24.06.2020 Views

EQUITAÇÃO 143

Revista Equitação - toda a informação sobre mundo equestre

Revista Equitação - toda a informação sobre mundo equestre

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

histórias<br />

Bafejado<br />

um cavalo com uma ferida na quartela<br />

Atarefada, corria de um lado para o outro para acabar as malas! Mesmo escrevendo<br />

um papel com todas as coisas que quero levar, com bastantes dias de antecedência,<br />

acabo sempre por me lembrar de levar outras coisas, também elas necessárias, o que<br />

implica que, para fechar as malas, seja sempre uma correria!<br />

ACarminho já voltou ao CAR, pois já<br />

está a ter aulas presenciais. Eu e o<br />

Francisco resolvemos ir ter com ela a<br />

Lisboa durante três dias para eles poderem<br />

ir às consultas que tinham sido adiadas<br />

durante o estado de emergência. Como estava<br />

em teletrabalho, tive de levar o computador e a<br />

última corrida foi porque me tinha esquecido<br />

dele…<br />

Quando o estava a colocar na mochila o meu telefone<br />

começou a tocar, mas eu já estava tão atrasada<br />

que resolvi não atender, pensei para mim mesma que devolveria<br />

a chamada assim que entrasse no carro e me pusesse<br />

a caminho de Lisboa.<br />

Finalmente com a bagageira cheia para três dias (eu sei,<br />

são só duas noites, mas nós nunca sabemos que temperatura<br />

vai estar, o que vamos fazer, enfim, nunca sabemos<br />

o que levar! Pelo menos eu gosto de viajar bem prevenida)<br />

lá nos pusemos os dois a caminho. Tinha pensado telefonar<br />

e assim como pensei,<br />

TEXTO<br />

rita gorjão clara<br />

médica veterinária<br />

fiz!<br />

Do outro lado do Bluetooth<br />

ouviu-se a voz de<br />

uma amiga minha. A sua<br />

voz agradável, mas com<br />

timbres de ansiedade,<br />

não se demorou muito na<br />

introdução da conversa e<br />

passou imediatamente aos “finalmentes”. O seu cavalo<br />

tinha uma pequena ferida na quartela, dever-se-ia ter aleijado<br />

nalgum sítio, disse ela, mas o que a preocupa mais<br />

era o facto de o cavalo estar cheio de “remelas” amarelas.<br />

Disse-lhe que infelizmente não o poderia ir ver pois ia a<br />

caminho de Lisboa, mas que se ela quisesse poderíamos<br />

fazer uma “teleconsulta”, ela enviava-me as fotografias e<br />

eu logo decidiria se poderia ser medicado por mim à distância,<br />

se poderia esperar por sábado para o ver, ou se teríamos<br />

de chamar outro colega para o puder acudir de<br />

imediato.<br />

Desliguei descansada, que as fotografias chegariam dentro<br />

de pouco tempo, assim que ele voltasse a ter “remelas”<br />

pois estas tinham habilmente desaparecido com a limpeza<br />

exímia realizada pela dona.<br />

As horas foram-se passando e a verdade é que nunca<br />

mais me lembrei do cavalo. No meu subconsciente ela tinha<br />

ficado de enviar as fotografias, por isso, o<br />

meu consciente ficou em stand by à espera das<br />

mesmas, para poder voltar ao assunto.<br />

No sábado, por volta das 16h, o telefone voltou<br />

a tocar! Era ela outra vez. Nunca mais me tinha<br />

lembrado do cavalo!<br />

Com a voz extremamente ansiosa, explicou-me<br />

que os olhos não voltaram a ter remelas, mas<br />

que a ferida pequenina da mão, tinha ficado negra,<br />

grande, e a mão já estava inchada até ao<br />

joelho. Pedi-lhe que me enviasse uma foto por WhatsApp<br />

“ASAP”.<br />

Quando recebi a foto achei a ferida muito feia. Parecia ter<br />

no centro um fundo de necrose bem negra e à volta reacção<br />

inflamatória grave, com sinais de infecção e edema<br />

até ao joelho. Pelo que via, e pelas dores que ele demonstrava<br />

ter, segundo o que a minha amiga dizia, calculei que<br />

tivesse sido uma picada de algum bicho venenoso.<br />

Claro que poderia ser uma “ferida de Verão” ou inclusivamente<br />

arestins, mas para<br />

“...i n c l i n e i-m e l o g o<br />

p a r a u m a p i c a d a d e a l g u m b i c h o<br />

«p e ç o n h e n t o». Se m h e s i t a r,<br />

r e s o l v i m e t e r-m e n o c a r r o e ir<br />

f a z e r-l h e u m a visita.”<br />

ter uma evolução tão rápida<br />

e com um foco de<br />

necrose tão exuberante,<br />

inclinei-me logo para<br />

uma picada de algum bicho<br />

“peçonhento”. Sem<br />

hesitar, resolvi meter-me<br />

no carro e ir fazer-lhe uma<br />

visita. Durante o percurso, observava alegremente o horizonte,<br />

de janela aberta, pois o carro com que tenho substituído<br />

o meu acidentado, não tem ar condicionado. Sentia<br />

a brisa escaldante do meio da tarde, brisa essa que<br />

fazia ondular as searas, ainda numa mistura de tons, que<br />

não tinham ainda atingido o seu tom dourado quando dizem<br />

que estão prontas para a ceifa. No meio delas, e em<br />

grandes quantidades, papoilas vermelhas, lindas, davam<br />

um toque idílico à imagem, mas, de repente, comecei a<br />

sentir o carro a fugir para a direita, tinha um furo!<br />

Chateada, antes de tentar resolver o problema, telefonei<br />

de imediato à minha amiga e disse-lhe que deveria chamar<br />

outro colega, pois não sabia quando estaria despachada<br />

e o caso já tinha quatro dias…<br />

Chateada também ela, e bastante contrariada, lá chamou<br />

um colega meu! Ficou combinado que me telefonaria<br />

para irmos falando, mas, mais uma vez, o tempo foi pas-<br />

<strong>EQUITAÇÃO</strong> 70 MAGAZINE

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!