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— Vou. Depois a gente conversa — respondi. — Amo você.<br />
— Tudo bem. — Ela suspirou. — Não me esqueci da festa, ouviu? Te amo também.<br />
Praticamente desliguei na cara da minha melhor amiga porque meus olhos não podiam parar de<br />
a<strong>com</strong>panhar aquele rapaz. Deus, eu já tinha percebido o quanto ele era lindo, mas, observando-o mais<br />
atentamente, vi que ele era muito mais do que isso. Seus olhos eram verdes e ele deixava a barba por<br />
fazer, fazendo-me lembrar de que, quando os garotos da minha sala tentavam fazer isso, ficavam<br />
ridículos.<br />
Não o desconhecido, no entanto.<br />
Ele estava entrando no mesmo banco que eu. Ele carregava uma bolsa carteiro ao lado do corpo e,<br />
aparentemente, tinha ido pagar algumas contas. Eu o esperei entrar porque, de alguma forma, meu<br />
coração <strong>com</strong>eçou a saltar do corpo, e eu duvidei que pudesse manter minhas bochechas sem corar<br />
perto dele. Claro, eu não pensava em falar <strong>com</strong> o estranho, mas essa é aquela típica situação em que<br />
você fica embasbacada ao ver a mesma pessoa a quem se sentiu ligada desde a primeira vez em que<br />
bateu seus olhos nela.<br />
A porta giratória passou e o levou para dentro. Suspirei e fui atrás, evitando ficar muito perto.<br />
Olhei para os lados e busquei uma forma de me sentar longe dele. Talvez, se eu pegasse a senha,<br />
pudesse me sentar afastada e aguardar a minha vez.<br />
Foi o que fiz.<br />
Resmunguei mentalmente o fato de ter pintado o meu cabelo na semana passada. Esse loiro<br />
caramelo não <strong>com</strong>binava em nada <strong>com</strong>igo, e eu estava cansada do ruivo natural. Mas a verdade é<br />
que estava uma porcaria e eu havia tentado escondê-lo <strong>com</strong> uma touca bem ridícula. Se eu pudesse<br />
voltar no tempo, teria o meu cabelo de volta, porque se fosse para olhar um cara bonito seria bom<br />
sentir-me bem, ao menos.<br />
Sentada, lancei um olhar discreto para onde ele estava. O rapaz batucava <strong>com</strong> os indicadores as<br />
suas coxas e estava sentado três cadeiras à esquerda. Meu coração estava acelerado e as palmas das<br />
minhas mãos suando sem motivo aparente. Jesus, eu precisava me controlar.<br />
E foi então que tudo mudou. O garoto olhou para o lado e, por alguns segundos, ficou <strong>com</strong> seus<br />
olhos esmeralda quase transparentes em mim, fazendo aquele momento durar horas, ao invés de<br />
algumas batidas no terceiro ponteiro do relógio. Eu podia ver que ele não se lembrava de mim,<br />
porque nem uma centelha de reconhecimento percorreu seus olhos. Bem, ele podia ser um péssimo<br />
fisionomista, porém eu jamais me esqueceria dos seus olhos.<br />
Ou do seu sorriso.<br />
Ele sorriu para mim e seus lábios se curvaram de uma maneira incrível, deixando seu rosto ainda<br />
mais atraente. Meu coração, ao invés de se aquietar, aumentou o ritmo das batidas tão<br />
substancialmente que eu temi que todo o estabelecimento pudesse escutá-lo. Para a minha surpresa, ele<br />
manteve o sorriso por mais um tempo, antes de voltar a atenção para o seu celular.<br />
O sorriso que ele me deu não queria dizer nada, eu sabia disso.<br />
Ainda assim, a minha cabeça criou um cenário no qual eu diria oi para ele e depois perguntaria se<br />
ele é de Miami. Em seguida, <strong>com</strong>entaria sobre a música e questionaria qual é o estilo que ele mais