AVALIAÇÃO CLÍNICO-CIRÚRGICA DOS PACIENTES SUBMETIDOS À RESSECÇÃO PULMONAR POR BRONQUIECTASIASsintomas mais freqüentes nesta amostra foram ahemoptise (54,3%), a tosse (38,5%) e a infecçãode repetição (11,4%) (Tabela 2).Tabela 2 – Sinais e sintomas em pacientes submetidos àressecção pulmonar por bronquiectasia com e semturbeculoseSinais e SintomasHemoptiseTosse produtivaInfecção respiratóriaRefluxo gastroesofágicoEmagrecimentoETIOLOGIATurbeculose Não turbeculose17 (24,3%)9 (12,9%)3 (4,3%)0 (0%)1 (1,4%21 (30,0%)18 (25,7%)5 (7,1%)1 (1,3%)0 (0%)Quanto ao tratamento cirúrgico, os tiposde ressecções realizadas foram assim distribuídos:lobectomia 72,6%, bilobectomia em 9,6%,lobectomia média mais lingulectomia em 6,8%,pneumectomia em 5,5%, segmentectomia em2,7%, lobectomia superior esquerda maislobectomia média em 1,4% e lobectomia médiamais lobectomia inferior em 1,4% dos pacientes(Tabela 3). Observa-se um número maior deressecções em relação ao número de casos, poistrês pacientes realizaram mais de uma cirurgiapara ressecção pulmonar para o tratamento debronquiectasias.torácica, febre e hipertensão arterial sistêmicatambém em 1 paciente (Tabela 4).Tabela 4 – Complicações ocorridas nos pacientes operadosTIPOSFuga aéreaPneumoniaSangramentoCoágulo intrapleuralHematoma de paredeHASEmpiemaDor torácicaFebreTotalNº de complicações94322211125%12,35,44,22,72,72,71,41,41,434,2As complicações pós-operatórias forammais evidentes nos pacientes sem passado de tuberculosequando comparado aos pacientes compassado de tuberculose, porém este dado não foiestatisticamente significante (p=0,96) (Tabela 5).Tabela 5 – Complicações pós-operatórias com relação àetiologiaComplicaçõesSemComTotalETIOLOGIATBNão TB15 (34,1%) 29 (65,9%)9 (34,6%) 17 (65,4%)24 (34,3%) 46 (65,7%)Total44 (100%)26 (100%)70 (100%)Tabela 3 – Tipos de ressecção pulmonar utilizadaTIPOS DE RESSECÇÃOTiposNº deressecção%Não houve diferença significativa quantoàs complicações pós-operatórias entre as bronquiectasiaslocalizadas e as segmentares (p= 0,81)(Tabela 6).LobectomiaBilobectomiaLobectomia média mais lingulectomiaPneumectomiaSegmentectomiaLobectomia sup. Esq. mais Lobectomia médiaLobectomia média mais Lobectomia inferiorTotal537542117372,69,66,85,52,71,41,4100Tabela 6 – Complicações pós-operatórias com relação àlocalizaçãoLocalizaçãoComplicaçãoTotalLocalizada 30 (63,8%) 17 (36,2%) 47 (100%)Multissegmentar 14 (60,9%) 9 (34,1%) 23 (100%)Total44 (62,9%) 26 (37,1%) 70 (100%)Observamos complicações em 34,2% dospacientes, sendo as mais comuns o escape aéreoem 9 pacientes, pneumonia em 4, sangramentoem 3, coágulo intrapleural em 2, hematoma deparede em 2 pacientes, empiema em 1, dorForam encontradas doenças associadas em18% dos pacientes, dentre elas: sinusite, asma,hipertensão e miastenia gravis. O tempo médioda cirurgia foi de 287 minutos (4,7h), o tempopara a retirada do dreno torácico foi de 4,4 dias e20revistahugvhugv – <strong>Revista</strong> do <strong>Hospital</strong> Universitário Getúlio <strong>Vargas</strong>v. 5. n. 1-2 jan./dez. – <strong>2006</strong>
