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A dança da mente : Pina Bausch e psicanálise - pucrs

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37<br />

Maria Tereza Furtado Travi<br />

o acesso do paciente e do analista ao latente doloroso do discurso do<br />

analisado. No tratamento, interpretação é a comunicação feita ao paciente<br />

pelo terapeuta com vistas a facilitar o seu acesso ao sentido latente,<br />

segundo a técnica e o momento do tratamento. Embora a interpretação,<br />

como parte <strong>da</strong> técnica psicanalítica, já esteja presente desde o início <strong>da</strong><br />

Psicanálise, ela só foi denomina<strong>da</strong> e delimita<strong>da</strong> mais tarde, quando a<br />

técnica começou a se definir e a interpretação assumiu o papel de principal<br />

ação terapêutica.<br />

Sobre o conceito de interpretação, Zimerman coloca:<br />

... nos trabalhos de Freud sobre técnica psicanalítica,<br />

interpretar aparece como uma forma de o analista explicar<br />

o significado de um desejo inconsciente que surja através<br />

de sonhos, lapsos, atos falhos, alguma resistência<br />

e na associação de idéias conti<strong>da</strong>s no discurso do<br />

analisando. (2001, p. 220-221).<br />

Inúmeros artigos, livros e estudos já foram realizados sobre<br />

interpretação em Psicanálise. Valeria salientar que o processo de interpretação<br />

não abrange o conjunto de intervenções do analista no tratamento, como<br />

estímulo para falar, tranquilização, explicações de mecanismos ou símbolos,<br />

construções, assinalamentos ou confrontações, apesar <strong>da</strong> compreensão de<br />

que to<strong>da</strong>s essas formas possam assumir, no contexto <strong>da</strong> situação analítica,<br />

um valor interpretativo.<br />

Nesse sentido, o analista passa a ser o leitor do discurso do seu<br />

paciente, capaz de, junto com ele, contextualizar o que está sendo dito e de, no<br />

decorrer <strong>da</strong> sessão, retirar do texto apresentado, as hipóteses interpretativas.<br />

Após os estudos de Freud, de um século atrás, outros autores psicanalíticos,<br />

médicos e fisiologistas acrescentaram importantes descobertas ao processo<br />

do sonho, entretanto estes conceitos iniciais foram e são fun<strong>da</strong>mentais para<br />

interpretação dos sonhos, durante uma análise, até hoje.<br />

Em síntese, para a Psicanálise, o inconsciente se expressa na fala<br />

independente<strong>mente</strong> <strong>da</strong> vontade do sujeito e além do seu conhecimento<br />

consciente. A pessoa diz mais do que pensa e do que quer dizer. A fala<br />

tem a característica de ser inevitavel<strong>mente</strong> ambígua, sendo um modo <strong>da</strong><br />

ver<strong>da</strong>de do inconsciente se revelar e se ocultar ao mesmo tempo. É o<br />

inconsciente de um paciente sendo decodificado pelo outro, o do terapeuta,<br />

através dos registros de seu inconsciente, ambos formados por inúmeras<br />

vozes que constituem a história de ca<strong>da</strong> um.

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