DONATELLO GRIECOVilla-Lobos, “vem do infinito astral para, se infiltrar na terra como músicafolclórica e o fenômeno cósmico se reproduz no solo, subdividindo-se nasvárias partes do globo terrestre, com tendência a universalizar-se”. Para RenatoAlmeida, “as Bachianas Brasileiras constituem uma das mais significativasafirmações da música brasileira e nelas Villa-Lobos realizou o seu mais belopoema musical, de uma estrutura sólida e harmoniosa, e no qual a seivabrasileira palpita vigorosamente. Com uma noção de equilíbrio e umaserenidade, em que não há a geometria das fórmulas feitas, Villa-Lobos ésempre o mesmo artista, livre e sem compromissos, que tira do caos umaordem nova.” As Bachianas Brasileiras são concebidas com suítes, com,dois títulos: um é o da música barroca, outro é o da música popular brasileira,ao Prelúdio corresponde o Ponteio; à Aria, a Modinha, à Tocata, o Desafioe à Giga, a Quadrilha Caipira.Bachianas Brasileiras n o 1, para orquestra de violoncelos, dedicadaa Pablo Casals. Primeira audição em 13 de novembro de 1938, conjuntode oito violoncelos regido pelo autor. Três movimentos: Introdução(Embolada), em que Vasco Mariz identifica um ritmo vivo e humorísticoda canção, criando-se ao mesmo tempo o ambiente brasileiro e aatmosfera clássica; Prelúdio (Modinha) motivo sentimental; Fuga(Conversa), como que uma improvisação, composta, segundo o próprioVilla-Lobos, à maneira de Sátiro Bilhar, velho seresteiro carioca ecompanheiro boêmio do autor, que aí reconhece como que um diálogode quatro chorões, quase uma Fuga a quatro vozes. Para Eurico NogueiraFrança, a Bachiana nº 1 é “obra de marcada originalidade e singularbeleza, no conjunto da produção musical contemporânea”. RenatoAlmeida encontra aí “páginas de um lirismo transbordante, através demelodias saborosas e ardentes... o artista ágil vai criando uma músicaque volve às formas mais puras e espontâneas”. Para Menotti del Picchia,“a Fuga desdobra, na multiplicação contrapontada das suas vozes, nãomais o timbre dos trombones, dos violinos, dos celos, dos contrabaixos,mas um clangor de borés, um estrugir de inúbias, um troar heróico detrocanos, um tutucar de maracás! Não e mais o Bach místico das arcadasgóticas das catedrais onde o órgão sobe por uma escada de planosmusicais ate o celeste adito dos querubins e dos tronos, mas o tripúdiodos caciques e pajés, surpresas da vida bárbara e nascente que querromper as ogivas da floresta sufocante e verde para levar o clamor daterra ao esplendor claro e livre das estrelas.” Dados históricos: em Buenos80
<strong>ROTEIRO</strong> <strong>DE</strong> <strong>VILLA</strong>-<strong>LOBOS</strong>Aires, Bachiana nº 1 foi executada por 48 violoncelistas. E Franklin deOliveira informa que, em Zurique, regidos por Pablo Casas, nada menosde 108 violoncelistas executaram a obra.Bachiana Brasileira nº 2, para orquestra sinfônica, incluindo instrumentospopulares brasileiros: chocalho, reco-reco, ganzá, pandeiro, bombo, matraca,triângulo. O Prelúdio, a Ária e a Dança, com transcrição para violoncelo epiano. Primeira audição, 2 o Festival Internacional de Veneza, regente A.Casella. Quatro peças: Prelúdio (Canto do Capadócio), a fisionomia domalandro brasileiro, insinuante, ardiloso, vivo, melífluo.Ária (Canto da nossa Terra), onde a doçura das melodias populares seemparelha com o ambiente dos ritos afro-brasileiros; Dança (Lembrançado sertão), Tocata (O Trenzinho do Caipira). O último movimento, segundoAndré Kostelanetz, “é uma das mais belas e imaginativas páginas de Villa-Lobos... nós a admiramos tanto que a gravamos duas vezes, sendo que aúltima com a Filarmônica de Nova York completa.” Para Renato Almeida, OTrenzinho do Caipira “é toda a poesia do nosso interior, através domovimento chocalhante do comboio, que se transforma num canto líricodelicioso, que os violinos expressam.” Luís Heitor aponta “a marcharesfolegante da velha locomotiva a vapor em tom humorístico, ao contráriodo que fez Honegger na Pacific 231.”Bachiana Brasileira nº 4, inicialmente para piano solo, depois paraorquestra, em forma de suíte clássica. Quatro movimentos: Prelúdio(Introdução), estilo muito bachiano, muito brasileiro, contudo, na introduçãoque recorda as modinhas brasileiras do sertão; Coral (Canto do sertão),evocação dos cânticos religiosos do sertão, toadas nas romarias, ao fundo osom da araponga. É uma das obras mais inspiradas do mestre. Ária(Cantiga), marcha que lembra danças indígenas mestiças (como as DançasCaracterísticas Africanas, misto de música de Barbados e dos índiosAripunas); Dança (Mindinho), movimento muito vivo, com a melodia dedança popular brasileira de passos miúdos. A forma primitiva para piano édedicada a Tomás Terán, José Vieira Brandão, Sílvio Salema e AntonietaRudge Müller. A versão para orquestra teve sua primeira audição em 15 dejulho de 1942, pela Orquestra do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, regênciade Villa-Lobos.O Canto do Capadócio, Violoncelo e piano. Excerto da BachianaBrasileira n o 2. Primeira audição em janeiro 1915, Lucília ao piano e Villa-Lobos ao violoncelo.81
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