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costumeiramente preocupado.<br />
Saímos do quarto <strong>com</strong>o se fôssemos um trio de James Bonds ou até mesmo os Três Mosqueteiros.<br />
Não importa. Eu podia reclamar o quanto quisesse da maldita roupa, mas, ao ter um pequeno<br />
vislumbre meu a cada reflexo nas paredes de vidro, sabia que eu estava atraente. Não do tipo de<br />
cara que sente que vai pegar toda e qualquer mulher essa noite, mas o suficiente para <strong>com</strong>eçar a<br />
confiar que eu poderia achar a certa; a que faria tudo isso aqui valer a pena.<br />
Fazia meses que eu não me deixava levar. Talvez o Heart On Fire fosse a porta de entrada<br />
para eu voltar a aproveitar a vida.<br />
Sentindo-me um pouco mais animado <strong>com</strong> essa expectativa, chegamos à porta do Dazzles Bar e<br />
Club e fomos recepcionados por uma garota de lingerie cor-de-rosa. Ela estava usando uma<br />
máscara e seu sutiã trazia uma pequena plaqueta dourada sinalizando seu nome de serviço no<br />
cruzeiro: L’Amour.<br />
— Boa noite, senhores.<br />
Após murmurarmos a saudação em retorno, ela nos estendeu uma máscara para que a<br />
colocássemos. A minha não precisava segurar para fixar no rosto, o que era bom. Ela possuía<br />
poucas ramificações e era totalmente negra. Reta, <strong>com</strong>o a do Zorro, porém mais decorada e não<br />
feita de tecido. Passei os pequenos elásticos transparentes atrás da orelha e pisquei várias vezes<br />
para me adaptar à visão limitada. Bem, não é que cabia perfeitamente?<br />
— Tenham uma boa experiência. — Ela piscou para nós e abriu a grande porta.<br />
Demorou algum tempo para eu me acostumar à escuridão do ambiente, mas, quando meus olhos<br />
se adaptaram e capturaram a fraca iluminação, além dos flashes constantes conforme a batida da<br />
música soava, pude ver o quanto aquilo tudo era luxuoso. Senti-me <strong>com</strong>o se estivesse naqueles<br />
cabarés em Paris, nos quais as mulheres andam mascaradas e <strong>com</strong> poucas roupas, e os homens<br />
viram drinques e fumam cigarros ou charutos. Porra, o negócio era sensacional. Nunca, em toda a<br />
minha vida, tinha visto uma festa temática tão bonita quanto essa e, olha, estamos falando de um<br />
nível alto de requinte.<br />
Os bares estavam cheios, mas as mesas pareciam ainda mais lotadas. Alguns caras já tinham<br />
encontrado parceiras ou vieram para cá a<strong>com</strong>panhados, em busca de aventura. De qualquer<br />
forma, tudo remetia a sexo ali. Os toques nas garotas, o jeito que elas andavam, a maneira <strong>com</strong>o<br />
os beijos ocorriam, a música de fundo e a luz fraca. Era íntimo, sexy, e francamente? Dava vontade<br />
de experimentar um pouco disso tudo.<br />
— Seu semblante mudou totalmente, posso ver até além da máscara — disse Zane, batendo no<br />
meu ombro. O objeto que envolvia o seu rosto era acastanhado <strong>com</strong>o os seus cabelos, que batiam<br />
nos ombros. — E aí, quebrando o preconceito?<br />
— Pensei que já ia estar todo mundo transando — falei verdadeiramente, soltando uma risada.<br />
Yan, que usava uma máscara cor de vinho, também riu.<br />
— Não, cara, o ambiente varia. Se todo mundo ficar no clima, pode rolar, mas não é sempre —<br />
contou. — Acredite, o meu amigo que veio aqui me contou algumas boas experiências.<br />
— Então foi assim que você conseguiu os convites? — questionei, abrindo mais os olhos.