AVALIAÇÃO CLÍNICO-CIRÚRGICA DOS PACIENTES SUBMETIDOS À RESSECÇÃO PULMONAR POR BRONQUIECTASIASINTRODUÇÃOA bronquiectasia é uma doença caracterizadapela dilatação e distorção irreversível dosbrônquios em decorrência da destruição doscomponentes elástico e muscular de sua parede. 1Sua patogenia está relacionada à agressãoinfecciosa e deficiência na depuração dassecreções brônquicas, associada à resposta imunedeficiente do hospedeiro que promove aperpetuação do processo inflamatório local composterior destruição da parede brônquica. 2Nos países com um alto índice de doençasinfecciosas a possibilidade da ocorrência debronquiectasias é maior, pois, além da agressãopulmonar ocasionada pelo processo infeccioso, háo fator de defesa do hospedeiro, usualmentealterados por problemas de desnutrição. Assim,no Primeiro Mundo, as bronquiectasias sãogeralmente decorrentes de doenças congênitas ouhereditárias e nos países em desenvolvimentocausadas por processos infecciosos. 3Várias infecções pulmonares têm sidoassociadas ao desenvolvimento da bronquiectasia.Alguns indivíduos com provável infecção viral,ou por micoplasma, desenvolvem infecçõesrespiratórias repetidas e bronquiectasias. Além dalesão tecidual direta, as seqüelas das infecçõestuberculosas podem incluir linfadenopatia caseosaem torno dos brônquios ou vias aéreaslesionadas, que predispõe a colonização bacterianae, conseqüentemente, a bronquiectasia. 4Nos achados clínicos, com freqüência, ospacientes relatam acessos constantes de«bronquite» que exigem séries repetidas deantibioticoterapia. Na maioria dos pacientes ossinais e sintomas consistem em tosse diáriaprodutiva de escarro mucopurulento, hemoptiseintermitente, pleurisia e dispnéia. 5As principais indicações e objetivos dacirurgia na bronquiectasia consistem na remoçãodo pulmão destruído parcialmente, eliminandoos episódios infecciosos, eliminando a produçãosubstancial de escarro purulento e eliminação dasvias aéreas bronquiectásicas que causamhemorragias e abrigam microrganismos resistentes.6O tratamento cirúrgico se baseia emalgumas premissas: doença com distribuiçãosegmentar ou lobar e unilateral; sintomaspersistentes ou recorrentes, quando o tratamentoclínico é interrompido e hemoptise importante.Algumas séries de casos estudados, nos últimos30 anos, mostram uma morbidade de 3-33% euma letalidade de 0,4-8,3%. 7O objetivo imediato da extirpação cirúrgicaé a remoção dos segmentos ou lobos maiscomprometidos, com preservação das áreas nãosupurativas ou sem sangramento. Ressecções doslobos médio e inferior são realizadas com maiorfreqüência. As complicações são empiema,hemorragia, escape de ar prolongado e expansãoinsuficiente do pulmão remanescente em funçãoda atelectasia persistente ou supuração. 8A nossa região é uma área endêmica emtuberculose, com muitos pacientes com seqüelaspulmonares passíveis de tratamento cirúrgico, eem doenças infecciosas, o que determina umgrande número de pacientes candidatos à cirurgiapara o tratamento de bronquiectasias. Portanto,o objetivo deste trabalho é a avaliação clínica ecirúrgica dos pacientes submetidos ao tratamentocirúrgico de bronquiectasias no Serviço deCirurgia Torácica.CASUÍSTICA E MÉTODOTrata-se de um de estudo retrospectivo pormeio da revisão de prontuário dos pacientesoperados no <strong>Hospital</strong> Sociedade Beneficente Portuguesa(SBP) e <strong>Hospital</strong> Universitário Getúlio<strong>Vargas</strong> (<strong>HUGV</strong>), no período de janeiro de 1993 adezembro de 2003, de ambos os sexos, com odiagnóstico de bronquiectasia.O critério de exclusão utilizado foiausência de informação nos prontuários queimpossibilitava o preenchimento do protocoloutilizado no estudo. O trabalho foi submetido eaprovado pelo Comitê de Ética da UniversidadeFederal do Amazonas.18revistahugvhugv – <strong>Revista</strong> do <strong>Hospital</strong> Universitário Getúlio <strong>Vargas</strong>v. 5. n. 1-2 jan./dez. – <strong>2006</strong>
