DONATELLO GRIECO“uma das peças de mais penetrante espontaneidade de inspiração, das maisfelizes e encantadoras do nosso repertório pianístico... cristaliza a especialdolência e o langor poético que existem na sensibilidade musical brasileira.”Choros - O primeiro é de 1920. Villa-Lobos afirmou ter escrito os Choros“propositadamente como uma produção instintiva da ingênua imaginação dostipos musicais populares, para servir de simples ponto de partida e alargar-seproporcionalmente, mais tarde, na forma, na teoria, na estrutura, na classe enos casos psicológicos que encerram todos esses gêneros de música”. Aindade Villa-Lobos: “O tema principal, as harmonias e modulações, apesar de puracriação, são moldados em frequências rítmicas e fragmentos celulares melódicosdos cantores e tocadores populares de violão e piano, como Sátiro Bilhar,Ernesto Nazaré e outros. O Choros é a música popular. No Brasil, Choros,como se pode dizer samba ou outra coisa, são sempre músicos que tocam,músicos bons ou maus, que tocam como bem lhes apraz, frequentemente ànoite, que fazem improvisações em que o músico mostra sua vocação, suatécnica. E isso é sempre muito sentimental, eis a questão! ...Todos tocam comseu coração, sem regras, sem nada, a liberdade do ar! É muito bonito! ...Comecei(os Choros) com o violão, fiz algo típico. Depois fiz um gênero de música decâmara muito pretensioso... A improvisação, a fonte da alma pura, etc... naforma de música de câmara. Então fiz a síntese dos efeitos, a síntese da técnica...Em suma, uma nova forma de composição musical, em que são sintetizadosdiferentes tipos do folclore musical brasileiro e índio, tendo como seus principaiselementos rítmicos melodias de caráter popular... peças construídas segundouma forma técnica especial, baseada nas manifestações sonoras dos hábitos ecostumes dos nativos brasileiros, assim como nas impressões psicológicas quetrazem certos tipos brasileiros, extremamente marcantes e musicais”. Villa-Lobosdeclarou ter aproveitado “as formas musicais do Poema Sinfônico, da Sinfonia,da Rapsódia, da Serenata clássica, do Concerto e da Fantasia, mas sem nenhummodelo, absoluto e rígido, de forma”. De Luís Heitor Corrêa de Azevedo:“Villa-Lobos evoca, nos Choros, com uma espantosa mestria, todos oselementos do gênero popular. Mas vai mais longe. Propõe-se interpretarmusicalmente o Brasil; evocar não apenas a arte dos nossos músicos populares,que tão bem assimilara, mas também todas as outras modalidades de expressãomusical desse país de dimensões continentais: a música dos índios e dos negros;a dos vaqueiros, dos pescadores, dos remeiros e dos mendigos; e até mesmoos cantos dos pássaros, os mil ruídos da natureza, a luz do sol, as cores e osperfumes da terra.”50
<strong>ROTEIRO</strong> <strong>DE</strong> <strong>VILLA</strong>-<strong>LOBOS</strong>Choros n o 1. Para violão, dedicado a Ernesto Nazaré. Diz Turíbio Santos:“Choros n o 1 corresponde perfeitamente à forma tradicional popular.” SegundoTuríbio Santos, Villa-Lobos foi “um dos fundadores de um certo tipo deviolão brasileiro, o seu repertório para violão tem um peso como o de Chopinpara piano.”Bailado Infernal, para piano solo. Excerto do segundo ato da óperaZoé.Historieta, para canto e piano. Também para canto e orquestra. Poesiasem português e em francês: Ribeiro Couto, Ronald de Carvalho, ManuelBandeira, Albert Samain. A crítica identifica influência debussysta. Primeiraaudição integral em 21 de outubro de 1921, solista Maria Ema Guimarães.Seis peças: Solitude, Lune d’Octobre, Le Petit Peloton de Fil, Hermioneet les Bergers, Jouis sans retard, car vite s’écoule la vie e le Marché.A Caminho da Reza (entrada, Marcha n o 8). Primeira audição no TeatroMunicipal de São Paulo, em 10 de novembro de 1922.1 9 2 1Rudepoema, para piano. Primeira audição: Paris, 27 de outubro de 1927.Solista, Arthur Rubinstein, a quem a peça é dedicada da seguinte forma: “Meusincero amigo. Não sei se pude assimilar inteiramente tua alma com esteRudepoema, mas juro, de todo o meu coração, que tenho a impressão de tergravado teu temperamento, que o escrevi maquinalmente como uma Kodakíntima. Por consequência, se assim resultar, serás sempre o verdadeiro autordesta obra.” Também para orquestra, primeira audição em 15 de julho de1942, Orquestra do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, regência de Villa-Lobos. Autocrítica de Villa-Lobos: “...Incontestável unidade de estrutura,apesar da forma livre em relação à construção, estética tradicional... obraeclética na estrutura técnica e científico-musical... Rudepoema tornou-se rude,brutal e bárbaro, embora repleto de música de sons livres, como a exuberânciadas tempestades das florestas brasileiras.” Opinião de Sousa Lima: “...obragrandiosa... revela uma inventiva que atinge culminância inconcebível ...estárealizada com tais possibilidades, com tal profusão de elementos, com talvariedade de atmosfera, com tal grandiosidade sonora, que o piano se nosafigura pequeno para produzir tão grande avalanche de sons.” Para EuricoNogueira França Rudepoema é “a composição pianística de maior fôlego deVilla-Lobos, e que avulta, mesmo, no quadro da literatura moderna para51
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