65realiza a crítica <strong>da</strong> própria teoria, empregando à teoria analisa<strong>da</strong> o critério <strong>de</strong>aceitabili<strong>da</strong><strong>de</strong>. As teorias críticas também se caracterizam por serem reflexivamenteaceitáveis, <strong>de</strong> tal forma que não necessitam <strong>de</strong> comprovação empírica para seremrelevantes, contudo, têm conteúdo cognitivo, isto é, são formas <strong>de</strong> conhecimento.As teorias críticas têm como objetivo produzir um efeito emancipatório eesclarecido 24 por meio <strong>da</strong> auto-reflexão, por isso, são sempre dirigi<strong>da</strong>s ouen<strong>de</strong>reça<strong>da</strong>s a um <strong>de</strong>terminado grupo, para que esse possa refletir sobre seuspadrões <strong>de</strong> racionali<strong>da</strong><strong>de</strong>, exercitando seu auto-conhecimento, tornando os sujeitosdo grupo cientes <strong>de</strong> sua objetivi<strong>da</strong><strong>de</strong>, capazes <strong>de</strong> estipular quais são seusver<strong>da</strong><strong>de</strong>iros interesses. Assim, é pela auto-reflexão que se dissolvem as pseudoobjetivi<strong>da</strong><strong>de</strong>se a ilusão objetiva, para então, utilizando-se <strong>da</strong> teoria crítica, <strong>de</strong>struiresse po<strong>de</strong>r ou objetivi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> coerção, que é, pelo menos parcialmente, autoimposta,a auto-frustração <strong>da</strong> ação humana consciente, resultando emesclarecimento e emancipação.Em um outro momento, <strong>da</strong>s discussões frankfurtianas sobre o contextofilosófico, houve um <strong>de</strong>bate entre os fun<strong>da</strong>mentos epistemológicos do Positivismo eos <strong>da</strong> Dialética, durante a emigração para os EUA, quando recebem gran<strong>de</strong> impacto<strong>da</strong> cultura nas mo<strong>de</strong>rnas socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> consumo.A proposta <strong>da</strong> Razão Instrumental é, na <strong>de</strong>fesa do método <strong>da</strong> lógica formalcartesiana, do procedimento indutivo e <strong>de</strong>dutivo, não atribuindo valor ao <strong>da</strong>doempírico. Adorno enquadra essa proposta como positivista pelo fato <strong>de</strong> ter o métodocomo predominante no processo <strong>de</strong> conhecimento.A preocupação <strong>de</strong> Adorno não é meramente formal e sim existencial <strong>de</strong>ssemodo, a crítica tem duas funções: colocar em questão uma hipótese explicativa doproblema e, além disso, <strong>de</strong>sconfiar do conhecimento como tal, questionar osobjetivos e resultados. Este é o princípio <strong>da</strong> negativi<strong>da</strong><strong>de</strong>.Para Adorno, a dialética, como método, não possui regras <strong>de</strong>fini<strong>da</strong>s, aocontrário, ela é capaz <strong>de</strong> incluir em seus elementos a contradição e a transformação,já a ciência positivista naturaliza os processos sociais restringindo a dinâmicahistórica a um sistema <strong>de</strong> leis absolutas e imutáveis.24Aqui se enten<strong>de</strong> emancipação e esclarecimento, como uma transição social <strong>de</strong> um estado inicial <strong>de</strong>falsa consciência, que é um tipo <strong>de</strong> auto-ilusão e inexistência <strong>de</strong> liber<strong>da</strong><strong>de</strong>, causa<strong>da</strong> por uma forma<strong>de</strong> coerção auto-imposta; para um estado final no qual se liberta <strong>da</strong> falsa consciência, por meio doesclarecimento, e <strong>da</strong> coerção auto-imposta, pelo tornar-se emancipado.
66A dialética adorniana remete o futuro a uma dimensão prática, o que nãoacontece no raciocínio positivista. A “... crítica significa para Adorno e os teóricos <strong>da</strong>Escola <strong>de</strong> Frankfurt a aceitação <strong>da</strong> contradição e o trabalho permanente <strong>da</strong>negativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, presente em qualquer processo <strong>de</strong> conhecimento.” (FREITAG, 1990,p. 51).Retomando a análise <strong>da</strong> proposta pe<strong>da</strong>gógica <strong>de</strong>scrita anteriormente, umavez elabora<strong>da</strong> uma proposta <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> educadores, a aceitação <strong>da</strong>contradição e o trabalho permanente <strong>da</strong> negativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, abor<strong>da</strong>dos por Adorno comorequisitos fun<strong>da</strong>mentais para se estabelecer uma ação crítica, são elementos<strong>de</strong>finitivos para a construção <strong>de</strong> uma formação <strong>de</strong> educadores que se diga crítica.A auto-reflexão e a autocrítica levam o educador à aceitação <strong>da</strong> própriacontradição,que possa existir entre aquilo que se pensa fazer e o que realmente sefaz, ou seja, ao refletir criticamente sobre sua própria prática docente, o educadorpo<strong>de</strong>rá <strong>de</strong>parar-se com incoerências teórico-práticas, assim, a aceitação <strong>de</strong>ssasincoerências, juntamente com o trabalho constante <strong>de</strong> negativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, é extremamentesignificativa para uma nova práxis pe<strong>da</strong>gógica.Na análise realiza<strong>da</strong> sobre a Proposta Pe<strong>da</strong>gógica do Curso <strong>de</strong> Pe<strong>da</strong>gogia<strong>da</strong> UNICENTRO, há um predomínio do caráter instrumental e uma certasuperficiali<strong>da</strong><strong>de</strong> em relação à opção teórica, em que a postura pe<strong>da</strong>gógica dos<strong>de</strong>centes formadores <strong>de</strong> professores se fun<strong>da</strong>mentará. Ressalta-se que ospressupostos teóricos adotados por esses profissionais, <strong>de</strong>terminarão a sua práticaem sala <strong>de</strong> aula e não somente isso, mas também a sua postura diante <strong>da</strong>socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong> tal forma que se um professor universitário assume uma postura <strong>de</strong>conformação diante <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>de</strong> alienação <strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong>, certamente,contribuirá para a formação <strong>de</strong> outros que também se posicionarão inertes, diantedos mecanismos <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> capitalista. Assim, a uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> concepção, aconvicção e a transparência teórica e até i<strong>de</strong>ológica, na proposta <strong>de</strong> formação, são oessencial para to<strong>da</strong> práxis educacional, seja na formação <strong>de</strong> professores ou naeducação infantil. São necessárias para que hajam mu<strong>da</strong>nças em todo sistemaeducacional, <strong>da</strong> universi<strong>da</strong><strong>de</strong> à educação básica.
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DAIANE SOLANGE STOEBERL DA CUNHAEDU
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Dedico este trabalho a minha filhaF
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SUMÁRIORESUMO.....................
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