PUBLICACAO_GENERO_FINAL
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
13<br />
um casal grávido, antes de saber o sexo, o bebê é considerado um feto e o enxoval<br />
vai sendo montado em cores “neutras”. Ao fazer o exame que determina o sexo<br />
biológico do/a bebê, tudo muda: se for menino, o enxoval passa ser azul e as<br />
expectativas sobre as futuras escolhas desse ser humano que ainda nem nasceu<br />
começam a se consolidar – ele vai gostar de carrinhos, de jogar futebol, quando for<br />
mais velho, deverá gostar de mulheres e terá uma profissão tida como masculina.<br />
Ser professor de educação infantil? Fora de questão! Já se o exame indicar que é<br />
uma menina, o enxoval será rosa e delicado, e as expectativas serão outras: ela vai<br />
adorar bonecas, vai brincar de princesa, dançar balé... Quando ela crescer, será<br />
necessário tomar cuidado, pois ela deverá se dar ao respeito, não poderá ter fama<br />
de “vadia”...<br />
A grande questão é: como esses comportamentos podem ser naturais se há<br />
toda uma arquitetura social que visa educar os corpos e comportamentos?<br />
Nas palavras de Bento:<br />
“Como afirmar que existe um referente natural,<br />
original, para se vivenciar o gênero se, ao<br />
nascermos, já encontramos as estruturas<br />
funcionando e determinando o que é certo e<br />
errado, o normal e o patológico? O original já<br />
nasce ‘contaminado’ pela cultura.” (Bento, p. 550)<br />
E não podemos nos esquecer de que todas essas expectativas e aprendizados<br />
são construídos a partir da genitália, ou seja, é estabelecida (mesmo antes que<br />
possamos ser conscientes disso) uma narrativa tida como correta para cada um/a<br />
de nós, com um enredo que inclui: de que cores devemos gostar, como devemos<br />
nos comportar, que carreiras podemos seguir, por quem devemos nos sentir<br />
atraídos/as afetiva e sexualmente, de acordo com o nosso órgão sexual, vagina<br />
ou pênis.