EQUITAÇÃO 143
Revista Equitação - toda a informação sobre mundo equestre
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Entrevista<br />
Licenciou-se em Medicina e exerceu<br />
durante muitos anos. E, tanto quanto julgo saber, alguns<br />
dos seus pacientes não gostaram nada de o perder<br />
como médico. Houve um momento em que sentiu uma<br />
espécie de apelo para dar o seu contributo à terra que o viu<br />
nascer? Foi isso que o levou a entrar na vida política?<br />
Sobretudo, o que me levou a entrar na vida autárquica, foi a<br />
percepção que tinha da Golegã, Concelho, em 1997, se demarcar<br />
dos outros, mas pela negativa, com um então presente<br />
cinzento e um futuro pouco colorido, mostrando aos cidadãos,<br />
naquele ano em que me candidatei, a necessidade de<br />
uma disposição reformista, para combater o “status quo” da<br />
terra dos meus bisavós, dos meus avós, dos meus pais e aonde<br />
os meus filhos cresciam. Na verdade, ser Médico e Presitrangeiros,<br />
com grande paixão pelo Lusitano, assim como, as<br />
vicissitudes e agruras, com que os Criadores, dentro do país,<br />
se confrontam e irão enfrentar.<br />
Falamos de criação e da evolução dos cavalos, mas quanto<br />
ao nível da equitação praticada pelos nossos cavaleiros<br />
- e não falo só dos “profissionais” também me refiro<br />
aos chamados “pica-pica” - montamos hoje melhor, com<br />
mais qualidade e noções equestres, do que no passado?<br />
Sem dúvida nenhuma! Sobretudo, imensa quantidade!! O<br />
aumento da qualidade, deve-se a uma questão de melhoria<br />
“educultural”, que era necessária e desejável!!! Não foi por<br />
qualquer razão, que como Autarca da Capital do Cavalo, instituí<br />
a Equitação, como Actividade de Enriquecimento Curricular<br />
(AEC), para todos os alunos das escolas do concelho da<br />
Golegã. Porque as “bases” são importantíssimas e a Equitação<br />
começa pela vertente didáctico-pedagógica, sobretudo<br />
num país, em que aquela integra a sua identidade e cultura,<br />
devendo por tal, ser promovida e desenvolvida.<br />
É também autor de diversas publicações. Escrever é outra<br />
das suas paixões?<br />
É na verdade uma paixão imensa, além da pintura, com a<br />
qual, noutros tempos mais tempo lhe dispensava. Ambas,<br />
tão só necessitam que usemos os sentidos, como a fotografia,<br />
que muito ensaio. Todas requerem observação do que<br />
existe à nossa volta! Para “escrever” também, é preciso<br />
“olhar”! Olhar comportamentos, olhar detalhes. E não é difícil<br />
ser atento, num mundo de muitos desatentos! Umas vezes,<br />
olho para dentro, mergulho em mim mesmo, reflectindo,<br />
outras, inspiro-me nos outros, nomeadamente, no que<br />
dizem, no que falam, no que resmungam, no que gritam ou<br />
sussurram!<br />
Que outras actividades gosta de praticar? Com tantos<br />
cargos, sobra tempo para as executar…?<br />
Entre outras, como é do conhecimento<br />
geral, sou “Motard” atravessando<br />
fronteiras, com a minha Yamaha 600<br />
Diversion. Como todos devem inferir,<br />
há um sentimento, o qual não tenho,<br />
que é aquela sensação de vazio e isolamento,<br />
a que chamam de solidão,<br />
já que o meu dia-a-dia é quase frenético,<br />
pleno de pessoas à minha volta e<br />
de assuntos para tratar, para resolver. Daí, necessitar de um<br />
ou outro momento a sós, comigo próprio, enfim, solitário, esquivando-me,<br />
isolando-me, sendo a minha “duas rodas” ideal,<br />
para ser um “eremita” do séc. XXI, muito transitório e temporário,<br />
restaurando-me psíquico-fisicamente, para as novas<br />
“batalhas”!<br />
Sabemos também que é um exímio bailarino. A que música<br />
não resiste…?<br />
Dizem! Na maioria das vezes, é tão só uma forma de expressar<br />
o meu estado de espírito, em termos de lazer e de prazer.<br />
Para dançar é preciso sentir, mexer o corpo com uma cadência<br />
de movimentos e ritmos, criando uma harmonia. É uma<br />
“Pa r a n ó s, a Fe i r a<br />
[d a Go l e g ã] e s t á d e pé<br />
e t u d o e s t a m o s a<br />
f a z e r p a r a q u e o<br />
e v e n t o a c o n t e ç a”<br />
manifestação artística de igual modo, que a escrita e a pintura,<br />
só que nela utilizamos o corpo, como instrumento criativo.<br />
Há vários tipos de música, que me são mais agradáveis para<br />
dançar ou “bailar”, mas com alguma facilidade me adapto ao<br />
ritmo e à coreografia, que cada uma exige!<br />
Qual o seu lema de vida?<br />
Sinceramente, não tenho “lema”, tão só a intensidade que imprimo<br />
à minha vida, já que muitos se limitam a “existirem”,<br />
não a vivendo. Vivo ouvindo a voz da minha consciência, ensaiando<br />
ser independente da opinião dos outros, apesar de<br />
tentar ser consensual, convergente<br />
e pelo equilíbrio, harmonia. Quem<br />
me conhece e me rodeia, conhece<br />
bem a minha liberdade de agir, assim<br />
como, de expressar aquilo que<br />
sinto, mesmo que me traga dissabores.<br />
<strong>EQUITAÇÃO</strong> 16 MAGAZINE