Revista dos Pneus 52

Pneus pesados
Carlos Marques, Recauchutagem 31
“Há 10 anos, produzia 40.000
pneus pesados por ano. No
ano passado, produzi 15.000
e sobrevivi. Fiz investimentos
brutais em equipamentos
de topo e foi precisamente
nesse momento que deixo
de ganhar dinheiro”
já querem estar presentes”, avançou.
Da parte da Tirso Pneus, Paulo Santos, concordou
com a opinião exposta. “É sabido
que o mercado tem vindo a decrescer nos
últimos meses. De facto, algo melhorou face
aos primeiros meses, mas, depois, houve um
decréscimo brutal. Se, de facto, algo tem me-
regra nova, que foi implantada sem praticamente
ninguém se aperceber, porque o
correto era que, a partir de uma certa data,
os operadores fossem avisados da entrada
em vigor do regulamento. Quando saiu a
informação que, no dia seguinte, iria haver
entradas num processo que se desenrolaria
durante nove meses. À data da realização
desta mesa redonda, faltará menos de um
mês. Todas as pessoas que faziam as suas
previsões para ter stock, têm de comprar. E
para se comprar, têm de planear. E o planeamento
passa pelos pneus que existem
em stock, os que vão chegar, os que estão
a caminho, os que vão partir. Portanto,
defendemo-nos, fizemos as nossas regras,
defendemos aquilo que entendemos e,
claro, houve um decréscimo, porque chegámos
a uma fase em que ninguém sabe
quanto é que vai custar um pneu”, adiantou.
E explicou. “Porque aquilo que, hoje,
se fala em termos de valores, é uma coisa
que está proposta, não é definitiva. Não se
sabe se haverá uma subvenção comercial,
não se sabe se haverá retroatividade. Portanto
está tudo muito longe de ficar prelhorado,
poderá ser devido, não só, ao que é
vendido no país, nomeadamente nas marcas
premium, mas, também, ao que é exportado.
Está a ser um ano muito difícil para todos
os players do mercado, tenham eles produtos
premium, quality ou até mesmo marcas
budget ou low cost”, adiantou o responsável.
Carlos Marques, da Recauchutagem 31, enquadrou
a sua visão com a experiência na
atividade da recauchutagem. “Há 10 anos,
produzia 40.000 pneus pesados por ano. No
ano passado, produzi 15.000 e sobrevivi. Fiz
investimentos brutais em equipamentos de
topo e foi precisamente no momento em
que os fiz que deixei de ganhar dinheiro”,
lamentou. “O problema não é o mesmo do
que o dos nossos colegas aqui presentes,
que fazem venda de pneus novos, mas sim
a concorrência que temos há vários anos. O
regulamento anti-dumping de pneus de camião
está, em princípio, a funcionar. Portanto,
era completamente impossível estarmos num
mercado em que eu vendia um pneu por €130
ou €140 e comprava-se um pneu oriundo
da China por €100. Era completamente
impossível. Mas sobrevivi e ainda cá estou,
principalmente porque somos uma empresa
que aposta na diversidade. A concorrência,
para mim, nunca foi preocupação, desde
que seja leal. Os custos são mais elevados
para nós do que os que existem na China,
tanto em termos de salários, eletricidade e
combustíveis, como outros. Tem sido difícil,
mas, nestes últimos meses, está a verificar-se
um crescimento”, afirmou.
REGRA NOVA E IMPREVISÍVEL
Rui Chorado, da Dispnal, faz a mesma leitura.
“Fomos ‘apanhados’, em fevereiro, por uma
Paulo Santos, Tirso Pneus
“O mercado tem vindo a
decrescer nos últimos meses.
Melhorou face aos primeiros
meses, mas, depois, houve
um decréscimo brutal (...).
Está a ser um ano muito
difícil para todos os players
do mercado, tenham eles
produtos premium, quality
ou até mesmo marcas
budget ou low cost”
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