PUBLICACAO_GENERO_FINAL
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Esses padrões (muitas vezes irreais) de feminilidade e de masculinidade trazem<br />
consequências para a subjetividade de meninas e meninos. As garotas devem estar<br />
dentro de um ideal estético e de comportamento reforçados por uma pressão<br />
social que se traduz de forma bastante violenta. Os garotos, por sua vez, devem<br />
se comportar de forma “viril”, não demonstrar sentimentos (ou falar sobre eles), o<br />
que por si só também é uma violência.<br />
Vivemos numa sociedade que, imbuída por esses estereótipos machistas,<br />
legitima diversas formas de violência contra as mulheres (agressões, estupros,<br />
linchamentos morais etc.) e também contra os homens (as principais causas<br />
de óbitos de jovens do sexo masculino são os acidentes de trânsito e armas<br />
de fogo – e não por acaso, quais são os principais brinquedos dos meninos?<br />
Carrinhos e armas).<br />
Os processos de aprendizagem cultural em torno da sexualidade estão intimamente<br />
relacionados aos códigos de gênero vigentes no contexto social em que os/as<br />
sujeitos/as estão inseridos/as. Há, assim, um inescapável imbricamento entre<br />
gênero e sexualidade. Também as idades consideradas adequadas para a expressão<br />
da sexualidade dependem de convenções sociais variáveis.<br />
Na construção do gênero feminino há uma subsunção do sexo à afetividade,<br />
frequentemente referida pela literatura como uma dimensão relacional do<br />
gênero feminino, ou seja, a mulher sempre dependeria do outro (e este outro<br />
seria sempre um homem) para vivenciar sua sexualidade. Já a sexualidade<br />
masculina é socialmente modelada no sentido de ser portadora de sentido em<br />
si mesma, como se retivesse uma intrínseca qualidade instrumental (Heilborn,<br />
2004), sendo a disposição para a atividade sexual e a valorização do número de<br />
parceiras bons exemplos disso. No que diz respeito à sexualidade, temos um duplo