13.07.2015 Views

As Flores do Mal - Charles Baudelaire

As Flores do Mal - Charles Baudelaire

As Flores do Mal - Charles Baudelaire

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Desta Safo viril, que foi amante e poeta,Mais bela <strong>do</strong> que Vênus pelas tristes cores!- O olho <strong>do</strong> azul sucumbe ao olho que marchetaO círculo de treva estria<strong>do</strong> pelas <strong>do</strong>resDesta Safo viril, que foi amante e poeta!- Mais bela <strong>do</strong> que Vênus sobre o mun<strong>do</strong> erguida,A derramar os <strong>do</strong>ns da paz de que partilhaE a flama de uma idade em áurea luz tecidaNo velho Oceano pasmo aos pés de sua filha;Mais bela <strong>do</strong> que Vênus sobre o mun<strong>do</strong> erguida!- De Safo que morreu ao blasfemar um dia,Quan<strong>do</strong>, trocan<strong>do</strong> o rito e o culto por luxúria,Seu belo corpo ofereceu como iguariaA um bruto cujo orgulho atormentou a injúriaDaquela que morreu ao blasfemar um dia.E desde então Lesbos em pranto lamenta,E, embora o mun<strong>do</strong> lhe consagre honras e ofertas,Se embriaga toda noite aos uivos da tormentaQue lançam para os céus suas praias desertas!E desde então Lesbos em pranto lamenta!MULHERES MALDITAS - Delfina e HipólitaÀ tíbia das lamparinas voluptuosas,Sobre sensuais coxins impregna<strong>do</strong>s de essência,Sonhava Hipólita as carícias poderosasQue lhe erguiam o véu da púbere inocência.Ela buscava, o olhar na tempestade posto,De sua ingenuidade o céu distante agora,Como um viajante para trás volve o seu rostoEm busca da manhã que já se foi embora.Os olhos já sem viço, o preguiçoso pranto,O ar exausto, o estupor, lúbrica moleza.Os barcos sem ação, como armas vãs a um canto,Tu<strong>do</strong> afinal lhe ungia a tímida beleza.Posta a seus pés, serena e cheia de alegria,Delfina lhe lançava à carne olhos ardentes,Como o animal feroz que a vítima vigia,Após havê-la antes marca<strong>do</strong> com seus dentes.Bela e viril de joelhos ante a frágil bela,Soberba, ela sorvia com volúpia intensaO vinho da vitória e, acercan<strong>do</strong>-se dela,

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!