04.04.2017 Views

01 Viajando com Rockstar - 7 Dias com Você - Aline Sant'Ana

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

que eu não tive tempo de me <strong>com</strong>unicar <strong>com</strong> ela. Quando perguntei à gentil moça que estava<br />

limpando seu quarto se ela sabia da garota que havia se hospedado lá, a moça apenas deu de<br />

ombros e explicou que, assim que chegou, as portas já estavam abertas, sem qualquer sinal de<br />

hóspedes por ali.<br />

— Obrigada — disse automaticamente, puxando as minhas malas, sem conter a decepção.<br />

Dentro de uma das malas, estavam as coisas que eu queria dar para o Carter de presente hoje,<br />

que era seu aniversário. Até pensei em deixar a caixa <strong>com</strong> todos os itens na porta do seu quarto,<br />

antes de ir embora, mas cogitei se isso não passaria a mensagem errada. Com certeza passaria.<br />

Eu precisava me distanciar dele e de todo o sentimento que nutrimos ao longo desses dias. Não<br />

gostaria que Carter pensasse que eu estava correndo atrás de um relacionamento ou que estava<br />

nos dando uma chance.<br />

Não passaria por cima de Lua, não de novo.<br />

Para Carter, deveria ser mais fácil lidar <strong>com</strong> o turbilhão emocional, já que, ao invés de ter sete<br />

anos no histórico, possuía apenas cento e sessenta e oito horas para ignorar. Eu não. Precisava<br />

enterrar esse sofrimento antigo e afogá-lo em meio à mágoa. Era muito tempo de sentimentos<br />

conflitantes me puxando para baixo, sentimentos antigos tão enraizados em mim que eu duvidava<br />

que pudessem ir embora.<br />

Eu tinha que deixá-los ir.<br />

Não tolerei as traiçoeiras lágrimas que descerem pelo meu rosto, mas era impossível evitá-las.<br />

Assim que avistei o porto de Miami, soube que tudo havia acabado. Tudo. E eu sabia que não<br />

estava relacionado ao navio em si, mas às experiências inacreditáveis que tive <strong>com</strong> Carter. Por<br />

Deus, eu ainda tinha suas marcas na minha pele! Podia fechar os olhos e claramente reviver seus<br />

beijos. Podia também ouvir sua voz cantando no meu ouvido.<br />

Agarrei mais rente ao peito a bolinha de papel que Carter me deu no nosso adeus.<br />

Não tive coragem de lê-la, mas também não pude jogá-la fora.<br />

Desci as escadas apressadamente, quase trombando em algumas pessoas. Assim que me vi livre,<br />

o sol cobriu meus cabelos e pude finalmente respirar. Percebi, nesse instante, que nunca mais seria<br />

a mesma. Essa experiência tinha sido extracorpórea. Eu tive a felicidade, que fez meus pés<br />

flutuarem, e a tristeza, que arrancou o meu coração. Tive tudo isso, e agora tinha que lidar <strong>com</strong> as<br />

repercussões dos meus atos.<br />

Por mais apaixonada que estivesse, minha mente só vagava para Lua.<br />

Nossos dezoito anos de amizade passaram em minha mente <strong>com</strong>o um filme clássico, o que me<br />

fez soltar o resto das lágrimas que restavam. Eu estava cansada de chorar. As emoções que<br />

agarravam meus sentidos eram demais para suportar. Não havia saída.<br />

Entrei no táxi em piloto automático e, sem me conter, tirei o celular da bolsa, ligando para a<br />

discagem rápida de número dois, que ia diretamente para Lua, tentando uma maneira de<br />

encontrá-la, de me desculpar de modo <strong>com</strong>pleto e não <strong>com</strong> um simples “sinto muito”.<br />

Lua não atendeu a primeira chamada, muito menos a segunda ou a terceira.<br />

— Lua Anderson — repetiu pela sexta vez. — Acho que você sabe o que fazer após o bipe.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!