A dança da mente : Pina Bausch e psicanálise - pucrs
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APRESENTAÇÃO<br />
A arte e o inconsciente sempre foram áreas que despertaram meu<br />
interesse. Talvez por isso tenha buscado, inicial<strong>mente</strong>, na minha vi<strong>da</strong><br />
profissional, a graduação de Comunicação Social, com especialização<br />
em Publici<strong>da</strong>de e Propagan<strong>da</strong>. Durante to<strong>da</strong> a facul<strong>da</strong>de, ouvi que boa<br />
propagan<strong>da</strong> é aquela que busca atingir o inconsciente do consumidor,<br />
que surpreende por traduzir seus desejos mais escondidos, ou até<br />
mesmo proibidos.<br />
Depois de três anos trabalhando neste meio, deixei a Publici<strong>da</strong>de<br />
e cheguei à Dança. Mais especifica<strong>mente</strong> à Dança Contemporânea. O<br />
que me atraiu nessa mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>de de <strong><strong>da</strong>nça</strong> foi justa<strong>mente</strong> a possibili<strong>da</strong>de<br />
de o bailarino exteriorizar seus sentimentos de forma mais livre e<br />
criativa. A Dança Contemporânea, ao meu olhar, considera o corpo em<br />
sua totali<strong>da</strong>de, trata o bailarino como ser humano complexo, com um<br />
conjunto de experiências multidisciplinares, com um corpo híbrido em<br />
teorias e vivências.<br />
A concepção de corpo mais comu<strong>mente</strong> encontra<strong>da</strong> em práticas de<br />
<strong><strong>da</strong>nça</strong> durante muito tempo foi um reflexo do corpo construído a partir dos<br />
valores renascentistas: um corpo técnico, treinado, clássico, individual e<br />
virtuoso. O “corpo objeto” era considerado um mero instrumento <strong>da</strong> arte,<br />
o qual era adestrado, através de um treino rigoroso, com a intenção de<br />
criar uma imagem de perfeição, de acordo com a vontade do professor e/<br />
ou coreógrafo, um corpo engessado ou em uma “camisa de força”.<br />
Desde o surgimento <strong>da</strong> Dança Moderna e Contemporânea, esse<br />
conceito de corpo <strong><strong>da</strong>nça</strong>nte vem se modificando, e houve mu<strong><strong>da</strong>nça</strong>s<br />
significativas na relação coreógrafo/bailarino. Hoje, o corpo é ca<strong>da</strong> vez<br />
mais considerado um retrato de inúmeras influências, sejam elas culturais,<br />
sociais, físicas ou emocionais. O bailarino não é mais considerado um<br />
mero “objeto”, e sim uma pessoa, com história e valores próprios, com um<br />
imaginário e emoções peculiares.