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As Flores do Mal - Charles Baudelaire

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Que como um elixir nos transporta e embriaga,E nos faz caminhar até o anoitecer.E através da tormenta, e da neve e da vaga,É o vibrante clarão de nosso obscuro ser,Albergue inscrito em Livro e que nunca se apaga,Feito para jantar e para a<strong>do</strong>rmecer.É um anjo que segura em seus de<strong>do</strong>s magnéticosO sono e mais o <strong>do</strong>m <strong>do</strong>s êxtases mais poéticos,Que sempre o leito arruma aos pobres, como aos rotos;Ela é a glória de Deus e a bolsa <strong>do</strong> mendigo,É o místico celeiro e mais o lar antigo,Pórtico que se abriu para os céus mais ignotos.A MORTE DOS ARTISTASQuantas vezes irei sacudir os meus guisos,Tua fronte beijar, morna Criatura?E para o alvo alcançar, de tão mística altura,Quantos dar<strong>do</strong>s da aljava hão de me ser precisos?Em conjuras sutis usaremos os juízos,Para após demolir muita grave armadura,Antes de contemplar a grande CriaturaDe desejo infernal que paralisa os risos!Há estes que o Í<strong>do</strong>lo seu não fitaram jamais,Há o maldito escultor que, marca<strong>do</strong> de ofensa,Só vive a martelar o peito e a fronte imensa.Só esperam - Capitólio, e de sombras fatais! -Venha a Morte e planan<strong>do</strong> à feição de um sol novo,Em seu cérebro arder como um floral renovo.O FIM DA JORNADADebaixo de uma luz tão baça,Vai, corre e dança sem razão,A vida, gritante e devassa.Porém, logo que, na amplidão,A noite voluptuosa sonhaTu<strong>do</strong> abrandan<strong>do</strong>, mesmo a fome,Tu<strong>do</strong> apagan<strong>do</strong>, até a vergonha,O poeta em lassidão sem nome

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