PUBLICACAO_GENERO_FINAL
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são fundamentais nesse processo. A vítima deve ter seus sentimentos e<br />
necessidades reconhecidos, mas ao mesmo tempo o/a ofensor/a também deve<br />
ter a oportunidade de se expressar. E a partir de um diálogo, no qual poderão falar<br />
sobre como foram afetados/as pelo ocorrido e sobre o que necessitam, as pessoas<br />
implicadas poderão decidir coletivamente formas de reparar a situação.<br />
À primeira vista, essa forma de lidar com os conflitos pode parecer “branda”,<br />
mas um olhar mais atento nos mostra que no processo restaurativo as pessoas<br />
se implicam muito mais, e isso é bastante dolorido e transformador. Vamos<br />
imaginar uma situação: O pai de Ângela está muito doente e ela está tendo que<br />
se desdobrar para conseguir cuidar dele e da sua própria casa. Os remédios<br />
que seu pai necessita são caros e seu salário não é alto, ela está numa situação<br />
financeira bastante complicada. Certo dia, Ângela foi ao banco retirar o dinheiro<br />
para pagar seu aluguel e comprar os remédios que seu pai necessita, mas na<br />
saída foi assaltada por um adolescente (Juan). Foi um grande susto! Ela ficou<br />
com muito medo e se sentiu com muita raiva, além disso, não teve dinheiro para<br />
pagar o aluguel e comprar os remédios.<br />
Num processo judicial tradicional, Ângela iria até a delegacia fazer um boletim<br />
de ocorrência e não teria seus sentimentos de medo e de raiva acolhidos. Ela<br />
ficaria numa fila enorme com outras pessoas que passaram pela mesma situação<br />
e isso não minimizaria em nada o que estava sentindo. Após fazer o boletim<br />
de ocorrência, a participação de Ângela se encerraria, quando muito, ela seria<br />
chamada para reconhecer o adolescente que a assaltou. Toda a dor, trauma<br />
e consequências que a situação trouxe para sua vida não são importantes.<br />
A partir desse momento, a questão passa a ser entre o Estado e ofensor;<br />
caso ele seja encontrado, será estabelecida a punição cabível ao assalto e o