13.07.2015 Views

As Flores do Mal - Charles Baudelaire

As Flores do Mal - Charles Baudelaire

As Flores do Mal - Charles Baudelaire

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Cumpri vosso destino, almas desordenadas,E fugi o infinito que trazei em vós!O LETESVem ao meu peito, ó surda alma ferina,Tigre a<strong>do</strong>ra<strong>do</strong>, de ares in<strong>do</strong>lentes,Quero os meus de<strong>do</strong>s mergulhar frementesNa áspera lã de tua espessa crina;Em tuas saias sepultar bem juntoDe teu perfume a fronte <strong>do</strong>lorida,E respirar, como uma flor ferida,O suave o<strong>do</strong>r de meu amor defunto.Quero <strong>do</strong>rmir o tempo que me sobre!Num sono que ao da morte se confunde,Que o meu carinho sem remorso inundeTeu corpo luzidio como o cobre.Para engolir-me a lágrima que escorreO abismo de teu leito nada iguala;O esquecimento por teus lábios falaE a águas <strong>do</strong> Letes nos teus lábios corre.O meu destino, agora meu delírio,Hei de seguir como um predestina<strong>do</strong>;Mártir submisso, ingênuo condena<strong>do</strong>,Cujo fervor atiça o seu martírio,Sugarei, afogan<strong>do</strong> o ódio malsão,Do mágico nepentes o conteú<strong>do</strong>Nos bicos desse colo pontiagu<strong>do</strong>,Onde jamais pulsou um coração.A QUE ESTÁ SEMPRE ALEGRETeu ar, teu gesto, tua fronteSão belos qual bela paisagem;O riso brinca em tua imagemQual vento fresco no horizonte.A mágoa que te roça os passosSucumbe à tua mocidade,À tua flama, à claridadeDos teus ombros e <strong>do</strong>s teus braços.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!