edição de 17 de julho de 2017

mArcAs
Força de Havaianas no exterior pode
multiplicar o valor da Alpargatas
Analistas de mercado avaliam caminhos das marcas que pertencem ao
grupo diante da possível venda da participação da J&F por R$ 3,5 bilhões
Danúbia Paraizo
notícia sobre a venda da
A participação majoritária do
grupo Alpargatas, pertencente
à J&F, dos irmãos Wesley e Joesley
Batista, na semana passada,
movimentou o mercado
diante dos possíveis cenários
para marcas internacionalmente
fortes, como Havaianas,
Osklen e Mizuno.
A companhia passará a ser
comandada pela Itaúsa Investimentos,
que controla o Itaú
Unibanco, a Cambuhy Investimentos
e a Brasil Warrant, caso
a transação seja confirmada
pelo Cade (Conselho Administrativo
de Defesa Econômica).
Em comunicado oficial que
confirmou a oferta de R$ 3,5 bilhões,
no último dia 12, a Itaúsa
destacou a força das marcas
que integram a Alpargatas, distribuídas
hoje para mais de 100
países, além de sua relevância
para o varejo. O grupo dispõe
de 150 mil pontos de venda no
Brasil e dez mil no exterior,
impulsionados, sobretudo, por
seu carro-chefe, a Havaianas,
que com 55 anos de história é
uma das marcas mais lembradas
pelos brasileiros.
O futuro da fabricante de
sandálias, em particular, chama
a atenção de analistas de marketing
e de reputação diante
das recentes declarações dos
novos proprietários da Alpargatas.
A empresa será foco de
investimentos na diversificação
de seu portfólio de produtos,
fortalecimento do e-commerce
e expansão de sua presença
internacional, como declarou
Alfredo Egydio Setubal, presidente
da Itaúsa, durante teleconferência
com investidores
no último dia 14. “A marca Havaianas
tem capacidade de expansão
muito grande nos Estados
Unidos, onde a participação
ainda é relativamente pequena
e muito concentrada na Califórnia,
Flórida e Nova York”, revelou
à Folha de S.Paulo.
Um dos anúncios da premiada campanha de Havaianas, que se tornou um dos principais produtos brasileiros com apelo internacional
Para Alan Kuhar, especialista
em varejo e professor de administração
da ESPM, há duas maneiras
de avaliar o peso da compra
da Alpargatas: do ponto de
vista financeiro e de seu valor
de marca para o consumidor.
Pelo viés comercial, é inegável
a vantagem na transação, diante
dos bons resultados do grupo
nos últimos anos.
Em 2016, a Alpargatas faturou
R$ 4 bilhões, pouco mais
que o valor de sua venda. Segundo
Kuhar, a situação política
dos irmãos Batista, que precisam
acertar com o Ministério
Público pagamento de R$ 10,3
bilhões referentes ao acordo de
lenicência, na Operação Lava-
-Jato, facilitou a negociação. “Já
do ponto de vista do consumidor,
Havaianas, especialmente,
tem um patrimônio mercadológico
muito rico, é sinônimo de
qualidade de produto. É uma
“Havaianas,
especialmente,
tem um patrimônio
mercadológico
muito rico, é
sinônimo de
qualidade de
produto”
Divulgação
marca que vende 200 milhões
de pares por ano. Minha aposta
é que os novos donos vão
trabalhar muito bem as marcas
do grupo e vender por um valor
bem mais elevado no futuro”.
Vale lembrar que o grupo pertencia
à Camargo Correa, mas
foi comprado pela J&F em 2015.
Para Daniel Amaral, professor
de publicidade da Fecap,
ainda é cedo para avaliar o impacto
da venda da Alpargatas,
sobretudo no exterior, foco dos
negócios dos novos proprietários,
mas adianta: “É mais
difícil de explicar para os estrangeiros
o envolvimento das
marcas nesse escândalo de corrupção,
mas Havaianas, lá fora,
tem valor próprio, então, tem
potencial de passar por essa
turbulência e até multiplicar
sua presença. Vai depender de
como o marketing vai trabalhar
a gestão daqui para frente”.
42 17 de julho de 2017 - jornal propmark