CARACTERIZAÇÃO DAS REAÇÕES TRANSFUSIONAIS OCORRIDAS NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO GETÚLIO VARGAS, AMAZONAS, BRASIL, NO PERÍODO DE 2001 A 2003INTRODUÇÃOOBJETIVOA transfusão de sangue consiste na administraçãodo sangue de um indivíduo doadorpara um indivíduo receptor. Esse procedimentopõe os antígenos do doador, sejam antígenos dasmembranas celulares ou antígenos plasmáticos,em contato com o sistema imunológico (anticorpos)do receptor, levando a reações do sistemaimunológico do receptor da transfusão, que podemresultar em efeitos indesejáveis à transfusão.Esses resultados indesejáveis são chamados dereações transfusionais ou incidentes transfusionais.1O propósito fundamental de uma agênciatransfusional é assegurar uma terapia de transfusãoefetiva e livre de quaisquer efeitos indesejáveis.Entretanto, vidas ainda têm sido perdidascomo conseqüência de reações transfusionais. NoBrasil, segundo dados da Agência Nacional deVigilância Sanitária, 2 não se conhece a freqüênciareal desses incidentes transfusionais, sejam elesinerentes à terapêutica, decorrentes de má indicaçãoe do uso dos produtos sangüíneos, ou defalhas no processo durante o ciclo do sangue. Daía necessidade de se investigar, identificar e notificarde forma sistemática as reações transfusionaisa fim de que possam ser introduzidas medidascorretivas e preventivas.Diante deste complexo quadro que envolvea prática transfusional, aliada ao fato de que oEstado do Amazonas possui dados incipientesreferente às reações transfusionais, o presente estudopropôs caracterizar as reações ocorridas no<strong>Hospital</strong> Universitário Getúlio <strong>Vargas</strong> – <strong>HUGV</strong>,da cidade de Manaus, Brasil, no período de 2001a 2003 por meio da avaliação dos relatórios dereação transfusional e livros de registro do bancode dados da Agência Transfusional do hospital.Sabe-se que o conhecimento das ocorrências dasreações transfusionais é de grande valor no campoda orientação clínica e laboratorial, prevenindoo aparecimento ou recorrência de reaçõestransfusionais imediatas ou tardias e levando auma maior segurança e eficácia transfusional.Descrever as principais reações transfusionaisocorridas no <strong>Hospital</strong> Universitário Getúlio<strong>Vargas</strong> – <strong>HUGV</strong>, da cidade de Manaus, Brasil,no período de 2001 a 2003, por meio de levantamentode dados.CASUÍSTICAO levantamento dos dados foi realizadopelas informações obtidas do banco de dados daAgência Transfusional do <strong>HUGV</strong> e da avaliaçãode todos os relatórios de reação transfusional edos livros de registro de transfusão sangüínea,com ênfase nos resultados dos testes imunohematológicosda investigação transfusional e aoparecer conclusivo fornecido pelo Hemocentro doAmazonas – Hemoam. O levantamento da reaçãotransfusional foi baseado no número de suaocorrência em relação ao número de unidadestransfundidas no mesmo período. Este estudo foiaprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa daUniversidade Federal do Amazonas.Para a caracterização das reações transfusionaisfoi avaliado o tipo de reação transfusionalocorrida de acordo com a sua natureza e omomento da instalação. Considera-se reaçãotransfusional do tipo imediato (aguda) aquelaocorrida durante a transfusão ou em até 24 horase reação do tipo tardio aquele que ocorre após24 horas da transfusão realizada. As reaçõestransfusionais do tipo imediata (aguda) estão envolvidascom: reação hemolítica aguda, reaçãofebril não hemolítica, reações alérgicas, sobrecargavolêmica, contaminação bacteriana, edemapulmonar não cardiogênico, reação hipotensivae hemólise não imune. E as do tipo tardia estãoenvolvidas com: reação hemolítica tardia, doençaenxerto-vs-hospedeiro, púrpura pós-transfusional,aparecimento de anticorpos irregulares/isoimunização, hemossiderose e doençastransmissíveis por vírus, bactérias e parasitas. Estaclassificação segue os critérios do Ministério daSaúde/Anvisa 2 .12revistahugvhugv – <strong>Revista</strong> do <strong>Hospital</strong> Universitário Getúlio <strong>Vargas</strong>v. 5. n. 1-2 jan./dez. – <strong>2006</strong>
