PUBLICACAO_GENERO_FINAL
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estereótipo de “menor em conflito com a lei” será “carimbado” em sua testa,<br />
acompanhando-o por toda sua trajetória.<br />
Por outro lado, num processo restaurativo, Ângela seria apoiada para<br />
elaborar seus sentimentos com relação ao ocorrido, tendo suas necessidades<br />
reconhecidas e atendidas para que possa superar sua posição de vítima<br />
e, no decorrer do processo, possa também estabelecer uma relação de<br />
empatia com o adolescente que a assaltou. Ao mesmo tempo, Juan também<br />
terá a oportunidade de elaborar o que aconteceu e o que sentiu, podendo<br />
ser visto e também se ver para além do ato cometido, como Juan e não<br />
como um “menor infrator”. A primeira etapa constitui-se de pré-círculos<br />
individuais, nos quais cada envolvido/a possa conectar-se consigo mesmo, com<br />
o que aconteceu, o que sentiu e também pensar nas outras pessoas que foram<br />
impactadas pelo fato. Quando todos/as se sentirem preparados/as, acontece o<br />
encontro entre as partes (cada pessoa diretamente envolvida no conflito pode<br />
levar pessoas de apoio para o encontro – neste caso, a comunidade de apoio<br />
também deve passar pelo processo de pré-círculos), no qual cada um poderá<br />
contar ao/à outro/a sua versão do fato, quais as consequências do ocorrido na<br />
sua vida, como se sentiu depois do que ocorreu. Agora imagine Juan ouvindo a<br />
história de Ângela, sabendo como a falta daquele dinheiro prejudicou a saúde<br />
de seu pai e como não pôde pagar o aluguel. Imagine também Ângela ouvindo<br />
a história de Juan, com todos os sofrimentos que ele já passou e que teve como<br />
ápice o assalto. Todos/as ficam frente a frente! Todos/as se encontram com o que<br />
há de mais humano no/a outro/a, já não há mais espaço para a criação imaginária<br />
de anjos e demônios. E coletivamente se pensará em formas de transformar a<br />
situação a partir das necessidades de todos/as envolvidos, o que pressupõe a<br />
responsabilização de todos/as.