DONATELLO GRIECOe Guiomar Novais, a violinista Paulina d’Ambrosio, o barítono NascimentoFilho.De Ronald, Villa-Lobos comporia a música para os Epigramas Irônicose Sentimentais. Se Oswald foi menos chegado ao Maestro, Mário deAndrade com ele se identificou e pode dizer-se que desse entendimentosurgiram para a arte brasileira resultados de alta expressão.Os jornais e as revistas multiplicaram-se em reportagens e em comentárioscríticos: a repercussão na imprensa foi tão barulhenta quanto à própria músicano Municipal. O público paulistano foi sacudido pelo Maestro, pelosexecutantes e pela crítica. E foi a soma de todos esses fatores revolucionáriosque determinou a criação, em torno de Villa-Lobos, de um interesse muitoespecial. Ele passou o ser o centro de todas as rodas: e do entusiasmo dosmecenas, os Prados, os Guedes Penteados, e no Rio os Guinles, é que brotouo sentimento de que ali estava um criador excepcional a ser mostrado aomundo. A primeira viagem de Villa-Lobos a Paris nasceu da Semana de ArteModerna. Villa-Lobos diria, três décadas mais tarde, que em São Paulo,onde se lançara em 1822 o brado da Independência nacional, também foidado o primeiro grito de independência das nossas artes.É de justiça assinalar importância do mecenato exercido por paulistasem relação ao desenvolvimento de pesquisas musicais em todo o país. Máriode Andrade destacou sempre o interesse e a assistência material dos paulistasem benefício de quantos valores novos se projetassem no mundo das letras edas artes. E essa devoção paulistana não se limitou a conceder apoio à Semanade Arte Moderna: foi mais além, prestigiando caravanas de artistas,levantamentos etnográficos, coletâneas de textos de música indígena, demaneira a que, a partir de 1922, todo um vasto material pudesse ser colocadoà disposição dos centros de estudos especializados do país. Reconhecido aesses beneméritos, Villa-Lobos chamava D.Olívia Guedes Penteado de “NossaSenhora das Artes no Brasil”.*Graça Aranha e Ronald de Carvalho dão a Villa-Lobos o principal nosetor musical da Semana de Arte Moderna, em são Paulo: três espetáculosem 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922. Mário de Andrade congratula-secom a Paulicéia: “Felizmente nós temos hoje a imprevista genialidade deVilla-Lobos”. O Andrade louro, Oswald, não é tão categórico quanto oAndrade moreno, Mário. Seu poema O artista é uma caricatura de Villa-Lobos:56
<strong>ROTEIRO</strong> <strong>DE</strong> <strong>VILLA</strong>-<strong>LOBOS</strong>No primeiro concerto, a 2 a Sonata para violoncelo e piano, de 1916,executada por Alfredo Gomes e Lucília Villa-Lobos, o Trio nº 2, para violinoVioloncelo e piano, também de 1916, por Paulina d’Ambrosio, AlfredoGomes e Frutuoso Viana e, pelo pianista Ernani Braga, Valsa Mística (1917),Rhodante (1919) e A Fiandeira (1921). Ainda as Danças CaracterísticasAfricanas.No segundo concerto, a pianista Guiomar Novais executa O Ginete doPierrozinho; Frederico Nascimento Filho e Lucília Villa-Lobos apresentam,para canto e piano, Festim Pagão, Solidão e Cascavel. O 3º Quarteto deCordas, para dois violinos, alto e violoncelo (1916) é executado por Paulinad’Ambrosio e George Marinuzzi, Orlando Frederico e Alfredo Gomes.O terceiro concerto: peças para canto e piano, por Maria Ema e LucíliaVilla-Lobos - Lune d’Octobre, Voilà La vie, Jouis sans retard, car vites’écoule La vie - mais a 2 a Sonata para violino e piano, por Paulinad’Ambrosio e Frutuoso Viana, mais três solos de piano por Ernani Braga -Camponesa cantadeira, Num berço encantado e Dança Infernal; e aindao Quatuor (Quarteto simbólico), subtítulado Impressões da vida mundana,para flauta, saxofone, celesta e piano, com Pedro Vieira, Antão Soares, ErnaniBraga e Frutuoso Viana; e ainda mais o 3º Trio, para violino, violoncelo epiano, por Paulina d’Ambrosio, Alfredo Gomes e Lucília Villa-Lobos.Marcel Beaufils lembra, a propósito dos concertos de Villa-Lobos, abatalha parisiense do Hernani de Victor Hugo. Vaias, pateadas, rixas na rua,escândalo na imprensa.A crítica jovem não se intimida: “A música de Villa-Lobos é uma dasmais perfeitas expressões da nossa cultura. Palpita nela a chama da nossaraça, do que de mais belo e original há na raça brasileira” diz Ronald deCarvalho. E não menos entusiastas se mostram Francisco Braga e HenriqueOswald.Graça Aranha é o lider da campanha que promoverá a viagem de Villa-Lobos à Europa, aliciando mecenas em São Paulo e no Rio de Janeiro, PauloPrado e seu pai o Conselheiro Antônio Prado, Arnaldo e Carlos Guinle,Geraldo Rocha, Laurinda Santos Lobo, Olívia Guedes Penteado. Villa-Lobosdisse um dia a Vasco Mariz: “Eram tantos que, de gota em gota, me enchiamo papo.”Introduz-se no Congresso Nacional projeto de lei que autoriza a concessãode auxílio a Villa-Lobos, para que possa viajar à Europa. Gilberto Amado,que diria que nenhum brasileiro como Villa-Lobos “subiu tão alto no conceito57
