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lágrimas quentes que desciam pelo meu rosto. Duras, <strong>com</strong>o a minha mágoa. Macias, <strong>com</strong>o o toque<br />
dele. Eu já sentia sua falta, pois sabia que, se tivesse que escolher entre Carter e Lua, eu a<br />
escolheria. — Quando nos beijamos pela primeira vez, eu quero dizer. Ele foi o rapaz do baile de<br />
máscaras, aquele a quem você me apresentou, lembra? Eu fugi dele na primeira vez, pois o que<br />
senti foi...<br />
Forte.<br />
Mas não consegui dizer.<br />
— Oh, então você não sabia que ele era o Carter. Mas aí, depois que transaram, ele se revelou<br />
e você pensou: por que não? Lua nunca vai descobrir! É tão divertido enganar a minha amiga, agir<br />
<strong>com</strong>o se ela fosse uma idiota egoísta! — Lua riu, quase tão diabolicamente quanto o Coringa<br />
interpretado pelo Heath Ledger. — Sabe <strong>com</strong>o isso soa? Como uma facada nas costas! Como se<br />
você nunca tivesse me conhecido!<br />
Comecei a soluçar, pois eu não era capaz de rebater o que ela dizia. Se fosse <strong>com</strong>igo, eu<br />
também estaria revoltada. Eu também pensaria que foi uma traição. Mas não <strong>com</strong>preendia porque<br />
ela não via que estava fazendo a mesma coisa <strong>com</strong> Yan em relação ao Carter. Talvez estivesse<br />
cega pelas atitudes, cega por eu tê-la magoado.<br />
Meu estômago se retorceu e eu tive ânsia de vômito enquanto Lua continuava a despejar uma<br />
série de coisas horríveis sobre mim. Mentiras, mas eu não podia deixar de me sentir mal e suja.<br />
Foi assim no passado e é assim agora.<br />
— Quando vi Carter pela primeira vez — disse baixinho, pronta para aguentar toda sua fúria.<br />
Mas era isso, eu não estava adiando mais, ela precisava saber. — Ele estava andando na rua,<br />
usando fones de ouvido, parecendo tão bonito e inatingível. Foi assim durante longas e incontáveis<br />
semanas. Apaixonei-me por um rapaz do qual eu não sabia nome, idade, onde morava ou o que<br />
fazia. Apenas alguém que eu via na rua e era tímida demais para dizer olá.<br />
Lua franziu os olhos, fazendo parecer que minhas palavras a atingiam em meio a feridas não<br />
cicatrizadas do seu coração.<br />
— No dia em que finalmente tive coragem, foi em uma festa. Nós fomos, eu e você, e decidi<br />
que, se ele aparecesse, eu iria falar <strong>com</strong> ele. O rapaz era desconhecido, mas faria mal se eu<br />
dissesse olá? Então, estava confiante de que daria certo. Bem, ele realmente foi. E, naquela pista,<br />
<strong>com</strong> os olhares fixos em você, logo em seguida ele a beijou, e descobri da forma mais dolorosa<br />
que Carter era o rapaz que havia saído contigo nas últimas duas semanas. Foi uma terrível<br />
coincidência, Lua. Mas não tivemos culpa. Nem eu, nem você, nem ele.<br />
— <strong>Você</strong> gosta do Carter desde a época em que éramos adolescentes? — Ela estava sem<br />
emoção alguma na voz.<br />
— Eu era apaixonada por ele, Lua. Mas nunca, durante o ano inteiro que você passou <strong>com</strong><br />
Carter, demonstrei qualquer coisa para ele. <strong>Você</strong>s não descobriram porque sua felicidade era mais<br />
importante do que a minha. Eu fiquei quieta, Lua. Eu omiti isso por tanto tempo...<br />
— O que é mais nojento disso tudo não é a situação, que já é ridícula, mas o fato de você ser<br />
tão fria, calculista e egoísta a ponto de preferir manter tudo em sigilo a me contar. — Sua voz<br />
estava surpreendentemente controlada, os olhos castanhos frios <strong>com</strong>o dois icebergs.