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Revista dos Pneus 52

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eneficiando o consumo de combustível.<br />

Se forem só recupera<strong>dos</strong> os pneus do eixo<br />

de tração, pode ganhar-se 2,5% em gasóleo.<br />

Mas se forem to<strong>dos</strong> os pneus de um conjunto<br />

articulado completo, esse ganho já pode ser<br />

de 6%.<br />

Relativamente à recauchutagem, a quilometragem<br />

possível com o pneu renovado<br />

é idêntica à de um pneu novo, mas o custo<br />

da operação é 50 a 70% menor do que o<br />

preço de um pneu novo. Dependendo da<br />

dimensão da frota, basta multiplicar os pneus<br />

recauchuta<strong>dos</strong> pelo preço de um pneu novo<br />

e dividir por dois, ou mesmo por 1,5, para<br />

termos o lucro líquido alcançado.<br />

ENQUADRAMENTO LEGAL<br />

Neste momento, os pneus recauchuta<strong>dos</strong><br />

têm uma qualidade final e uma garantia<br />

idênticas à de um pneu novo. No caso <strong>dos</strong><br />

pneus pesa<strong>dos</strong>, na maior parte das situações<br />

são recauchuta<strong>dos</strong> pelo próprio fabricante<br />

de pneus novos, ao abrigo de contratos e<br />

convénios com as transportadoras. To<strong>dos</strong> os<br />

grandes fabricantes de primeira linha oferecem<br />

um conjunto de serviços para frotas<br />

muito semelhante e atrativo, devido à grande<br />

concorrência, estimulada pelos volumes de<br />

negócio muito consideráveis.<br />

A tecnologia utilizada atualmente na recauchutagem<br />

de pneus, é idêntica à utilizada<br />

nos pneus de aeronaves, com os mesmos<br />

padrões de qualidade, estando sujeita à regulamentação<br />

109 da UNECE (United Nations<br />

Economic Commission for Europe). Os pneus<br />

recauchuta<strong>dos</strong> têm de trazer no flanco a gravação<br />

do acordo, que pode ser, por exemplo,<br />

109R-002439. Qualquer pneu recauchutado<br />

que não esteja identificado deste modo, é,<br />

portanto, suspeito.<br />

Basicamente, existem duas tecnologias de<br />

recauchutagem de pneus: “a frio” e “a quente”.<br />

No primeiro caso, diz-se “a frio”, porque a<br />

banda de rolamento já está vulcanizada e<br />

pronta para ser montada na carcaça. Esta<br />

deve, no entanto, estar em muito bom estado<br />

e com os flancos e talões impecáveis.<br />

O processo decorre num forno a 110º C e a<br />

uma pressão de 7 bar, durante o qual uma<br />

borracha especial colocada entre a carcaça e<br />

a banda de rolamento provoca a perfeita aderência<br />

e ligação dessas duas partes do pneu.<br />

A vantagem deste processo para a carcaça<br />

é não suportar pressões e temperaturas tão<br />

elevadas como na recauchutagem “a quente”,<br />

preservando-se mais.<br />

A recauchutagem “a quente” assemelha-se<br />

em tudo ao fabrico de um pneu novo, sendo<br />

a nova banda de rolamento e os flancos vulcaniza<strong>dos</strong><br />

na carcaça a uma temperatura de<br />

150º C e a uma pressão de 14 bar. No final,<br />

temos um pneu praticamente novo.<br />

Logicamente, o resultado final depende, em<br />

grande medida, da qualidade da carcaça e<br />

do tratamento que lhe é prestado. Pequenos<br />

defeitos podem ser repara<strong>dos</strong> com garantia,<br />

mas, a partir de uma certa dimensão, os danos<br />

são irreparáveis e o pneu tem de ser enviado<br />

para valorização. Testes à lupa da estrutura<br />

fazem parte da seleção das carcaças que são<br />

recauchutadas.<br />

E QUANTO AO AMBIENTE?<br />

O processo de gestão <strong>dos</strong> pneus pesa<strong>dos</strong><br />

em quatro vidas, pelo menos, é favorável ao<br />

ambiente, tanto em termos de conservação<br />

de recursos, como em economia energética.<br />

Uma carcaça, que é aquilo que o pneu conserva<br />

ao longo das suas quatro vidas, representa<br />

70% do peso total de um pneu, o que<br />

diz tudo sobre o que significa aprofundar e<br />

recauchutar um pneu, levando-o a praticamente<br />

triplicar a quilometragem percorrida<br />

no final da vida útil.<br />

Globalmente, tendo em conta a frota europeia<br />

de transportes rodoviários, a economia<br />

de borracha natural, borracha sintética<br />

(derivada do petróleo) e aço (para as telas e<br />

talões) atinge valores muito consideráveis, o<br />

que, naturalmente, são boas notícias para o<br />

ambiente. Se a isto juntarmos a redução de<br />

energia gasta na produção de pneus novos<br />

e respetivas carcaças, bem como as emissões<br />

de CO 2<br />

que se evitam, até se poderia dizer<br />

que este devia ser o padrão normal na gestão<br />

<strong>dos</strong> pneus das frotas de pesa<strong>dos</strong>.<br />

ECONOMIA COM QUALIDADE<br />

Seria desastroso, em to<strong>dos</strong> os senti<strong>dos</strong> do<br />

termo, que a busca de reduções nos custos<br />

operacionais das frotas significasse uma degradação<br />

das normas de segurança rodoviária.<br />

Felizmente, grande parte do processo de<br />

otimização da utilização <strong>dos</strong> pneus decorre<br />

no circuito das grandes marcas, cujos padrões<br />

de qualidade não merecem qualquer reparo.<br />

Claro que isso não poderia ser um pretexto<br />

para criar o monopólio de três ou quatro<br />

marcas, devendo ser preservada a hipótese<br />

de outros recauchutadores terem (como têm)<br />

as suas oportunidades no mercado. Se, no<br />

caso da recauchutagem, os padrões estão<br />

claramente defini<strong>dos</strong> para a Europa e até a<br />

nível global, no caso das operações de recortar<br />

e aprofundar a banda de rolamento<br />

<strong>dos</strong> pneus é preciso, também, evitar que se<br />

corram riscos desnecessários. Um trabalho<br />

pouco profissional e mal executado pode<br />

colocar em risco a segurança do pneu, provocando<br />

a separação <strong>dos</strong> seus elementos,<br />

furos e rebentamentos, entre outros.<br />

Os padrões de qualidade que estão a ser segui<strong>dos</strong><br />

nesta atividade são os da E.T.R.T.O.<br />

(European Tyre and Rim Technical Organization),<br />

exigindo profissionais qualifica<strong>dos</strong><br />

e o respeito estrito das recomendações do<br />

fabricante do pneu. O desgaste máximo da<br />

banda de rolamento do pneu não deve exceder<br />

2 ou 4 mm de profundidade residual e o<br />

aprofundamento efetuado não deve exceder<br />

os 6 a 8 mm, dependendo do tipo de pneu<br />

e do seu fabricante. u<br />

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