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segredo.<br />
Conservar nosso relacionamento em privado estava se tornando um peso maior do que eu<br />
poderia aguentar. Minha mente não conseguia parar de sofrer de ansiedade, agitando-me para<br />
analisar o momento ideal para contar a Lua tudo o que aconteceu nesse cruzeiro, desabafar<br />
também sobre o passado e, evidentemente, o presente. Pois o que era uma incerteza passou a se<br />
tornar fato a cada toque de Carter, a cada olhar. Ele estava nutrindo sentimentos por mim e eu já<br />
estava tão apaixonada por ele há tanto tempo que a minha cabeça estava nublada. Tudo o que<br />
eu sempre quis estava acontecendo, finalmente. Será que a reação da minha amiga seria tão ruim<br />
assim?<br />
Preferi conversar <strong>com</strong> Carter sobre isso essa noite. Contar para Lua estava se tornando<br />
necessidade, ao invés de opção. Para isso, eu precisava saber por A mais B o que ele sentia.<br />
Também precisava garantir a ele que meus sentimentos estavam tão insanos que eu preferia correr<br />
o risco de criar um desentendimento <strong>com</strong> Lua a perdê-lo.<br />
— E agora? — perguntou Carter. — O que nós vamos fazer, Yan?<br />
Carter parecia muito contente <strong>com</strong> seu aniversário adiantado. Estar ao lado de quem gostamos<br />
e nos divertindo faz qualquer <strong>com</strong>emoração ser boa. Era isso. Ele estava feliz em seus vinte e seis<br />
anos, quase vinte e sete, fazendo algo simples, e eu me vi feliz por ele.<br />
— O meu é sem graça — anunciou Yan. — Mas acho que vocês vão me agradecer de<br />
qualquer jeito.<br />
Não foi surpresa alguma quando entramos em um restaurante de <strong>com</strong>ida japonesa. Já passava<br />
do meio-dia e a fome já nos atingia. Eu umedeci os lábios, porque a culinária japonesa era a<br />
minha preferida.<br />
Pelo visto também era a de Carter, Yan e Zane.<br />
— Mas esse aniversário tá bom demais! — Zane sentou-se, pedindo para a atendente uma<br />
batida de saquê. — Eu te disse, Carter, que esse cruzeiro ia ser um mega presente.<br />
— <strong>Você</strong> tem razão — ele disse, escolhendo as coisas no cardápio. — Preciso ouvir vocês mais<br />
vezes.<br />
— Precisa nos ouvir sempre — corrigiu Yan.<br />
O almoço foi surpreendentemente silencioso. Zane era o único que se soltava mais, porque ele<br />
estava no segundo, terceiro, quarto — que seja! — saquê. Seu rosto bonito estava corado e os<br />
lábios suficientemente vermelhos para assemelharem-se a morangos maduros.<br />
Carter, no entanto, parecia carinhoso demais. Se eu contasse à Erin de dezessete anos de idade<br />
que ela estaria no futuro sendo acariciada pelo vocalista da The M’s, ela provavelmente me<br />
bateria e me chamaria de louca, porque a premissa era bem irreal aqui. Tudo sobre essa situação<br />
era bem irreal. Mas eu estava, honestamente, pouco me importando.<br />
A única coisa que eu queria era aproveitar cada segundo.<br />
— <strong>Você</strong> gosta de temaki? — ele me perguntou, brilhando aqueles olhos verdes para mim.<br />
Sua boca estava suja de molho agridoce.