DONATELLO GRIECORubinstein e Vera, Villa-Lobos seria apresentado ao mundo das artes. DeniseCools aproximá-lo-ia do editor Max Eschig.Muitos brasileiros residentes em Paris, Victor Brecheret, Anita Malfatti,Souza Lima, o violinista Mario Camerini, a pianista Maria Antônia de Castro:ligados, todos, a Tarsila do Amaral, em cuja casa se reúnem frequentemente.Paris abrigava também pintores brasileiros que haviam alcançado o Prêmiode Viagem: Henrique Cavaleiro e Galdino Guttmann Bicho, que voltariam aoBrasil com bagagem renovadora.Aos jornalistas que o recebem, diz Villa-Lobos: “Não vim aprender, vimmostrar o que fiz”.Amigos de Villa-Lobos em Paris: o violinista Tristan Klingsor, FlorentSchmitt, Paul Le Flem, Vincent d’Indy, ao mesmo tempo conselheiro e guia,o crítico René Dumesnil, o maestro Leopold Stokovsky.Em suas tournées pelos Estados Unidos, a partir de 1944, Villa-Loboscontaria com a companhia constante de Stokovsky e regeria o Choros n o 6na Orquestra Filarmônica de Nova York. Foi nessa ocasião que Stokovskyse casou com a milionária Glória Vanderbilt, a cuja casa o maestro levouVilla-Lobos e Mindinha mais de uma vez.Ainda mesmo que os historiadores hajam indicado o fim da PrimeiraGuerra Mundial como o marco do esfacelamento da chamada belle époque,na verdade ainda havia em Paris, em 1923, quando ali chega Villa-Lobos,muito da atmosfera fútil anterior a 1914. Fútil e artificial, mas também jápenetrada de fortes ventos de renovação cultural, social e política.A literatura ainda é muito dominada por André Gide, por Anatole France,por Pierre Loti. Os poetas são os vanguardeiros das novas escolas criadoras,Cocteau o mais ousado de todos, Claudel talvez o mais apegado (mesmoque declare o contrário) a certos padrões tradicionais, mas os mais destinadosa permanecer nas estantes serão mesmo Mallarmé, Apollinaire, Max Jacob,Francis Jammes, Paul Eluard.A influência que todos esses poetas exerceram sobre o Simbolismo emPortugal e no Brasil dá bem uma ideia de sua supremacia na década de 20,em que Villa-Lobos viveu em Paris, em duas etapas.Picasso, Braque, Matisse e Miró dominam as artes plásticas, ruidosos,aguerridos contra o Impressionismo. Braque (“Amo a regra que corrige aemoção”) cria os cenários para Les Fâcheux Ballets de Diaghilev, sobremúsica de Auric (1923); os cenários para o ballet Salade, de Milhaud (1924)e os cenários e figurinos para o ballet Zéphyre et Flore, de Diaghilev (1925)60
<strong>ROTEIRO</strong> <strong>DE</strong> <strong>VILLA</strong>-<strong>LOBOS</strong>ainda é poderoso o influxo dos bailados que Diaghilev trouxe a Paris e quetiveram momento glorioso em 1913, com a encenação, da Sagração daPrimavera, de Stravinsky.Reencontrando, em Paris, Darius Milhaud, que conhecera intimamenteno Rio de Janeiro a partir de 1917, Villa-Lobos é naturalmente levado aacompanhar dia e noite o movimento do Grupo dos Seis, formado em 1918sob a inspiração meio truculenta de Jean Cocteau, porta-estandarte dacampanha que tinha como lema a reação a Debussy, Fauré e Ravel. O Grupodos Seis, como todos os grupos dessa natureza, contava com grandes nomes(e com nomes menos importantes) Milhaud, Honegger, Poulenc, Tailleferre,Durey e Auric.A partir de 23, Villa-Lobos está presente aos numerosos eventos emque os Seis oferecem suas criações ao público: os ballets de Milhaud, seuBoi no telhado e suas Saudades do Brasil sua ópera O Pobre Marinheiro,com libreto de Jean Cocteau suas Sonatas e Sinfonias. As obras de Honegger,entre elas, mais destacada, a Pacific “231” (1924), seus Concertos, Sonatase Quartetos. Os ballets e concertos de Poulenc, o mais novo do Grupo, queem 24 estreia seu ballet As corças, no conjunto de Diaghilev e, em 29 umConcerto campestre, para piano e orquestra, alem de Alvorada, concertocoreográfico para piano e dezoito instrumentos; e Auric, também muito ligadoa Cocteau, do Cocteau cujo nome aparece sempre nessa fase.Experiência única para Villa-Lobos, que pode acompanhar os bailadosde Stravinsky e todos os recitais dos Seis sem nem por isso deixar de penetrara fundo na obra dos três grandes da geração anterior: Fauré, que, por suavez também reagira com Debussy ao romantismo wagneriano; Fauré que,nomeado, em 1905, diretor do Conservatório, ali demolira toda uma igrejinhade mestres retrógrados, convocando Debussy e Vincent d’Indy, para proveitode alunos que se chamavam Louis Aubert, Florent Schmitt, Georges Enescoe Maurice Ravel. Debussy, que em 1923 já completara 60 anos e continuavaproduzindo, objeto de contradições da crítica, Debussy em quem CharlesDu Bos enxergou “a própria essência do gênio francês”, em quem Paul Dukasassinalou não “a violação perpétua das regras”, mas “a extensão genial dosprincípios”. Ravel, glorioso em 1924, que em 1928 comporia a sua peça deprojeção universal, Bolero, por encomenda de Ida Rubinstein, Ravel tambémendeusado e atacado pela crítica, pois ao mesmo tempo em que André Suarèsvia nele a perfeição, Roland Manuel nele identificava apenas “uma estética daimpostura”.61
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