FERNANDO LUIZ WESTPHAL, LUIZ CARLOS LIMA, JOSÉ CORREA DE LIMA NETTO, CINTIA TEIXEIRA SOARES, BRENA LUIZE FERREIRAA revisão dos prontuários permitiu opreenchimento de um protocolo com os seguintesitens: perfil epidemiológico; diagnóstico préoperatório,etiologia; tipo de bronquiectasia, tipode ressecção cirúrgica, tempo de permanência naUTI, tempo para a retirada de dreno torácico,complicações, tempo de internação e óbito.Os dados foram analisados por meio deanálise estatística descritiva para as variáveis.Para avaliar a associação entre as variáveis foiutilizado o teste do qui-quadrado com nível de5% de significância.CONDUTA DO SERVIÇO DE CIRURGIATORÁCICAA cirurgia mais comumente realizada é alobectomia com ligadura em seqüência da artéria,veia e brônquio. Sempre utilizamos a ligaduradupla dos vasos, com a segunda ligaduratransfixante com seda 3-0. O brônquio é suturadocom fio absorvível 4-0, com sutura em figura de8. Para as lobectomias inferiores utilizamos umdreno pleural e para as superiores utilizamos doisdrenos pleurais.Normalmente o pós-operatório é realizadona Unidade de Terapia Intensiva no primeiro diade pós-operatório e após o paciente é enviadopara a enfermaria de Cirurgia Torácica.RESULTADOSAs indicações para o tratamento debronquiectasias são a infecção pulmonar derepetição e a hemoptise. Uma vez que o pacienteé atendido no Ambulatório, é solicitado umainterconsulta com o Serviço de Pneumologia paraa maximização do tratamento clínico nos casosde infecção pulmonar. Em caso de processosinfecciosos ativos dos seios nasais ou na cavidadeoral com acometimento dos dentes ou gengiva, opaciente é encaminhado para tratamento antesda cirurgia.A prova de função pulmonar segue asorientações baseadas nos achados espirométricose naqueles casos de função pulmonar limítrofe,indicamos a realização da cintilografia pulmonarqualitativa e quantitativa para determinar o graude função pulmonar remanescente no pósoperatório.Com esta conduta conseguimosavaliar adequadamente cerca de 90% dospacientes candidatos a cirurgia.A anestesia sempre é realizada comentubação seletiva, com tubo de dupla luz.Quando há dificuldade para tal, realizamos aentubação seletiva com tubo simples orientadopor broncoscopia. Em dois casos desta sérieoperamos o paciente em posição de Overholt –decúbito ventral – para evitar a aspiração desecreção contralateral. É utilizado a antibioticoterapiaprofilática na indução anestésica.Foram analisados os prontuários de 70pacientes submetidos à ressecção pulmonar porbronquiectasia. Houve predominância do sexofeminino (66,6%) e a idade média foi de 43,6 anos.O fator etiológico mais freqüentementeencontrado neste trabalho foi a seqüela de tuberculose(34,2%), seguido de processos infecciosos(Tabela 1). Observa-se um grande número decasos em que não foram identificados a etiologia,alguns devem ser decorrentes da impossibilidadede definir a etiologia com as informações dopaciente.Tabela 1 – Etiologia e tipo de bronquiectasias nos pacientessubmetidos à ressecção pulmonarEtiologiaTurbeculoseInfecçãoRespiratóriaDiscinesiaCiliarSinusiteCorpo estranhoNão identificadaTotalLocalizadan %1952--214740,410,64,2--44,7100multissegmentarn531111223%40,410,64,2--44,7100Quanto ao tipo de bronquiectasia, localizadaou multissegmentar, observa-se umapredominância do tipo localizada (67,1%) quandocomparado com a multissegmentar. Os sinais erevistahugvhugv – <strong>Revista</strong> do <strong>Hospital</strong> Universitário Getúlio <strong>Vargas</strong>v. 5. n. 1-2 jan./dez. – <strong>2006</strong>19
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