FERNANDO LUIZ WESTPHAL, LUIZ CARLOS LIMA, JOSÉ CORREA DE LIMA NETTO, CINTIA TEIXEIRA SOARES, BRENA LUIZE FERREIRAo tempo de internação no pós- operatório dospacientes operados foi de 16,6 dias. A mortalidadefoi de 1,85%.DISCUSSÃOAs bronquiectasias adquiridas podemacometer o paciente em qualquer idade, desde queele seja submetido a condições desencadeantesdurante alguma fase de sua vida, tais como:processos infecciosos, aspiração de corpoestranho e outros. Por outro lado, quando aetiologia é congênita, a ocorrência dos sintomasocorre em uma faixa etária mais jovem, como, porexemplo, nos casos de fibrose cística. 9 A faixaetária média encontrada em nosso trabalho foide 42,6 anos, semelhante ao em outras séries. 10No passado, as infecções de infância,sarampo e coqueluche, eram as principais causasde bronquiectasias em adultos jovens, porémhouve um declínio acentuado nesta incidênciacom a implantação de programas de vacinaçãoefetivos. 3 Entretanto, em nosso meio, a tuberculoseé considerada uma doença endêmica edetermina uma alta incidência de complicaçõespulmonares como as bronquiectasias. Em nossoestudo, a tuberculose foi a principal causa debronquiectasias, diferentemente do apresentadopor outros autores 10,11 que demonstraram oantecedente de infecção pulmonar na infânciacomo o fato etiológico mais comum.A etiologia desconhecida das bronquiectasias,neste estudo, foi de 48,2%, um índice elevado,porém esta dificuldade foi relatada por Gomes ecols. (2000), que não identificaram a etiologia em16,4%, um valor inferior ao nosso, talvez pelocaráter prospectivo do seu estudo.O sinal mais freqüente na nossa casuísticafoi a hemoptise, diferente de outras séries (10) nasquais os sintomas de tosse e infecção pulmonarde repetição são os mais freqüentes. A maiorocorrência de hemoptise em nossa casuística deveseao fato de operarmos pacientes em que ossintomas são mais alarmantes, como a hemoptise,visto a alta demanda do serviço com o baixo graude resolutividade, conseqüente às condições do<strong>Hospital</strong> Universitário, que não comporta um volumemaior de cirurgias de grande porte,impossibilitando a realização de procedimentoscirúrgicos como nos casos de infecções recorrentes.O advento de antibióticos potentes e otratamento precoce das infecções pulmonaresdiminuíram a incidência de bronquiectasias,porém há o espaço para o tratamento cirúrgicocomo nas bronquiectasias localizadas, nasobstruções brônquicas e na resistência ao baciloda tuberculose. 3Na prática médica os resultados são significativamentemelhores nos pacientes tratadoscirurgicamente. Annest e cols. (1982) relataramum índice de cura de 46% de pacientessubmetidos à ressecção pulmonar, no seguimentode 40 pacientes, enquanto somente 2% dospacientes tratados clinicamente ficaramassintomáticos. Estes resultados, aliados à reduçãoda mortalidade cirúrgica para cifras próximas de1%, contribuíram definitivamente para aretomada do espaço da cirurgia no tratamentoda bronquiectasia. 12Outro estudo comparativo 10 entre doentesoperados e pacientes tratados clinicamentedemonstrou a superioridade da cirurgia. No pósoperatórioimediato verificou-se transitoriamente,em todos os casos, 88 pacientes que foramsubmetidos à ressecção pulmonar, apreciávelredução de secreções broncopulmonares. Houvecomplicações maiores em 12 (13,6%), cincopacientes apresentaram pneumonia, trêspneumotórax, dois empiemas e dois coágulosintrapleurais. Não foi registrado nenhum óbitoentre os pacientes cirúrgicos. O seguimento destesmostrou que ficaram praticamente livres desecreções e infecções broncopulmonares. Amaioria dos pacientes cirúrgicos (84,0%) nãonecessitou ser reinternada, e somente um delesfoi readmitido mais de duas vezes no pósoperatório.Os pacientes tratados clinicamenteforam internados repetidas vezes (dois deles maisde 10 vezes), ou freqüentemente tiveram de seratendidos ambulatorialmente.revistahugvhugv – <strong>Revista</strong> do <strong>Hospital</strong> Universitário Getúlio <strong>Vargas</strong>v. 5. n. 1-2 jan./dez. – <strong>2006</strong>21
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