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ROTEIRO DE VILLA -LOBOS - Funag

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<strong>ROTEIRO</strong> <strong>DE</strong> <strong>VILLA</strong>-<strong>LOBOS</strong>Diante das crianças, o compositor dividia-se em dois comportamentos: apermanente ternura e o instinto da disciplina, básico para o aprendizado da arte.O menino Heitor, Tuhú na intimidade, ouvia boa música em casa e, narua, cantava cirandas com as crianças da vizinhança, no Catete, como cantariadepois em Minas Gerais, como ouviria cantar pelo Brasil todo, de norte a sul,nos brinquedos à noitinha, as rodas, a corda, os passarás-não-passarás, astrês Marias. Em seu tempo de menino, Villa-Lobos viveu todas asmanifestações folclóricas da infância brasileira e quis o destino que ele,guardando-as, no seu mais íntimo, nota por nota e palavra, por palavra, viessea tomar-se o rapsodo de coisas tão belas que teriam, de outra forma, perdidoseu lugar na memória nacional, diante da invasão de dissonâncias estrangeirase de guinchos detestáveis de rocks de todo gênero.Daí surgiram, ano após ano, as estilizações, as transposições, astransformações dos folguedos infantis do Rio, do norte e do sul, coros,bailados, rodas, modas, como as peças do Brinquedo de Roda, para piano,de 1912, com Tira o seu pezinho, À moda da Carranquinha (que Cascudoprefere chamar de Carranquinha), Uma Duas Argolinhas, Três Cavaleiros,Garibaldi foi à Missa, Vamos todos Cirandar. Ainda de 1912, Petizada,suíte para piano, com cantigas de roda. Em 18, na Prole do Bebê n o 1 parapiano, miniaturas em que se descrevem as bonecas, das de louça às bruxas;a Prole n o 2 já conta histórias mais elaboradas com baratinhas, gatinhos ecamundongos. As Cirandas para piano, de 1926, são brasileiríssimas, masde sucesso universal e integrarão, em 1932, os Guias Práticos, duas centenasde peças, das quais 136 são canções infantis. Outros arranjos para banda,outras danças, outros álbuns de modinhas e canções virão até 43.Mas é na década de 30 que Villa-Lobos assume a direção daSuperintendência da Educação Musical e Artística e convoca a juventudepara o canto orfeônico, com uma decisão e um entusiasmo em que envolve adisciplina de milhares de crianças, que com o regente aprendem ou recordamas cantigas que retomado nas noites do estio. Em 31 são 13.000 escolares,18.000 em 32, 30.000 em 35, 40.000 em 1940. Em todos esses gruposfrementes de alegria, alguém também canta com emoção não menor: é omenino do Catete, o Tuhú irmanado às crianças das escolas, de que não éapenas o instrutor de ritmos, mas também companheiro de folguedos.No caso, como disse o poeta, o menino foi o pai do homem. E muitosmilhares de crianças cantam hoje e cantarão amanhã as cantigas que Tuhúcantou e que Heitor Villa-Lobos passou para o papel com tanta ternura.33

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