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significava para todos aquela canção.<br />
Eu gostava de cantar músicas que emocionam.<br />
Então, quando fechei meus olhos e me deixei levar pela batida e pela letra, soube de uma<br />
forma muito dolorosa que eu não vivi o suficiente. Em meus vinte e seis anos de vida, quase vinte e<br />
sete, apesar de ter feito música, viajado o mundo, me casado, tido amigos... Eu ainda não encontrei<br />
a espécie de amor que dói e acalenta, o fogo que cresce sobre a pele da gente e se torna eterno.<br />
Na realidade, estar <strong>com</strong> Maisel foi apenas um retrato da minha solidão e, honestamente, nunca foi<br />
amor. Sequer amei Lua. Todo o sentimento que vivi poderia estar próximo ao amor, mas nunca, de<br />
fato, o foi.<br />
Isso me fez pensar que, se houvesse alguém para eu futuramente amar...<br />
Poderia ser ela.<br />
A garota que tirou da minha cabeça a fantasia de eu estar sofrendo por outra mulher, a garota<br />
que era ousada o bastante para andar de lingerie em público, a garota que era doce o suficiente<br />
para me inspirar na criação de uma música e corar sempre que recebia um elogio, a garota que<br />
eu conheci há anos e desapareceu da minha vida, mas que era doce desde os seus dezesseis,<br />
dezessete anos de idade. Eu queria ter tido a opção de tê-la amado também naquela época.<br />
Porque, se eu pudesse ter a mente de hoje no passado, voltaria no tempo apenas para beijá-la...<br />
Uma única vez naquela noite na cabana.<br />
Fechei meus olhos e aumentei a força da música, cantando a plenos pulmões que eu vivi coisas<br />
que ainda não tinha vivido.<br />
Mas eu queria viver, ao lado dela, todos os dias.<br />
o<br />
Erin<br />
Se eu tinha achado o desempenho do Carter emocionante <strong>com</strong> a música do Ryan Star, nada<br />
poderia ser equiparado à emoção de I Lived, do OneRepublic. As pálpebras fechadas, a voz<br />
rouca e emotiva, a tensão que ele aplicava no microfone e os curtos olhares que ele me lançava:<br />
isso era razão suficiente para eu saber que ele estava cantando aquilo para si mesmo. E todas as<br />
pessoas do cruzeiro pareciam tão atônitas quanto eu, <strong>com</strong>o se tivessem se esquecido do objetivo<br />
para, de fato, terem ido ali.<br />
A apresentação do Carter foi impecável e, quando a nota cem atingiu a tela, eu soube que já<br />
não me importava mais de ficar de lingerie. Longe do efeito da bebida, isso apenas se tratava do<br />
fato de eu não querer mais nenhuma peça me in<strong>com</strong>odando enquanto teria Carter sobre os meus<br />
lábios, principalmente se no final da noite ele estivesse sobre o meu corpo e dizendo o que quer<br />
que ele estivesse pronto para dizer. Eu sequer me importava <strong>com</strong> o fato de estarmos <strong>com</strong><br />
quinhentas pessoas naquela festa. Eu o queria para mim.<br />
Retirei o zíper da peça, sorrindo para ele enquanto me desfazia. Carter, por outro lado, estava<br />
<strong>com</strong> o olhar <strong>com</strong>pletamente fixo em minhas mãos que vagarosamente livravam-me do vestido. Seus<br />
olhos sedentos sobre o meu corpo se tornaram ainda mais desejosos quando a peça caiu aos meus