Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
o<br />
Carter<br />
Corremos feito loucos, conseguimos concluir o cronograma e encerramos o ensaio da música Five<br />
Minutes. Embora Zane não estivesse nada contente <strong>com</strong> a falta do solo de sua guitarra,<br />
conseguimos convencê-lo de que a canção foi feita para ser assim e nem sempre podíamos deixálo<br />
em evidência. Zane resmungou, mas Yan o acalmou.<br />
Tínhamos uma hora entre tomar banho e nos arrumar, o que significava que teríamos que<br />
aguentar toda a parafernália de maquiagem e aquelas tralhas esquisitas que deixavam nossos<br />
cabelos apresentáveis. Estava desanimado <strong>com</strong> isso, mas a banda toda estava irritada.<br />
O estúdio da VMV era no centro da cidade. Como foi anunciado que estaríamos lá, não<br />
estranhei o fato de que existia uma fila de fãs sendo controlados por seguranças em uma barreira.<br />
As pessoas carregavam pôsteres nossos, CDs, faixas na cabeça <strong>com</strong> nossos nomes e gritavam;<br />
muitos gritos de boas-vindas.<br />
Apesar de estar dentro da van escura, já podia sentir meus lábios se erguendo em um sorriso.<br />
Se um dia tive alguma dúvida a respeito de <strong>com</strong>o escolhi viver, ver essas pessoas tão apaixonadas<br />
pelas músicas e por nós acabava <strong>com</strong> qualquer incerteza.<br />
Eu amava cada pessoa que faltou no trabalho, no curso, na escola ou que apenas dedicou um<br />
pouco do seu tempo para nos receber.<br />
A porta da van se abriu e Zane desceu acenando, seguido por Yan. As garotas iniciaram uma<br />
insana sinfonia de gritos e, quando finalmente pus meus pés na calçada da VMV, os flashes dos<br />
fotógrafos me cegaram e os gritos se tornaram ensurdecedores.<br />
— Carter! — Ouvi alguém gritar e, apesar de estar <strong>com</strong> o horário corrido, parei por uns<br />
minutos para dar atenção.<br />
Uma garota beijou minha bochecha e deixou uma marca de batom. Tirei fotos <strong>com</strong> o pessoal e<br />
dei tantos autógrafos que meus dedos ficaram escurecidos pela tinta.<br />
Aquilo era gratificante.<br />
— Eu te amo, Carter! — uma menina gritou a plenos pulmões e seus olhos estavam cheios de<br />
lágrimas quando passei pelas portas amplas do estúdio.<br />
— Carter, temos que entrar — disse Stu, exigindo que eu desse atenção ao horário.<br />
Desvencilhei-me dele e fui até a menina. Seus cabelos estavam presos em um rabo de cavalo e<br />
os olhos azuis, vermelhos de tanto chorar. As pessoas gritaram, aprovando a minha atitude por ter<br />
voltado por ela, mas eu não estava fazendo aquilo para impressionar, mas sim porque seu rosto<br />
estava literalmente marcado pelas lágrimas e eu a teria notado se não estivesse <strong>com</strong> pressa.<br />
— Oi, desculpa. — Ela abriu os lábios em choque. Vi suas mãos trêmulas estendendo uma foto<br />
minha, fornecendo também uma caneta para autografar. — Qual seu nome?<br />
— Alexis.<br />
— Oi, Alexis. — Sorri para ela, tranquilizando-a, enquanto autografava e fazia uma<br />
dedicatória legal. Entreguei a foto e vi seus olhos se encherem de lágrimas novamente. — <strong>Você</strong>