DONATELLO GRIECOQuanto à rua, há
- Page 14 and 15: DONATELLO GRIECOHeitor Villa-Lobos
- Page 18 and 19: DONATELLO GRIECO1 9 0 1A música le
- Page 20: DONATELLO GRIECO*Catulo da Paixão
- Page 25: ROTEIRO DE VILLA-LOBOSpara coro e o
- Page 28 and 29: DONATELLO GRIECOO “Curso de Vince
- Page 30 and 31: DONATELLO GRIECOe Elisa (1910). Pri
- Page 33 and 34: ROTEIRO DE VILLA-LOBOSDiante das cr
- Page 35 and 36: ROTEIRO DE VILLA-LOBOSregência de
- Page 38: DONATELLO GRIECO1 o Quarteto de Cor
- Page 43: ROTEIRO DE VILLA-LOBOSpoeta dos Epi
- Page 46: DONATELLO GRIECOmeio resistentes. E
- Page 50 and 51: DONATELLO GRIECO“uma das peças d
- Page 52 and 53: DONATELLO GRIECOpiano... obra de um
- Page 54 and 55: DONATELLO GRIECO“insuportavelment
- Page 56 and 57: DONATELLO GRIECOe Guiomar Novais, a
- Page 58 and 59: DONATELLO GRIECOdo mundo, nenhum de
- Page 60 and 61: DONATELLO GRIECORubinstein e Vera,
- Page 62 and 63: DONATELLO GRIECOO panorama de Paris
- Page 64 and 65: DONATELLO GRIECOséculo, data de 19
- Page 66 and 67: DONATELLO GRIECOOs concertistas inc
- Page 68 and 69: DONATELLO GRIECOrelativamente peque
- Page 70 and 71: DONATELLO GRIECOArnaldo Estrella, a
- Page 72 and 73:
DONATELLO GRIECO1 9 2 7De novo em P
- Page 74 and 75:
DONATELLO GRIECOcarimbós escavados
- Page 76 and 77:
DONATELLO GRIECO21 de outubro de 19
- Page 78 and 79:
DONATELLO GRIECOa seu desejo, mesmo
- Page 80 and 81:
DONATELLO GRIECOVilla-Lobos, “vem
- Page 82 and 83:
DONATELLO GRIECOO Canto da Nossa Te
- Page 84 and 85:
DONATELLO GRIECOfatos concretos. Na
- Page 86 and 87:
DONATELLO GRIECOcomposições, ocas
- Page 88 and 89:
DONATELLO GRIECOCanção Marcial, c
- Page 90 and 91:
DONATELLO GRIECOGuia Prático (Álb
- Page 92 and 93:
DONATELLO GRIECOMoteto, arranjo de
- Page 94 and 95:
DONATELLO GRIECOO Canto do Pajé, m
- Page 96 and 97:
DONATELLO GRIECOCanção de José d
- Page 98 and 99:
DONATELLO GRIECO1 9 3 5Viagem de Vi
- Page 100 and 101:
DONATELLO GRIECOprincipal de sua at
- Page 102 and 103:
DONATELLO GRIECO1937, com coro de m
- Page 104 and 105:
DONATELLO GRIECO1947, solista Hilda
- Page 106 and 107:
DONATELLO GRIECOcom um brilho diver
- Page 108 and 109:
DONATELLO GRIECOCanção da Imprens
- Page 110 and 111:
DONATELLO GRIECONossa América, cor
- Page 112 and 113:
DONATELLO GRIECOa Segunda Sinfonia,
- Page 114 and 115:
DONATELLO GRIECOQuadrilha das Estre
- Page 116 and 117:
DONATELLO GRIECOMadona (poema sinf
- Page 118 and 119:
DONATELLO GRIECOBrennan e H. Curran
- Page 120 and 121:
DONATELLO GRIECOHomenagem a Chopin,
- Page 122 and 123:
DONATELLO GRIECOcoração dos homen
- Page 124 and 125:
DONATELLO GRIECOao piano, José Bot
- Page 126 and 127:
DONATELLO GRIECOVilla-Lobos é semp
- Page 128 and 129:
DONATELLO GRIECOWagner assim se ref
- Page 130 and 131:
DONATELLO GRIECORoss, regente Villa
- Page 132 and 133:
DONATELLO GRIECOAlém de numerosas
- Page 134 and 135:
DONATELLO GRIECOTotal dos discos li
- Page 136 and 137:
DONATELLO GRIECOAVE MARIA n o 6, ca
- Page 138 and 139:
DONATELLO GRIECOCANTO DO NATAL, cor
- Page 140 and 141:
DONATELLO GRIECODOBRADO PITORESCO,
- Page 142 and 143:
DONATELLO GRIECOHISTÓRIA DE PIERRO
- Page 144 and 145:
DONATELLO GRIECOMINHA TERRA, arranj
- Page 146 and 147:
DONATELLO GRIECOPRO PACE, para band
- Page 148 and 149:
DONATELLO GRIECOSINFONIETA N o 1, o
- Page 150 and 151:
DONATELLO GRIECOVIRGEM (À), canto
- Page 152 and 153:
DONATELLO GRIECOBÉHAGUE, Gérard -
- Page 156:
FormatoMancha gráficaPapelFontes15