Dos distantes confins das montanhas Rochosas,Desde os lagos <strong>do</strong> Norte às ondas impetuosas,De Tawasentha, a várzea amena e sem igual,A Tuscaloosa, erma floresta trescalante,Avisou-se o sinal e a fumaça ondulanteLentamente a subir no incêndio matinal.Os Profetas diziam: "Vedes essa estriaDe vapores, que, igual ao braço que chefia,Oscila e se recorta em negro no ar vermelho?É Gitchi Manitou, o Grão-Mestre da Vida,Que proclama por toda a planície florida:Guerreiros meus, eu vos convoco ao real conselho!"Pelas sendas <strong>do</strong> rio ou pelo ermo poeirento,Pelas quatro vertentes de onde sopra o vento,Vós, fiéis guerreiros, vós das tribos em porfia,Entenden<strong>do</strong> o sinal da nuvem caminheira,Viestes dóceis até junto à Rubra PedreiraOnde sempre Gitchi Manitou vos ouvia.Os guerreiros de pé se erguiam na paisagem,Armas na mão, a face impávida e selvagem,Matiza<strong>do</strong>s tal como uma folha outonal;O ódio que à luta impele a to<strong>do</strong>s os mortais,O ódio que ardia nos olhares ancestraisNo olhar lhes acendia uma lama fatal.Em seus olhos brilhava a maldição da guerra.E Gitchi Manitou, o Grão-Mestre da Terra,Tinha por eles uma infinda compaixão,Como um pai extremoso, indisposto às disputas,Que vê seus filhos a morder-se em árduas lutas.Tal Gitchi Manitou por toda uma nação.E ergueu sobre eles sua forte mão direitaPara <strong>do</strong>brar-lhes a alma e a natureza estreita,Para esfriar-lhe a febre à sombra dessa mão;Depois lhes disse, a voz solene e majestosa,Comparável à voz de uma água tormentosa,Que tomba e ecoa mais hedionda que um trovão:II"Minha posteridade, odiosa mais querida!Ó filhos meus, ouvi a divina razão!É Gitchi Manitou, o Grão-Mestre da Vida,Quem vos fala! O que em vossa planície floridaPôs a rena, o castor, a raposa e o bisão.Eu vos tornei a caça e a pesca generosas;Por que se fez então o caça<strong>do</strong>r tão vil?
De pássaros povoei as várzeas mais lo<strong>do</strong>sas;Por que não sois felizes, crianças belicosas?Por que ao vizinho o homem dá caça e faz-se hostil?Bem longe estou de vossa arena de inimigos.Promessas e orações de vós não ouço mais!Domina vosso gênio o amor pelos perigos,E vossa força está na união. Quais bons amigosVivei, pois, e aprendei a vos manter em paz.Um Profeta virá de minha mão em brevePara vos dar conforto e convosco sofrer,E seu verbo fará a existência mais leve;Mas se a menosprezá-lo algum de vós se atreve,Tereis então, filhos malditos, que morrer!Às ondas apagai a cor <strong>do</strong>s ódios vãos.O caniço é abundante e a rocha não se esfaz;Cada um pode entalhar o seu cachimbo. Às mãosLimpai o sangue! Agora vivei como irmãos,E uni<strong>do</strong>s, pois, fumais o Cachimbo da Paz!"IIIE eles então, depon<strong>do</strong> as armas sobre a terra,Lavam nas águas as brutais cores da guerraQue às frontes lhes ardiam triunfantes e cruéis.Cada um faz seu cachimbo e às margens <strong>do</strong> regatoColhe um longo caniço e dá-lhe o corte exato.E o Espírito sorria ante os seus filhos fiéis.To<strong>do</strong>s se foram, a alma quieta e enternecida,E Gitchi Manitou, o Grão-Mestre da Vida,Uma vez mais galgou a escada celestial.- Através <strong>do</strong> vapor que em nuvens se des<strong>do</strong>braErgueu-se o Poderoso, ébrio de sua obra,Sublime, perfuma<strong>do</strong>, infinito, triunfal!A PRECE DE UM PAGÃONão deixeis esfriar tua chama!Minha alma entorpecida aquece,Volúpia, inferno de quem ama!Escuta, diva, a minha prece!Deusa no espaço derramada,Flama que dentro em nós desperta,Atende a esta alma enregelada,Que um brônzeo cântico te oferta.
