TREINAMENTO MUSCULAR INSPIRATÓRIO EM PACIENTES COM DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICAfunções pulmonar e cardiovascular. Sendo assim,o programa de reabilitação pulmonar (PRP) temsido requisitado como método adicional à terapiaconvencional, uma vez que é capaz de reduziros sintomas, melhorar a qualidade de vida eaperfeiçoar a participação física e emocional ematividades cotidianas desses pacientes. 2,3Segundo a Global Iniciative for ChronicObstructive Lung Disease (GOLD), 2 o PRP consistede três componentes: educação, acompanhamentonutricional e treinamento de exercícios comênfase nos membros inferiores, mostrando evidência«A» para benefícios como redução na sensaçãode dispnéia e melhora na capacidade de exercícios,com conseqüente melhora na qualidade devida.Apesar do Treinamento Muscular Respiratório(TMR) não ser um componenteterapêutico essencial no PRP, cuja evidência «B»não apóia o seu uso rotineiro, 2 sua recomendaçãobaseia-se no fato de que, melhorando a forçae/ou endurance da musculatura inspiratória, sejapossível reduzir a dispnéia e melhorar a capacidadede exercícios. 1 A primeira meta-análise envolvendoo Treinamento Muscular Inspiratório(TMI) 4 concluiu que havia pouca evidência apoiandoo seu uso em pacientes com DPOC. Contudo,algumas críticas 5 lhe foram feitas e o próprioautor recomendou mais estudos. Posteriormente,uma segunda meta-análise foi publicada, 6 apoiandoa adição do TMI no PRP, apesar de não terdeixado claro os modos e a intensidade de treinamentoaplicados. Recentemente, uma revisão sistemática5 mostrou que o tipo de treinamento, afreqüência, a duração e a intensidade dos exercíciosdevem ser considerados e que o TMI melhoraa força e endurance muscular inspiratória, reduzindoa dispnéia em adultos com DPOC estável.Metodologicamente, este estudo trata deuma revisão bibliográfica de trabalhos científicosque analisaram as repercussões do TMI em pacientescom DPOC. A identificação dos artigos foifeita por meio da busca bibliográfica nas Bases deDados MEDLINE e LILACS, referentes aos anosde 1976 a <strong>2006</strong> e envolveu combinações entre aspalavras: Chronic obstructive pulmonary disease,inspiratory muscle training, dyspnea, exercisecapacity, quality of life. Foram considerados critériosde inclusão, estudos experimentais e de observaçãoanalíticos, publicados em português ouinglês, abordando as alterações e adaptações dosmúsculos inspiratórios em indivíduos portadoresde DPOC, bem como o TMI e suas repercussõesnessa população.O objetivo deste trabalho foi descrever osmecanismos e as repercussões da disfunção muscularinspiratória em pacientes portadores deDPOC e revisar estudos que investigaram os efeitosdo TMI nesses pacientes, de modo a proveruma atualização sobre a repercussão desse treinamentosobre a musculatura inspiratória,dispnéia, capacidade de exercícios e qualidade devida.REVISÃO BIBLIOGRÁFICADisfunção Muscular Inspiratória na DPOCA obstrução crônica ao fluxo aéreo (geradapelo broncoespasmo e destruição alveolar, inflamaçãoe presença de muco nas vias aéreas 7 )associada à reduzida complacência dinâmicapulmonar, faz com que os músculos inspiratóriostrabalhem cronicamente contra cargas mecânicasaumentadas – fato que requer maior geraçãode força por parte desses músculos para deslocaro ar, 8 porém com capacidade reduzida em funçãoda desvantagem mecânica pelo encurtamentodas fibras diafragmáticas produzido pelahiperinsuflação.Considerada uma das mais importantesanormalidades da mecânica respiratória nestespacientes, a hiperinsuflação dinâmica (aumentodinâmico no volume pulmonar expiratório pelaperda de recolhimento elástico e estreitamento daspequenas vias aéreas, resultando na sua compressãoe conseqüente aprisionamento de ar durantea expiração) piora a capacidade dos músculosinspiratórios de gerar pressão, sendo que há evi-38revistahugvhugv – <strong>Revista</strong> do <strong>Hospital</strong> Universitário Getúlio <strong>Vargas</strong>v. 5. n. 1-2 jan./dez. – <strong>2006</strong>
