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edição de 28 de janeiro de 2019

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eyond the line<br />

artisteer/iStock<br />

A falta <strong>de</strong> uma<br />

boa comunicação<br />

Todo profissional sabe da importância<br />

da frequência <strong>de</strong> emissão <strong>de</strong> mensagens<br />

Alexis Thuller PAgliArini<br />

Não canso <strong>de</strong> trazer para os meus artigos<br />

a informação <strong>de</strong> que um dos maiores<br />

problemas <strong>de</strong> empresas, instituições ou<br />

mesmo das pessoas é a má comunicação ou a<br />

falta <strong>de</strong>la. Pesquisas <strong>de</strong>monstram que perto<br />

<strong>de</strong> 2/3 dos problemas po<strong>de</strong>riam ser evitados<br />

ou melhor resolvidos com uma boa comunicação.<br />

No primeiro mês do novo governo fe<strong>de</strong>ral<br />

já percebemos que falta essa ficha cair<br />

com tudo em Brasília. Fora os <strong>de</strong>smentidos<br />

(parece-me que foram mais <strong>de</strong> 20), o disse-<br />

-me-disse e bateção <strong>de</strong> cabeça entre os componentes<br />

da cúpula governamental, os primeiros<br />

movimentos <strong>de</strong> Brasília, em termos<br />

<strong>de</strong> comunicação, são sofríveis.<br />

Primeiro, a visão simplista do vice-presi<strong>de</strong>nte,<br />

questionando a propaganda governamental,<br />

atribuindo à mídia digital a cura <strong>de</strong><br />

todos os males, “sem precisar gastar rios <strong>de</strong><br />

dinheiro”.<br />

Depois, o próprio presi<strong>de</strong>nte, levantando<br />

questão em torno do Programa <strong>de</strong> Incentivo<br />

(chamado por ele <strong>de</strong> BV), que existe entre<br />

veículos e agências <strong>de</strong> propaganda. Ambas<br />

<strong>de</strong>clarações foram tema do meu artigo anterior<br />

e <strong>de</strong> diversas matérias, <strong>de</strong>ntre elas a brilhante<br />

Carta Aberta, <strong>de</strong> Armando Ferrentini.<br />

Não vou, portanto, me alongar nesses<br />

pontos. Mas aí acontece a <strong>de</strong>cisão mais impactante<br />

do governo no seu primeiro mês <strong>de</strong><br />

atuação: o <strong>de</strong>creto que altera o Estatuto do<br />

Desarmamento, facilitando a posse <strong>de</strong> arma<br />

no Brasil.<br />

Era uma das suas principais promessas e<br />

pontos <strong>de</strong> honra do novo presi<strong>de</strong>nte (aliás,<br />

sua marca registrada, com o gesto <strong>de</strong> arma<br />

na mão, usado amplamente na campanha).<br />

Daí sua importância.<br />

E o <strong>de</strong>creto conseguiu <strong>de</strong>sagradar os dois<br />

lados: àqueles que <strong>de</strong>fendiam a flexibilização<br />

e os contrários. Para os primeiros, foi<br />

tímido e menos permissivo do que se esperava;<br />

para o outro lado, a percepção <strong>de</strong> que<br />

qualquer facilida<strong>de</strong> maior na obtenção <strong>de</strong><br />

posse <strong>de</strong> arma é nociva.<br />

Mas o que mais chama a atenção é a ausência<br />

<strong>de</strong> uma boa comunicação para <strong>de</strong>ixar<br />

claros os principais pontos e as mudanças<br />

propostas pelo <strong>de</strong>creto. A imprensa <strong>de</strong>u<br />

gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>staque, é verda<strong>de</strong>. Mas não basta.<br />

É preciso que tal atitu<strong>de</strong> seja objeto <strong>de</strong> um<br />

competente plano <strong>de</strong> comunicação. Todo<br />

profissional sabe da importância <strong>de</strong> peças <strong>de</strong><br />

comunicação bem feitas, mas, também, da<br />

frequência <strong>de</strong> emissão <strong>de</strong> mensagens.<br />

Para uma absorção eficaz <strong>de</strong> uma mensagem,<br />

o ser humano precisa ser submetido a<br />

ela diversas vezes. Ainda mais nos tempos<br />

atuais, quando somos bombar<strong>de</strong>ados por<br />

<strong>de</strong>zenas ou centenas <strong>de</strong> impactos <strong>de</strong> comunicação<br />

a cada dia.<br />

Não dá para <strong>de</strong>ixar assunto <strong>de</strong> tal importância<br />

à mercê da avaliação <strong>de</strong> grupos – a favor<br />

ou contrários – ou mesmo da imprensa. É<br />

preciso uma ação contun<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> comunicação<br />

paralela – ou mesmo proativa. Felizmente,<br />

ficamos sabendo da atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> convocar<br />

as agências com contratos vigentes na esfera<br />

fe<strong>de</strong>ral governamental para dar andamento<br />

aos trabalhos <strong>de</strong> comunicação.<br />

Vimos também uma movimentação em<br />

torno do novo porta-voz do governo no sentido<br />

<strong>de</strong> organizar a comunicação emitida por<br />

Brasília e evitar os incômodos disse-me-disse<br />

e <strong>de</strong>smentidos por lá.<br />

O que nós, profissionais <strong>de</strong> comunicação<br />

e marketing, esperamos é que o governo<br />

entenda a importância <strong>de</strong> uma atuação organizada<br />

e profissional nessa área. Que não<br />

caiam na armadilha <strong>de</strong> achar que tudo po<strong>de</strong><br />

ser resolvido por <strong>de</strong>clarações simplistas via<br />

re<strong>de</strong>s sociais.<br />

Que entendam que o Brasil tem instituições<br />

maduras nessa área e que a propaganda<br />

brasileira é exemplo mundial, digna <strong>de</strong> orgulho<br />

pelas suas conquistas em concursos<br />

internacionais.<br />

Que o investimento na boa comunicação é<br />

importante para pavimentar caminhos para<br />

conquistas em todas as áreas e na prevenção<br />

<strong>de</strong> problemas.<br />

Nosso país é carente <strong>de</strong> tanta coisa que a<br />

comunicação e a propaganda po<strong>de</strong>m parecer<br />

algo <strong>de</strong> menor importância. Mas não é. Repito:<br />

mais <strong>de</strong> 2/3 dos problemas po<strong>de</strong>m ser<br />

evitados ou melhor resolvidos com uma boa<br />

comunicação.<br />

Alexis Thuller Pagliarini é superinten<strong>de</strong>nte<br />

da Fenapro (Fe<strong>de</strong>ração Nacional das Agências<br />

<strong>de</strong> Propaganda)<br />

alexis@fenapro.org.br<br />

jornal propmark - <strong>28</strong> <strong>de</strong> <strong>janeiro</strong> <strong>de</strong> <strong>2019</strong> 31

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