- Page 1:
ROTEIRO DE VILLA-LOBOS
- Page 4 and 5:
Copyright ©, Fundação Alexandre
- Page 7 and 8: ApresentaçãoVilla-Lobos é uma pe
- Page 9: APRESENTAÇÃOruas, praças, edifí
- Page 12 and 13: DONATELLO GRIECOQuanto à rua, há
- Page 14 and 15: DONATELLO GRIECOHeitor Villa-Lobos
- Page 18 and 19: DONATELLO GRIECO1 9 0 1A música le
- Page 20: DONATELLO GRIECO*Catulo da Paixão
- Page 23 and 24: ROTEIRO DE VILLA-LOBOSVilla-Lobos a
- Page 25: ROTEIRO DE VILLA-LOBOSpara coro e o
- Page 28 and 29: DONATELLO GRIECOO “Curso de Vince
- Page 30 and 31: DONATELLO GRIECOe Elisa (1910). Pri
- Page 33 and 34: ROTEIRO DE VILLA-LOBOSDiante das cr
- Page 35 and 36: ROTEIRO DE VILLA-LOBOSregência de
- Page 38: DONATELLO GRIECO1 o Quarteto de Cor
- Page 43: ROTEIRO DE VILLA-LOBOSpoeta dos Epi
- Page 46: DONATELLO GRIECOmeio resistentes. E
- Page 50 and 51: DONATELLO GRIECO“uma das peças d
- Page 52 and 53: DONATELLO GRIECOpiano... obra de um
- Page 54 and 55: DONATELLO GRIECO“insuportavelment
- Page 58 and 59: DONATELLO GRIECOdo mundo, nenhum de
- Page 60 and 61: DONATELLO GRIECORubinstein e Vera,
- Page 62 and 63: DONATELLO GRIECOO panorama de Paris
- Page 64 and 65: DONATELLO GRIECOséculo, data de 19
- Page 66 and 67: DONATELLO GRIECOOs concertistas inc
- Page 68 and 69: DONATELLO GRIECOrelativamente peque
- Page 70 and 71: DONATELLO GRIECOArnaldo Estrella, a
- Page 72 and 73: DONATELLO GRIECO1 9 2 7De novo em P
- Page 74 and 75: DONATELLO GRIECOcarimbós escavados
- Page 76 and 77: DONATELLO GRIECO21 de outubro de 19
- Page 78 and 79: DONATELLO GRIECOa seu desejo, mesmo
- Page 80 and 81: DONATELLO GRIECOVilla-Lobos, “vem
- Page 82 and 83: DONATELLO GRIECOO Canto da Nossa Te
- Page 84 and 85: DONATELLO GRIECOfatos concretos. Na
- Page 86 and 87: DONATELLO GRIECOcomposições, ocas
- Page 88 and 89: DONATELLO GRIECOCanção Marcial, c
- Page 90 and 91: DONATELLO GRIECOGuia Prático (Álb
- Page 92 and 93: DONATELLO GRIECOMoteto, arranjo de
- Page 94 and 95: DONATELLO GRIECOO Canto do Pajé, m
- Page 96 and 97: DONATELLO GRIECOCanção de José d
- Page 98 and 99: DONATELLO GRIECO1 9 3 5Viagem de Vi
- Page 100 and 101: DONATELLO GRIECOprincipal de sua at
- Page 102 and 103: DONATELLO GRIECO1937, com coro de m
- Page 104 and 105: DONATELLO GRIECO1947, solista Hilda
- Page 106 and 107:
DONATELLO GRIECOcom um brilho diver
- Page 108 and 109:
DONATELLO GRIECOCanção da Imprens
- Page 110 and 111:
DONATELLO GRIECONossa América, cor
- Page 112 and 113:
DONATELLO GRIECOa Segunda Sinfonia,
- Page 114 and 115:
DONATELLO GRIECOQuadrilha das Estre
- Page 116 and 117:
DONATELLO GRIECOMadona (poema sinf
- Page 118 and 119:
DONATELLO GRIECOBrennan e H. Curran
- Page 120 and 121:
DONATELLO GRIECOHomenagem a Chopin,
- Page 122 and 123:
DONATELLO GRIECOcoração dos homen
- Page 124 and 125:
DONATELLO GRIECOao piano, José Bot
- Page 126 and 127:
DONATELLO GRIECOVilla-Lobos é semp
- Page 128 and 129:
DONATELLO GRIECOWagner assim se ref
- Page 130 and 131:
DONATELLO GRIECORoss, regente Villa
- Page 132 and 133:
DONATELLO GRIECOAlém de numerosas
- Page 134 and 135:
DONATELLO GRIECOTotal dos discos li
- Page 136 and 137:
DONATELLO GRIECOAVE MARIA n o 6, ca
- Page 138 and 139:
DONATELLO GRIECOCANTO DO NATAL, cor
- Page 140 and 141:
DONATELLO GRIECODOBRADO PITORESCO,
- Page 142 and 143:
DONATELLO GRIECOHISTÓRIA DE PIERRO
- Page 144 and 145:
DONATELLO GRIECOMINHA TERRA, arranj
- Page 146 and 147:
DONATELLO GRIECOPRO PACE, para band
- Page 148 and 149:
DONATELLO GRIECOSINFONIETA N o 1, o
- Page 150 and 151:
DONATELLO GRIECOVIRGEM (À), canto
- Page 152 and 153:
DONATELLO GRIECOBÉHAGUE, Gérard -
- Page 156:
FormatoMancha gráficaPapelFontes15