MARCOS GIOVANNI SANTOS CARVALHO, CARLOS FREDERICO COELHO SAMPAIO, CIBELE TAVARES SOUZAdência indicando que o diafragma é o músculomais afetado da caixa torácica, 8 pela piora na relaçãocomprimento-tensão, diminuição na zonade aposição (constituindo apenas 40% da áreatotal do diafragma em pacientes com DPOC) ediminuição da sua curvatura (Equação deLaplace). 8,9 Outros fatores como: aumento no consumode oxigênio pelos músculos respiratórios,perda de massa muscular, fadiga muscular respiratória,fatores morfológicos e bioquímicos, usode esteróides e anormalidades na troca gasosa sãocondições que reduzem a eficiência e a forçamuscular inspiratória contribuindo para adispnéia e limitação ao exercício. 9Suporte Teórico para o Uso do TreinamentoMuscular Inspiratório na DPOCUma queixa comum dos pacientes comDPOC é a limitação à atividade física gerada peladispnéia, 2 definida como uma sensação subjetivade desconforto respiratório, que varia em intensidade,cuja origem é determinada por umaintegração complexa de múltiplos sinais aferentese eferentes, 10 refletindo um desequilíbrio entre acapacidade e a demanda ventilatória. Essadissociação neuromecânica pode explicar a contribuiçãoda disfunção muscular respiratória nagênese da dispnéia, que aumenta quando ofeedback aferente relatando mudanças na pressãointra-torácica, comprimento muscular respiratórioe movimento da parede torácica é interpretadocomo insuficiente para o correspondente comandomotor. 11A diminuição de atividades como uma estratégiade limitar a experiência de dispnéia, resultanteprimariamente da disfunção respiratória,leva a um estilo de vida sedentário, 9,11 comconseqüente descondicionamento dos músculosda deambulação, piorando a sensação dedispnéia, até que esta se torne um sintoma de incapacidadedos pacientes com DPOC durante asatividades de vida diária. 11 Baseando-se nisto éque o TMR tem ganhado relevância, pois, umavez que o desequilíbrio entre a capacidade e ademanda ventilatória é reduzido, uma melhorana eficiência dos músculos respiratórios produziriauma diminuição na dispnéia melhorando acapacidade de exercícios. 11Treinamento Muscular InspiratórioO conceito de treinar especificamente osmúsculos respiratórios veio a se desenvolver apartir de 1976, quando Leith e Bradley 12 mostraramaumento na força e endurance desses músculosapós o TMI em indivíduos saudáveis. Desdeentão, um número substancial de estudos envolvendoos efeitos de tal treinamento em várias desordens,incluindo a DPOC, tem sido publicado.De acordo com Reid e Samrai, 13 os princípiosgerais do treinamento, a saber: especificidade,sobrecarga e reversibilidade são os mesmos adotadospara a musculatura esquelética e os músculos darespiração podem ser treinados quanto à força,endurance ou ambas. Baseados nesses princípios,os programas de treinamento são designados paramelhorar a função muscular.Tipos de Treinamento Muscular InspiratórioTreinamento com Cargas de Baixa Pressão e Alto FluxoHiperventilação ou Hiperpnéia Normocápnicaou Isocápnica: Esta modalidade de TMR érealizada por meio de altos níveis de ventilaçãovoluntária, sem a adição de carga externa, 14 cujaintensidade do treinamento é marcada com umaporcentagem da Ventilação Voluntária Máxima, 5por um período de 15 minutos. 13 O equipamentoé constituído por uma escala visual (para que opaciente realize um nível adequado de ventilação)e o uso de um sistema de reinalação a fim demanter constante o nível de dióxido de carbonodurante a hiperventilação. 13,15 Em razão dessecomplexo e custoso equipamento, o uso deste treinamentotem sido reservado para estudoslaboratoriais, com poucos trabalhos relatando suautilização na prática clínica. 5,15revistahugvhugv – <strong>Revista</strong> do <strong>Hospital</strong> Universitário Getúlio <strong>Vargas</strong>v. 5. n. 1-2 jan./dez. – <strong>2006</strong>39
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