EQUITAÇÃO 143
Revista Equitação - toda a informação sobre mundo equestre
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Ao contrário de outras modalidades em que os cavalos permanecem<br />
estabulados a maior parte do tempo, na resistência equestre<br />
está convencionado que os cavalos devem permanecer no exterior.<br />
Os paddocks e, em particular, as cercas em que são colocados, têm<br />
na sua maioria algum tipo de pastagem espontânea, na qual podem<br />
existir plantas tóxicas. Por outro lado, as modificações climáticas,<br />
o aumento de infestantes nas pastagens e ausência de variedades<br />
forrageiras para cavalos, particularmente em regiões desfavorecidas<br />
em termos meteorológicos, como Portugal, torna difícil conseguir<br />
feno livre de plantas tóxicas.<br />
Estando a modalidade situada sobretudo na região<br />
entre Alcochete, Sines e Elvas, com grande<br />
representatividade na região de Évora, com este<br />
artigo pretendemos alertar para a toxicidade de<br />
determinadas plantas que, por desconhecimento geral, são<br />
frequentemente negligenciadas nas pastagens. Particularmente<br />
preocupantes são a soagem (Echium plantagineum),<br />
na Primavera, e a tasneirinha, ou senécio (Senecium vulgaris<br />
e Senecium jacobea), no final do Verão e Outono. Menos comum<br />
também, o tornassol (Heliotropium europeum). Tóxicas<br />
tanto para equídeos como para ruminantes, estas plantas<br />
contêm em comum componentes alcalóides pirrozilídicos<br />
que causam dano hepático.<br />
Uma intoxicação silenciosa<br />
Estas plantas contêm substâncias tóxicas que causam uma<br />
intoxicação do tipo cumulativo e não agudo. São intoxicações<br />
não de carácter fulminante, mas sim insidioso, passando por<br />
isso despercebidas. O que isto significa é que o tecido hepático<br />
vai sendo substituído por áreas de fibrose, ou seja, áreas<br />
que perdem a sua capacidade funcional. No dia-a-dia, esta<br />
perda de funcionalidade não tem qualquer manifestação clínica<br />
ou, se existir, será inespecífica, como por exemplo, perda<br />
de condição corporal, na presença de apetite ou episódios de<br />
cólica ligeira recorrente. Só quando há cerca de 80% de tecido<br />
hepático afectado é que a sintomatologia se torna mais<br />
óbvia, com perda de peso associada a anorexia, icterícia e sintomas<br />
neurológicos associados à presença de amónia no<br />
sangue. Normalmente transformada em ureia para ser eliminada<br />
pelos rins, a amónia atravessa a barreira hemato-encefálica,<br />
sendo particularmente tóxica para o cérebro, causando<br />
apatia profunda com headpressing (encosto da cabeça a<br />
uma parede ou outro elemento sólido), episódios de agressividade<br />
e por fim recumbência.<br />
Papel do fígado no esforço<br />
físico e consequências para<br />
os cavalos de competição<br />
Órgão indispensável para a vida, com múltiplas funções, o fígado<br />
fica especialmente sobrecarregado no esforço físico<br />
<strong>EQUITAÇÃO</strong> 67 MAGAZINE