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EQUITAÇÃO 143

Revista Equitação - toda a informação sobre mundo equestre

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Raides<br />

quando há um aceleramento inerente do<br />

metabolismo e a consequente produção<br />

de subprodutos que necessitam de ser<br />

transformados para ser eliminados. Nos<br />

cavalos de resistência equestre, os danos<br />

hepáticos poder-se-ão traduzir apenas na<br />

perda de rendimento desportivo. Sobretudo<br />

no contexto de competição em que os<br />

cavalos têm que dar o máximo, podem<br />

surgir manifestações inespecíficas como,<br />

por exemplo, má recuperação cardíaca,<br />

anorexia e membranas mucosas congestionadas<br />

(tóxicas), com tempo de replecção<br />

capilar aumentado.<br />

Diagnóstico<br />

O diagnóstico ante-mortem faz-se pela<br />

monitorização das enzimas hepáticas no<br />

sangue (GGT, AST, FA e SDH) e níveis de<br />

bilirrubina. A confirmação faz-se por biópsia<br />

ecoguiada do fígado e histopatologia.<br />

Os cavalos<br />

conseguem mesmo<br />

triar as plantas<br />

tóxicas?<br />

Nem todos. Deve-se partir do pressuposto<br />

que em circunstâncias particulares, tais<br />

como mudanças de ambiente, pastagens<br />

sobre-pastoreadas, pisoteadas ou muito<br />

contaminadas, qualquer cavalo pode ingerir<br />

plantas tóxicas, seja por tédio ou por<br />

falta de alternativa. Mesmo em paddocks<br />

sem pastagem, há relatos de cavalos que<br />

ingeriram plantas tóxicas nas orlas e por<br />

debaixo do cercado.<br />

Heliotropium<br />

Senecio<br />

Vulgaris<br />

Senecio<br />

jacobea<br />

A problemática<br />

dos fenos<br />

O mais perigoso são os fenos oriundos de pastagens contaminadas<br />

e/ou espontâneas. Isto porque, nesta situação, os<br />

cavalos acabam por perder completamente a capacidade de<br />

distinguir as plantas tóxicas. É, por isso, imperativo que, nos<br />

cavalos de competição, a origem do feno seja conhecida ou<br />

certificada. Em último recurso, pode-se recorrer à identificação<br />

das plantas no feno, um processo moroso, normalmente<br />

realizado por conhecedores de botânica e que necessitam da<br />

presença de folha, já que só os caules não permitem a distinção<br />

das plantas.<br />

Gestão das pastagens<br />

Mais do que eliminar as plantas das pastagens,<br />

a não ser que estejamos a falar de pequenos<br />

paddocks em que é exequível a<br />

monda, é mais sustentável delinear estratégias<br />

que, antecipadamente, evitem o seu desenvolvimento.<br />

Essas estratégias passam por cultivar gramíneas<br />

que compitam com as plantas infestantes<br />

e, por isso, impeçam o seu desenvolvimento.<br />

Um aspecto curioso é a recomendação<br />

de não manipular plantas tóxicas à frente dos<br />

cavalos, uma vez que quando manipuladas<br />

pelo Homem, os cavalos identificam-nas<br />

como benignas. Portanto, a monda deve ser<br />

feita longe da vista dos cavalos. Finalmente,<br />

em pastagens contaminadas, o fornecimento<br />

de bom feno em quantidade suficiente pode<br />

ser um elemento dissuasor para a ingestão<br />

destas plantas.<br />

Há tratamento para<br />

os cavalos afectados?<br />

Se os insultos forem pequenos não há tratamento<br />

específico. Deve-se apenas proceder a<br />

uma alimentação com menos proteína, para<br />

não sobrecarregar o fígado e para que haja<br />

menor produção de amónia, esperando assim<br />

que o fígado recupere, já que é o órgão<br />

com maior capacidade de regeneração do organismo.<br />

Animais com sintomatologia explícita<br />

de doença hepática têm mau prognóstico.<br />

Resumindo...<br />

Em suma, é fundamental assumir que os cavalos<br />

podem ingerir as plantas tóxicas de<br />

uma pastagem e que isso pode ter consequências<br />

no seu rendimento desportivo. É<br />

também crucial certificar-se da origem do feno e que estes não<br />

se encontrem contaminados, sob pena de os seus cavalos não<br />

atingirem os resultados esperados. m<br />

Bibliografia: F.Clamote, P.V.Araújo, J.D.Almeida, D.T.Holyoak, M.Porto, J.Lourenço,<br />

A.Carapeto, A.J.Pereira, et al. (2020). Senecio vulgaris L. - mapa de distribuição.<br />

Flora-On: Flora de Portugal Interactiva, Sociedade Portuguesa de Botânica.<br />

http://www.flora-on.pt/#wSenecio+vulgaris.<br />

https://equipedia.ifce.fr/elevage-et-entretien/alimentation/intoxicationalimentaire/intoxications-vegetales-equides.html<br />

https://jb.utad.pt/flora<br />

Vídeos: Primenko, Nathalie. Les intoxications à l’herbage<br />

https://www.youtube.com/watch?v=HxDGOb-j6BA. IFCE<br />

Cault, Gilbert. Intoxications vegetales du printemps chez les equides<br />

https://www.youtube.com/watch?v=tDbpr_zRMQI<br />

Cault, Gilbert Intoxications végétales d’automne chez les équidés<br />

https://www.youtube.com/watch?v=nLVZtN5zmbw<br />

<strong>EQUITAÇÃO</strong> 68 MAGAZINE

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