A dança da mente : Pina Bausch e psicanálise - pucrs
A dança da mente : Pina Bausch e psicanálise - pucrs
A dança da mente : Pina Bausch e psicanálise - pucrs
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
38<br />
A <strong><strong>da</strong>nça</strong> <strong>da</strong> <strong>mente</strong> <strong>Pina</strong> <strong>Bausch</strong> e Psicanálise<br />
A função do analista é, sobretudo, permitir que a situação analítica se<br />
desenvolva, devendo, para isso, escutar cui<strong>da</strong>dosa<strong>mente</strong> as associações<br />
do paciente, observando sua conduta e percebendo suas próprias reações.<br />
Isso não significa que o analista deva permanecer silencioso durante to<strong>da</strong> a<br />
sessão. É importante que transmita, em suas intervenções e interpretações,<br />
uma atmosfera de tolerância e um estímulo afetuoso para que o paciente<br />
expresse tudo o que lhe vier à <strong>mente</strong>.<br />
Sabe-se que isso, no entanto, não é o suficiente, já que o paciente, em<br />
maior ou menor grau, manifesta alguma resistência em relação à regressão<br />
provoca<strong>da</strong> pelo processo analítico. Caso o analista perceba um aumento no<br />
nível de resistência como, por exemplo, quando o paciente deixa de falar<br />
ou ocupa a análise só com sonhos, ou ain<strong>da</strong> demonstra qualquer um dos<br />
muitos e diferentes signos de resistência reconhecíveis, esse então deve<br />
ser o mais importante foco do trabalho analítico, até que se possa interpretar<br />
aquele momento <strong>da</strong> terapia.<br />
2.2 O PROCESSO PSICANALÍTICO<br />
A cura pela palavra, ou seja, a possibili<strong>da</strong>de de tratar doenças através<br />
do diálogo, foi cria<strong>da</strong>, conforme já citei no item anterior, por Sigmund Freud<br />
no final do século XIX. Em 1896, Freud utilizou, pela primeira vez, o termo<br />
“psico-análise”, isto é, conversas “com alma” (psique). O jovem médico<br />
sistematizou o uso do diálogo com o objetivo de minorar sofrimentos e<br />
perturbações mentais.<br />
A terapia psicanalítica tem como principal objetivo desfazer as causas<br />
<strong>da</strong> neurose. Em outras palavras: procura descobrir e solucionar os conflitos<br />
neuróticos do paciente, de forma que aspectos inconscientes que ficaram<br />
excluídos do processo de amadurecimento possam se tornar conscientes.<br />
Esse pode ser um processo extrema<strong>mente</strong> doloroso para o paciente, pois<br />
é necessário reviver e relembrar sentimentos, sensações e situações<br />
traumáticas. Conforme colocado anterior<strong>mente</strong>, para que o analista tenha<br />
acesso a esse conteúdo inconsciente do paciente, faz-se uso <strong>da</strong> associação<br />
livre, considera<strong>da</strong> o método fun<strong>da</strong>mental <strong>da</strong> <strong>psicanálise</strong>, também chama<strong>da</strong><br />
“regra básica” (GREENSON, 1981, p. 27).<br />
Quando o paciente, sofrendo de uma neurose, procura tratamento<br />
psicanalítico com o desejo consciente de mu<strong>da</strong>r alguma coisa, existem<br />
forças inconscientes dentro dele que vão contra essa mu<strong><strong>da</strong>nça</strong>. A essas<br />
forças dá-se o nome de resistências. Durante o tratamento, o paciente irá