MIHARU MAGUINORIA MATSUURA MATOS, RIVALDO CASTRO VILAR, YVELISE FERREIRA, RENEIDE DE PINHEIRO, MARIA ELIZETE DE ALMEIDARESULTADOSForam analisados os resultados de 21.289transfusões de sangue, no período de janeiro de2001 a dezembro de 2003, sendo 9.016 (42,35%)de concentrado de hemácias (CH), 7.990 (37,53%)de concentrado de plaquetas (CP), 3.221 (15,12%)de plasma fresco congelado (PFC), 644 (3,02%)de crioprecipitado e 418 (1,96%) de plasma preservado(PP). A Tabela 1 apresenta a distribuiçãodos hemocomponentes transfundidos no <strong>HUGV</strong>de acordo com o ano estudado.Tabela 1 – Distribuição dos hemocomponentes e derivadostransfundidos no <strong>HUGV</strong> de acordo com o anoestudadoHemocomponentese derivadosCHPFCPPCPCriopreciptadoTotal20013.2231.2801673.6842008.554Ano20012.714799752.3671626.11720033.0791.1421761.9392826.618TotalTransfundido9.0163.2214187.99064421.289CH = Concentrado de hemácias; PFC = Plasma Fresco Congelado; PP = Plasma Preservado;CP = Concentrado de PlaquetasNeste estudo, das 21.289 transfusões realizadas,21 desencadearam reação transfusional,caracterizando uma freqüência de 0,10%, sendo11 (52%) do sexo feminino e 10 (48%) do sexomasculino. A média de reação transfusional notificadafoi de uma reação transfusional a cadadois meses. A análise estatística da ocorrência dereação transfusional de acordo com o ano nãoapresentou diferença estatisticamente significante(p>0.05). A Tabela 2 demonstra a freqüência dereação transfusional com base no número de unidadestransfundidas por ano.Tabela 2 – Freqüência de reação transfusional ocorridasno <strong>HUGV</strong> em relação ao número de transfusões realizadaspor anoAno200120022003TotalN.º de Transfusõesrealizadas8.5546.1176.61821.289 (100%)Sem reaçãoTransfunsional8.5486.1096.61121.268 (99,9%)Com reaçãoTransfunsional68721 (0,1%)Das vinte e uma (0,10% das transfusões)reações transfusionais ocorridas, dezenove (90,4%das reações – 0,09% das transfusões) estavamenvolvidas com a transfusão de CH, uma (4,8%das reações – 0,005% das transfusões) com PFC euma (4,8% das reações – 0,005% das transfusões)com CP. A Tabela 3 demonstra a distribuição doshemocomponentes transfundidos em relação aonúmero de reação transfusional ocorrido.Tabela 3 – Distribuição dos hemocomponentes e derivadostransfundidos no <strong>HUGV</strong> em relação ao número dereação transfunsional ocorrido.Hemocomponentese derivadosCHPFCPPCPCriopreciptadoTotalTotal transfundido9.0163.2214187.99064421.289Reaçãotransfusional191-1-21CH = Concentrado de hemácias; PFC = Plasma Fresco Congelado; PP = Plasma Preservado;CP = Concentrado de PlaquetasO CH foi responsável por dezenove reaçõestransfusionais (90,4% das reações – 0,09%das transfusões), ocorridas no <strong>HUGV</strong>, sendo quedezessete (89,5% das reações – 0,08% das transfusões)foram do tipo imediato (aguda) e duas(10,5% das reações – 0,01% das transfusões) dotipo tardio, como mostra a Figura 1.REAÇÕES POR CONCENTRADO DEHEMÁCIAS10,5%89,5%Reação agudaReação tardiaFigura 1 – Tipos de reação transfunsional ocorridos pelo uso de concentradode hemáciasObservou-se que das dezessete reaçõestransfusionais do tipo imediata (89,5% das rea-revistahugvhugv – <strong>Revista</strong> do <strong>Hospital</strong> Universitário Getúlio <strong>Vargas</strong>v. 5. n. 1-2 jan./dez. – <strong>2006</strong>13
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