A dança da mente : Pina Bausch e psicanálise - pucrs
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Maria Tereza Furtado Travi<br />
repetir as mesmas manobras defensivas que realiza em sua vi<strong>da</strong>. A análise<br />
dessas resistências é o que a técnica psicanalítica busca em primeiro lugar.<br />
Segundo GREENSON (1981, p. 40),<br />
O termo “analisar” é uma expressão compacta que<br />
abrange aquelas técnicas que aumentam a compreensão<br />
interna. Em geral, inclui quatro procedimentos<br />
diferentes: confrontação, esclarecimento, interpretação<br />
e elaboração (working through). [...] O procedimento<br />
analítico mais importante é a interpretação; todos os<br />
outros procedimentos estão a ela subordinados, teórica e<br />
pratica<strong>mente</strong>. Todos os procedimentos analíticos ou são<br />
medi<strong>da</strong>s que levam a uma interpretação ou medi<strong>da</strong>s que<br />
tornam eficiente uma interpretação.<br />
A associação livre é, então, um dos métodos fun<strong>da</strong>mentais para se<br />
alcançar uma interpretação eficiente dos conflitos trazidos pelo paciente.<br />
Greenson (1981, p. 35) afirma que “a associação livre tem priori<strong>da</strong>de sobre<br />
todos os outros meios de produção de material na situação analítica”. O<br />
paciente é convi<strong>da</strong>do a associar livre<strong>mente</strong> durante to<strong>da</strong> a consulta, mas<br />
pode também relatar sonhos e acontecimentos <strong>da</strong> sua vi<strong>da</strong> cotidiana. O<br />
analista pede ao paciente que tente deixar as coisas aparecerem e dizê-las<br />
sem preocupação com lógica, ordem, vergonha, censura. A “regra” é deixar<br />
as coisas virem à <strong>mente</strong>. Para conseguir isso, o paciente precisa suportar<br />
a incerteza, a ansie<strong>da</strong>de, a depressão, as frustrações e humilhações que<br />
podem surgir no decorrer de sua fala. Porém, é crucial que o paciente se<br />
deixe levar por suas emoções durante a sessão psicanalítica para que seu<br />
discurso possa ser uma experiência genuína.<br />
Para poder chegar mais perto <strong>da</strong> associação livre, o<br />
paciente deve ser capaz de abandonar seu contato<br />
com a reali<strong>da</strong>de, parcial e temporaria<strong>mente</strong>. Mas deve<br />
ser capaz de <strong>da</strong>r informação precisa, de recor<strong>da</strong>r e de<br />
ser compreensível. Deve ser capaz de oscilar entre o<br />
raciocínio do processo primário. Esperamos que ele se<br />
deixe levar pelas suas fantasias, comunicá-las o melhor<br />
que puder, com palavras e sentimentos que poderão<br />
ser entendidos pelo analista. [...] Exigimos do paciente<br />
que seja capaz de ouvir e entender nossas intervenções<br />
e também associar livre<strong>mente</strong> sobre o que dissemos<br />
(GREENSON, 1981, p. 403).