EQUITAÇÃO 143
Revista Equitação - toda a informação sobre mundo equestre
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Entrevista<br />
buída” uma égua, a “Salgadeira”, cujo nome se devia ao<br />
ter nascido nos Salgados, em Vila Franca de Xira onde,<br />
as éguas Veiga pastavam, sazonalmente, em tempo de<br />
“transumância”.<br />
Com quem aprendeu equitação e quais as suas referências<br />
em termos equestres?<br />
Com algum autodidatismo, mas sobretudo “ensinado” pelos<br />
da Casa e a ver como se fazia. O meu Pai, durante uns tempos,<br />
enviou um cavalo para a Póvoa de Santo Adrião, para o Picadeiro<br />
de Mestre Nuno Oliveira, para que pudesse aprender algo<br />
de jeito. Penso que não foi o momento certo, nem a idade certa.<br />
Com nove anos, pouco absorvi e não poderia compreender<br />
a “arte”, nem os conhecimentos do grande Mestre! Na verdade,<br />
há um atavismo, que é a propriedade que têm os seres vivos,<br />
de transmitirem caracteres seus aos descendentes, com<br />
um intervalo de uma ou mais gerações, sendo a vulgar semelhança<br />
com os Avós ou com os Tios. Comigo não foi só, a predisposição<br />
e o “jeito” para montar a cavalo, mas, também noutras<br />
funções. E entre elas, também o atavismo familiar, pelo<br />
meu Bisavô, Manuel Tavares Veiga, que criou os célebres “Veiga”,<br />
ter sido o primeiro Presidente da Câmara Municipal da Golegã,<br />
da I República, em 1910, assim como, o meu Tio materno,<br />
Carlos Veiga, que foi o último Presidente da Câmara da Golegã,<br />
da II República, em 1974, e na III República, a partir de 1998, têlos<br />
secundado no mesmo cargo, como Edil da Golegã.<br />
Continua a montar com a regularidade que gostava?<br />
A regularidade com que monto é totalmente irregular! É quando<br />
me apetece, quando sinto essa vontade, mas, sobretudo,<br />
por prazer, por lazer, aquando do convívio e da confraternização<br />
com outros, seja num passeio marcado, numa Romaria ou<br />
numa Feira!<br />
Conte-nos um pouco da origem e da história da Coudelaria<br />
Veiga Maltez.<br />
A origem e a história da Coudelaria Veiga Maltez confunde-se<br />
com a da Coudelaria Veiga, já que foi uma parte dessa Éguada,<br />
que o meu irmão e eu recebemos, por via do nosso Tio-<br />
Avó João Veiga, que a havia legado a sua Sobrinha, Maria<br />
Mercedes Tavares Veiga Maltez, nossa Mãe, por herança de<br />
seu Pai, o Eng. Manuel Tavares Veiga.<br />
Herdou linhas ancestrais, isso tem sido uma vantagem ou<br />
uma limitação no actual desenvolvimento da Coudelaria?<br />
Felizmente, herdámos uma linhagem antiga, que é o pilar e a<br />
base da nossa Coudelaria. Tem sido uma vantagem porque<br />
sem uma boa base é sempre mais difícil seleccionar e criar<br />
cavalos bons. Temos o caminho facilitado, porque já fazem<br />
parte da nossa base, características morfológicas e funcionais<br />
boas, que apenas temos de desenvolver e melhorar no<br />
sentido do cavalo, que pretendemos criar. Por outro lado, poderemos<br />
considerar alguma limitação, apenas pelo tempo<br />
que demora, abrindo um pouco a outras linhagens dentro do<br />
Lusitano, mas utilizando sempre como mães, as éguas, fruto<br />
da nossa base inicial. Uma das maiores provas da consistência<br />
da base de uma coudelaria, como a nossa, é quando ao<br />
mesmo grupo de éguas largamos três cavalos diferentes e<br />
não conseguimos “distinguir” nos poldros nascidos, qual foi o<br />
padreador.<br />
O que deve ter um Lusitano para ser o tal cavalo de sonho<br />
que todos os criadores desejam?<br />
Respeitando o Padrão da Raça, pelo qual se rege a nossa Associação,<br />
cada criador é livre de sonhar com o cavalo que<br />
gosta de criar. Assim, o cavalo dos meus sonhos, além de “corajoso”<br />
e dócil, será um cavalo, com um certo tamanho, uma<br />
<strong>EQUITAÇÃO</strong> 14 MAGAZINE