13.07.2015 Views

As Flores do Mal - Charles Baudelaire

As Flores do Mal - Charles Baudelaire

As Flores do Mal - Charles Baudelaire

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

A crápula, a ulular, da guarda e <strong>do</strong> bordel,E sentiste o amargor <strong>do</strong> vinagre e <strong>do</strong> felNa boca em que vivia a imensa humanidade;E quan<strong>do</strong> a lentidão de teu corpo parti<strong>do</strong>Teus braços alongava e teu suor e teu sangueEram destilação de tua fronte langue,E quan<strong>do</strong> foste a cada um em alvo erigi<strong>do</strong>,Estavas a pensar no dia de recamosEm que vieste a cumprir a promessa eternal,E pisavas, montan<strong>do</strong> o mais meigo animal,Caminhos que eram luar de flores e de ramos,Em que, o teu coração imenso de esperança,Para expulsar os vendilhões foste violentoE no teu templo enfim? Ah, o arrependimentoTeu flanco não entrou mais fun<strong>do</strong> <strong>do</strong> que a lança?- Por certo eu sairei, quanto a mim satisfeitoDeste mun<strong>do</strong> em que ao sonho a ação não é associada:Possa eu usar da espada e morrer pela espada!– Pedro negou Jesus... e foi muito bem feito!ABEL E CAIMIRaça de Abel, só bebe e come,Deus te sorri tão complacente.Raça de Caim, sempre someNo lo<strong>do</strong> miseravelmente.Raça de Abel, teu sacrifícioDoce é ao nariz <strong>do</strong> Serafim!Raça de Caim, teu suplícioSerá que jamais terá fim?Raça de Abel, tuas sementesE teu ga<strong>do</strong> produzirão;Raça de Caim, sempre sentesUivar-te a fome como um cão.Raça de Abel, não tremas nuncaÀ lareira patriarcal;

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!