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Revista dos Pneus 52

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Mesa redonda<br />

<strong>Pneus</strong> pesa<strong>dos</strong><br />

o custo da matéria-prima. Para mim, esta<br />

taxa é positiva”, referiu.<br />

Desde que o pneu chinês tenha qualidade,<br />

para Carlos Marques, da Recauchutagem 31,<br />

não existe problema, até porque, nesse caso,<br />

terá de custar mais. “E, se esse pneu tiver<br />

qualidade, pode ser recauchutado. Enquanto<br />

que, hoje, existem imensas marcas de baixa<br />

qualidade. Mas eu também recupero imensas<br />

carcaças de pneus chineses, não posso<br />

deitar tudo fora. O problema é que o pneu<br />

chinês começou a ser apelidado, em toda<br />

a Europa, como pneu de uma só vida. Um<br />

problema ambiental gravíssimo, uma vez<br />

que se está a colocar milhões de toneladas<br />

de pneus no mercado que não têm utilização<br />

nenhuma. Em termos de pneus quality ou<br />

premium, já falamos em pneus de quatro<br />

vidas”, disse.<br />

Segundo Rui Chorado, da Dispnal, “o mercado<br />

está num processo de transformação<br />

muito rápido. A questão do anti-dumping<br />

já se ouve falar há alguns anos, nos EUA,<br />

mas nós pensávamos que não chegasse a<br />

Portugal. Na minha opinião, acho que vem<br />

equilibrar algumas situações, até pelas assimetrias<br />

que haviam, como, por exemplo,<br />

Luís Aniceto, S. José <strong>Pneus</strong><br />

“Não tem sido um ano<br />

especialmente positivo (...).<br />

As marcas, cada vez mais,<br />

querem fazer exercer as suas<br />

influências. Isto é transversal<br />

às marcas ‘brancas’,<br />

premium e até ao setor da<br />

recauchutagem, onde as<br />

marcas também já querem<br />

estar presentes”<br />

venderem-se pneus de camião a um valor<br />

mais baixo face a um pneu ligeiro”, adiantou.<br />

“Com a agravante de que há centenas<br />

de fábricas na China e, hoje, realmente há<br />

marcas que têm o know-how de empresas<br />

premium e já fazem pneus com qualidade.<br />

Aliás, até acho que já não há produtos<br />

maus, mas sim produtos económicos. Esta<br />

taxa ainda não é definitiva. Há que haver<br />

duas taxas, para medidas diferentes. Agora,<br />

resta-nos aguardar a decisão da Comissão<br />

Europeia. Mas, fundamentalmente, a ideia<br />

de criar esta taxa na Europa foi para acabar<br />

com as assimetrias que existiam”, destacou.<br />

Filipe Bandeira, da AB Tyres, só quer que a<br />

medida seja justa. “Vai equilibrar os preços<br />

a nível do mercado europeu e acho que foi<br />

muito forçada até pelos fabricantes. Tenho<br />

de concordar com o Rui Chorado em relação<br />

aos produtos chineses que estão, significativamente,<br />

melhores em termos de qualidade<br />

e notamos essa alteração ao longo <strong>dos</strong> anos.<br />

A taxa anti-dumping está a começar nos<br />

pneus pesa<strong>dos</strong>, mas, futuramente, deverá<br />

chegar aos ligeiros”, afirmou.<br />

Na generalidade, Paulo Santos, da AB Tyres,<br />

concorda com a taxa. Sobretudo, tendo em<br />

conta as assimetrias <strong>dos</strong> preços no mercado.<br />

Aquilo com que discorda é que “medidas<br />

díspares paguem o mesmo imposto”, assim<br />

como com o facto de todas as fábricas e<br />

todas as marcas serem julgadas pela mesma<br />

medida. Ou seja, “os nossos negócios não<br />

vivem com este tipo de indecisão e as notícias<br />

que saíram em relação a este tema<br />

deveriam ter sido coerentes e objetivas. Mas<br />

não foram. O que acabou por gerar uma<br />

grande instabilidade no mercado”, explicou<br />

o responsável.<br />

DESAFIOS ATUAIS<br />

Paulo Santos, da AB Tyres, é da opinião de<br />

que a missão atual <strong>dos</strong> distribuidores de<br />

pneus para pesa<strong>dos</strong> é complicada. “Cada<br />

vez há mais distribuidores, nomeadamente,<br />

do país vizinho, a entrarem no nosso mercado.<br />

Desde há uns anos que se tem vindo<br />

a notar uma luta desenfreada por parte <strong>dos</strong><br />

fabricantes para entrarem no mercado da<br />

distribuição. Não é fácil. Os custos continuam<br />

a existir de igual modo a anos anteriores.<br />

Para se conseguir manter o mesmo nível de<br />

vendas, é preciso muita astúcia e identificarmos<br />

alguns problemas diários que tentamos<br />

ultrapassar”, disse. “A AB Tyres”, acrescentou<br />

ainda o responsável, “tenta contrabalançar<br />

este aspeto do mercado, através da exportação,<br />

mas nem sempre é fácil”.<br />

Rui Chorado, da Dispnal, também deu conta<br />

de um “desafio diário e permanente”. Sem<br />

mais. “Somos confronta<strong>dos</strong> com a necessidade<br />

do cuidado que se tem, desde a<br />

compra, porque, hoje, compra-se por 10 e<br />

amanhã pode-se ser por seis. É evidente que<br />

as empresas que estão nesta situação devem<br />

ter isso em atenção. Devem compreender o<br />

mercado porque ele está, constantemente,<br />

a mudar”, adiantou.<br />

“O excesso de oferta”, para Carlos Marques,<br />

da Recauchutagem 31, é o principal problema<br />

do mercado. “A distribuição é muito<br />

complicada, porque tem uma grande concorrência<br />

inerente. Nunca mudará, porque<br />

tão depressa desaparecem players como<br />

aparecem novos”, contou.<br />

Paulo Santos, da Tirso <strong>Pneus</strong>, assina por<br />

baixo. “O excesso de oferta é, claramente,<br />

o fator que mais nos prejudica a to<strong>dos</strong>. Cada<br />

vez há mais players e mais oferta e, isto, não<br />

14 | <strong>Revista</strong> <strong>dos</strong> <strong>Pneus</strong> | Outubro 2018

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