29.10.2018 Views

Revista dos Pneus 52

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Mesa redonda<br />

<strong>Pneus</strong> pesa<strong>dos</strong><br />

visível. Os próprios fabricantes também<br />

estão apreensivos, até porque o mercado<br />

europeu é importante para eles”, frisou.<br />

“Apanhado de surpresa” é, também, a expressão<br />

utilizada por Filipe Bandeira, da AB<br />

Tyres, para descrever o que sentiu com as<br />

novas regras. “Em fevereiro, com a nova lei<br />

imposta, não sabíamos bem como reagir.<br />

Nem o mercado, que, depois, até reparámos<br />

que ficou um bocadinho confuso daí para<br />

a frente, com os stocks e o que está para<br />

vir e não está”, disse. “Tivemos, também,<br />

de adaptar-nos, mas sentimos alguma dificuldade<br />

naqueles primeiros tempos, pelo<br />

dumping, neste caso os pneus importa<strong>dos</strong><br />

diretamente da China. E, para nós, que tínhamos<br />

algumas marcas fortes nesse segmento<br />

e dessa origem, reduzimos, drasticamente,<br />

as vendas e tivemos de nos adaptar. Mas<br />

sentimos que, nesta segunda fase do ano,<br />

conseguimos recuperar”, afirmou.<br />

A terminar a primeira ronda, Paulo Santos, da<br />

AB Tyres, chamou a atenção para a ausência<br />

<strong>dos</strong> fabricantes na mesa, “uma vez que são<br />

uma peça importante no nosso mercado”.<br />

Registada a ausência, fez notar que existe,<br />

hoje, “uma maior pressão na venda por parte<br />

deles (fabricantes). De alguma forma, este<br />

desequilíbrio que existe no mercado, esta<br />

falta de informação, não nos permite ver qual<br />

será o caminho, porque, tal como refere Rui<br />

Chorado, há situações que são ambíguas<br />

e de interpretação dúbia”, disse. “Estamos<br />

numa fase bastante conturbada, que afetou<br />

to<strong>dos</strong> os presentes. Portanto, ainda não<br />

estamos a ver a tal ‘luz ao fundo do túnel’.<br />

Por outro lado, há uma pressão enorme, nomeadamente<br />

de distribuidores do nosso país<br />

vizinho, que entram em Portugal com outro<br />

tipo de marcas ou outras marcas neste segmento<br />

de produto. Em alguns casos, ponho<br />

até em causa a legalidade das operações. E<br />

não existe absolutamente nenhum controlo<br />

dessas situações”, alertou.<br />

ANTI-DUMPING: BOM OU MAU?<br />

O debate virou, de seguida, para o regulamento<br />

anti-dumping. Luís Aniceto, da S.<br />

José <strong>Pneus</strong>, ainda não sabe dizer ao certo<br />

se esta medida é positiva ou negativa para<br />

Paulo Santos, AB Tyres<br />

“Existe, hoje, uma maior<br />

pressão na venda por parte<br />

<strong>dos</strong> fabricantes. De alguma<br />

forma, este desequilíbrio<br />

que existe no mercado, esta<br />

falta de informação, não<br />

nos permite ver qual será o<br />

caminho (...). Estamos numa<br />

fase bastante conturbada,<br />

que afeta to<strong>dos</strong> os<br />

presentes”<br />

PAPEL DO DISTRIBUIDOR NA CADEIA DE VALOR<br />

Perante os assuntos aborda<strong>dos</strong> na Mesa Redonda,<br />

impunha-se a questão: qual será, afinal,<br />

o atual papel do distribuidor na cadeia de valor?<br />

Paulo Santos, da AB Tyres, defendeu que<br />

a importância será aquela que os “fabricantes<br />

querem que nós tenhamos”, afirmou. “E cada<br />

vez eles querem chegar a mais sítios e acabam<br />

por deixar-nos os locais onde é mais difícil chegar.<br />

Quer seja por que há mais risco financeiro,<br />

quer seja por questões logísticas. O que temos<br />

feito, e acho que é transversal a to<strong>dos</strong> os distribuidores,<br />

é utilizar marcas que não estejam<br />

ligadas a fabricantes, ou seja, aquelas em que<br />

somos nós os representantes em Portugal e não<br />

há outros intermediários, para que consigamos<br />

posicionar-se em pontos estratégicos sem estar<br />

sob a alçada de fabricantes”, revelou. Porém,<br />

“o que acontece com as marcas premium, em<br />

que somos sujeitos à vontade do fabricante, é<br />

que, no fim do ano, temos um grande volume<br />

de vendas, mas, em termos de rentabilidade, o<br />

resultado é pouco significativo”, concluiu.<br />

O raciocínio foi partilhado por Filipe Bandeira,<br />

também da AB Tyres. “É um tema sensível. Antigamente,<br />

os fabricantes vendiam ao distribuidor<br />

e este vendia à oficina. Neste momento, o<br />

fabricante já quer vender à oficina diretamente<br />

e, muitas vezes, até ao cliente final. Começam,<br />

agora, a criar as suas próprias redes oficinais.<br />

Muitas vezes, chegamos a uma oficina e a resposta<br />

que obtemos é que já têm um acordo direto<br />

com o fabricante”, esclareceu.<br />

Já Rui Chorado acredita que é necessário poder<br />

de “adaptação”. Na sua opinião, “quase<br />

não existe espaço para cometer erros. Temos<br />

de trabalhar sempre o melhor possível com as<br />

capacidades que temos. Porque, efetivamente,<br />

trabalhamos com grandes marcas em que, muitas<br />

vezes, os grandes grupos da Europa compram<br />

de uma só vez o que eu só posso comprar<br />

em seis meses ou um ano. E, aí, tenho de lutar<br />

contra a própria casa. É uma adaptação diária e<br />

uma constante procura de soluções. Há um ano<br />

ou dois, não trabalhávamos da mesma forma<br />

que trabalhamos hoje. Neste momento, o mercado<br />

pede-nos uma aceleração em que quase<br />

que o pneu tem de ser entregue mais rápido do<br />

que um medicamento, porque até o cliente que<br />

tem uma oficina na aldeia quer pedir o pneu<br />

de manhã e quer que seja entregue depois de<br />

almoço”, afirmou.<br />

Carlos Marques, da Recauchutagem 31, focou-<br />

-se no problema da logística. “Até aqui, oferecíamos<br />

um serviço ao nosso cliente sem cobrar<br />

nada. Nós é que habituámos o cliente a ter os<br />

pneus o mais rapidamente possível, acabámos<br />

com os stocks em casa do retalhista. O que<br />

está, aqui, em causa é o exagero de entregas. E<br />

temos de arranjar forma de fazê-los regredir”,<br />

alertou o responsável.<br />

Por sua vez, Paulo Santos, da Tirso <strong>Pneus</strong>,<br />

acrescentou que o facto de “as entregas serem<br />

feitas várias vezes ao dia, nós, no fundo, não podemos<br />

culpar ninguém, porque o que gerou isto<br />

foi a falta de rentabilidade do retalhista. Porque<br />

se o retalhista cada vez tem menos margem,<br />

logicamente verificamos mais problemas económicos.<br />

E quem é mais prejudicado é o distribuidor.<br />

Não vai ser possível regredir as entregas<br />

12 | <strong>Revista</strong> <strong>dos</strong> <strong>Pneus</strong> | Outubro 2018

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!