- Page 2 and 3:
As Flores do MalCharles BaudelaireA
- Page 4 and 5:
Sobre ele pousarei a tíbia e férr
- Page 6 and 7:
Exibiam a origem de uma nobre linha
- Page 8 and 9:
A MUSA VENALÓ musa de minha alma,
- Page 10 and 11:
Esquadrinhando o céu, a vista ator
- Page 12 and 13:
O IDEALJamais serão essas vinhetas
- Page 14 and 15:
Se teu olhar, teu riso, teus pés m
- Page 16 and 17:
Obra de algum obi, o Fausto da sava
- Page 18 and 19:
Ou grãos que em rítmica cadência
- Page 20 and 21:
nessas noites sem fim em que nos fo
- Page 22 and 23:
Onde o Destino um dia me esqueceu;O
- Page 24 and 25:
TODA ELAO Demônio em meu quarto sa
- Page 26 and 27:
Sobre Paris em calma fluía.E junto
- Page 28 and 29:
Serei teu ataúde, amável pestilê
- Page 30 and 31:
Eu te quero contar, lânguida feiti
- Page 32 and 33:
A esta alma que o tormento assola,C
- Page 34 and 35:
Bem longe do prazer mundano e do de
- Page 36 and 37:
LOUVORES À MINHA FRANCISCAVersos c
- Page 38 and 39:
SONETO DE OUTONOO teu olhar me diz,
- Page 40 and 41:
Escalo o dorso aos vagalhões entre
- Page 42 and 43: SPLEENPluviôse, contra toda a cida
- Page 44 and 45: Mas eis que as trevas afinal são c
- Page 46 and 47: IUma Idéia, uma Forma, um SerVindo
- Page 48 and 49: Repuxos no jardim chorando entre al
- Page 50 and 51: Jóias que valem bem poucoQue eu ne
- Page 52 and 53: E discutindo com meu espírito lass
- Page 54 and 55: São mistério, a esplender de inve
- Page 56 and 57: Um relâmpago e após a noite! - A
- Page 58 and 59: Deles, a maior parte jamais conhece
- Page 60 and 61: Cheirais a Morte, ó Esqueletos per
- Page 62 and 63: A minha alma, melhor que na morna e
- Page 64 and 65: E a alma grave do corpo imitava a p
- Page 66 and 67: E para o ódio afogar e embalar o
- Page 68 and 69: Hoje o espaço é de luzes cheio!Se
- Page 70 and 71: Seus sentidos doentes de tédio,Tin
- Page 72 and 73: O vinho aguça o olhar e torna a au
- Page 74 and 75: Mas logo a bordejar o litoral a les
- Page 76 and 77: A crápula, a ulular, da guarda e d
- Page 78 and 79: Tem piedade, Satã, desta longa mis
- Page 80 and 81: Que como um elixir nos transporta e
- Page 82 and 83: Íamos a seguir, pelo ritmo da vaga
- Page 84 and 85: VE após, e após enfim?VI"Cérebro
- Page 86 and 87: Irias ler-me por engano,Ou me teria
- Page 88 and 89: Que apenas me amas com pavor,Nos ab
- Page 90 and 91: Palavra! E sobre mim, num calafrio,
- Page 94 and 95: Volúpia, abre-me a tua teia,Toma o
- Page 96 and 97: Tal como Pafos as estrelas te vener
- Page 98 and 99: Punha-se à espera de uma doce reco
- Page 100 and 101: Cumpri vosso destino, almas desorde
- Page 102 and 103: E do alto do divã, imersa em paz,
- Page 104 and 105: É qual chuva incessanteDe agudas d
- Page 106 and 107: ISei que não és, minha querida,O
- Page 108 and 109: Ele é um satírico, um bufão,Mas
- Page 110 and 111: "Onde é que vês esse demiurgo da
- Page 112 and 113: Como lamentarias os teus ócios fra
- Page 114: UMA TASCA DIVERTIDANA ESTRADA DE BR