Que como um elixir nos transporta e embriaga,E nos faz caminhar até o anoitecer.E através da tormenta, e da neve e da vaga,É o vibrante clarão de nosso obscuro ser,Albergue inscrito em Livro e que nunca se apaga,Feito para jantar e para a<strong>do</strong>rmecer.É um anjo que segura em seus de<strong>do</strong>s magnéticosO sono e mais o <strong>do</strong>m <strong>do</strong>s êxtases mais poéticos,Que sempre o leito arruma aos pobres, como aos rotos;Ela é a glória de Deus e a bolsa <strong>do</strong> mendigo,É o místico celeiro e mais o lar antigo,Pórtico que se abriu para os céus mais ignotos.A MORTE DOS ARTISTASQuantas vezes irei sacudir os meus guisos,Tua fronte beijar, morna Criatura?E para o alvo alcançar, de tão mística altura,Quantos dar<strong>do</strong>s da aljava hão de me ser precisos?Em conjuras sutis usaremos os juízos,Para após demolir muita grave armadura,Antes de contemplar a grande CriaturaDe desejo infernal que paralisa os risos!Há estes que o Í<strong>do</strong>lo seu não fitaram jamais,Há o maldito escultor que, marca<strong>do</strong> de ofensa,Só vive a martelar o peito e a fronte imensa.Só esperam - Capitólio, e de sombras fatais! -Venha a Morte e planan<strong>do</strong> à feição de um sol novo,Em seu cérebro arder como um floral renovo.O FIM DA JORNADADebaixo de uma luz tão baça,Vai, corre e dança sem razão,A vida, gritante e devassa.Porém, logo que, na amplidão,A noite voluptuosa sonhaTu<strong>do</strong> abrandan<strong>do</strong>, mesmo a fome,Tu<strong>do</strong> apagan<strong>do</strong>, até a vergonha,O poeta em lassidão sem nome
Diz: - “Os meus ossos e a minha almaInvocam ardentes a calma;E, de coração tumular,Agora vou <strong>do</strong>rmir de la<strong>do</strong>,Rolar em vosso cortina<strong>do</strong>,Ó trevas de refrigerar!”O SONHO DE UM CURIOSOA F.N.Ah, sabes como eu sei, a <strong>do</strong>r tão saborosa,E que te faz dizer “Oh! O homem singular!”- Ia morrer. Havia em minha alma amorosa,Sonho misto de horror, um mal particular;Angústia e espera viva e jamais sediciosa.Mais a ampulheta eu via fatal se esgotar,Mais sentia a tortura áspera e deliciosa;Fugia o coração ao mun<strong>do</strong> familiar.Eu era como a criança ávida <strong>do</strong> espetáculo.E a ela o pano de boca era um odiento obstáculo...Enfim se revelou a verdade tão fria:Sem surpresa morri, e a aurora negra e infindaEstava em torno. Oh, Deus era só isto o que eu via?Tinha-se ergui<strong>do</strong> o pano e eu esperava ainda.A VIAGEMA Máxime du campIA quanta criança os mapas e as figuras ama,O mun<strong>do</strong> é igual ao seu apetite profun<strong>do</strong>.Deus meu, que é grande o mun<strong>do</strong> à vela em áurea chama!Aos olhos da saudade, ah que é pequeno o mun<strong>do</strong>!Partimos de manhã, fronte que o sonho alaga,Ávi<strong>do</strong> o coração de desejos e mágoas,
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As Flores do MalCharles BaudelaireA
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Sobre ele pousarei a tíbia e férr
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A MUSA VENALÓ musa de minha alma,
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Esquadrinhando o céu, a vista ator
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O IDEALJamais serão essas vinhetas
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Se teu olhar, teu riso, teus pés m
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Obra de algum obi, o Fausto da sava
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Ou grãos que em rítmica cadência
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nessas noites sem fim em que nos fo
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Onde o Destino um dia me esqueceu;O
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TODA ELAO Demônio em meu quarto sa
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Sobre Paris em calma fluía.E junto
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Serei teu ataúde, amável pestilê
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