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As Flores do Mal - Charles Baudelaire

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Mas <strong>do</strong> que as máquinas <strong>do</strong> inferno,Jamais, em verão ou inverno,Conheceu o amor verdadeiro,Com os seus negros alvoroços,Seu cortejo infernal de espantos,Seus frascos de veneno e os prantosDe seus ruí<strong>do</strong>s de cadeia e de ossos!Eis-me liberto e satisfeito!Irei beber muito esta tarde;Depois, sem me<strong>do</strong> e sem alrde,Farei deste solo o meu leito,E <strong>do</strong>rmirei bem como um cão!Um carros de rodas pesadasCheio de pedras das calçadasUm enraiveci<strong>do</strong> vagão,Partir-me-ão a fronte que odeia- Um prêmio <strong>do</strong>s delitos meu -Mas zombo de tu<strong>do</strong>, de Deus,De Satanás, da Santa Ceia!O VINHO DO SOLITÁRIOO olhar tão singular de um mulher galanteQue para nós desliza à feição de alvo raioQue a Lua ondean<strong>do</strong> envia ao lago num desmaio,Quan<strong>do</strong> ela vem banhar a beleza hesitante;A última ficha às mãos <strong>do</strong> último joga<strong>do</strong>r,Um beijo libertino da magra Adelina,Os sons de uma canção enervante de fina,Como o grito a morrer de desumana <strong>do</strong>r,Isto não valerá, ó garrafa profunda,Os bálsamos de amor que na pança fecundaGuardas ao coração <strong>do</strong>s pobre poetas teus!Tu lhe dás esperança e vida e mocidade;- E o orgulho, este tesouro da mendicidade,Que nos torna triunfais, semelhantes a Deus!O VINHO DOS AMANTES

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