EQUITAÇÃO 143
Revista Equitação - toda a informação sobre mundo equestre
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A<br />
alimentação do poldro inicia-se no útero (alimentação<br />
do feto), sendo importante para o<br />
mesmo que a égua tenha um regime equilibrado<br />
ao longo de toda a gestação, e que as necessidades<br />
nutricionais, acrescidas, sobretudo no último trimestre,<br />
sejam respeitadas.<br />
Após o nascimento, o poldro recém-nascido desempenha<br />
actividades que consomem energia. Sendo as suas reservas<br />
energéticas endógenas limitadas, é através do colostro<br />
(nome designado à primeira secreção mamária da égua)<br />
que obterá os nutrientes necessários ao desempenho dessas<br />
actividades. O colostro é, assim, o primeiro alimento do<br />
poldro e a sua ingestão precoce é essencial do ponto de vista<br />
nutricional, imunológico e intestinal (efeito laxante).<br />
Até cerca dos três meses de idade, as necessidades nutricionais<br />
do poldro lactante são supridas pelo leite materno, cuja<br />
composição varia ao longo da lactação, período a partir do<br />
qual o poldro deverá complementar a ingestão de leite com<br />
pastagem e/ou alimento composto específico. Esta suplementação<br />
do poldro lactante, com alimento composto específico<br />
fornecido selectivamente ao poldro (através da utilização<br />
de comedouros selectivos<br />
O c o l o s t r o é o p r i m e i r o<br />
aliment o d o p o l d r o<br />
e a s u a i n g e s t ã o p r e c o c e<br />
é e s s e n c i a l d o p o n t o<br />
d e v i s t a n u t r i c i o n a l,<br />
i m u n o l ó g i c o e i n t e s t i n a l<br />
ou áreas dedicadas à alimentação<br />
dos poldros), é designada por creep<br />
feeding. Esta prática promove<br />
uma habituação ao alimento sólido,<br />
promovendo a autonomia alimentar<br />
do poldro e reduzindo os<br />
efeitos do stress do desmame. De<br />
referir apenas que a introdução da<br />
prática de creep feeding deverá ser<br />
feita a partir das oito semanas de forma gradual (como<br />
qualquer processo de introdução alimentar), e que a quantidade<br />
de alimento composto específico fornecido deverá<br />
variar de acordo com a idade, raça e composição do alimento<br />
(por exemplo: para um poldro com idade inferior a<br />
quatro meses, a quantidade de alimento composto fornecida<br />
deverá variar entre 0.5-1.0 Kg por cada 100 Kg de PV<br />
do poldro).<br />
De uma forma geral, o desmame traduz-se numa diminuição<br />
na taxa de crescimento do poldro. Para a prevenir, deve<br />
garantir-se que o poldro ingere uma quantidade de matéria<br />
seca suficiente para cumprir com as necessidades nutricionais<br />
que apresenta. A monitorização do plano alimentar e<br />
do crescimento, nesta fase, deverá ser rigorosa, não sendo<br />
desejável também a sobrealimentação.<br />
Relativamente aos órfãos, a importância da ingestão de colostro<br />
nas primeiras horas de vida mantém-se, podendo,<br />
posteriormente, transitar para aleitamento artificial através<br />
de biberão ou balde (recorrendo às fórmulas comerciais específicas<br />
para poldros) ou tentar-se a amamentação por<br />
mãe adoptiva (caso se tenha disponível uma égua que tenha<br />
perdido o seu poldro à nascença). Nos poldros órfãos<br />
não adoptados, pode disponibilizar-se alimento sólido a<br />
partir das duas semanas (recorrendo a um alimento composto<br />
específico e a feno de boa qualidade), de forma a<br />
complementar ao leite de substituição. O desmame deverá<br />
ocorrer entre as 14 e as 16 semanas.<br />
Após o desmame, o maneio alimentar do poldro deverá ser<br />
igualmente cuidadoso. Entre os doze e os quinze meses de<br />
idade, o poldro atingirá cerca de 90% da altura ao garrote,<br />
95% do crescimento ósseo e cerca de 70% do peso em<br />
adulto. O restante crescimento ocorrerá posteriormente de<br />
forma gradual, verificando-se diferenças significativas no<br />
tempo de crescimento remanescente em função da raça.<br />
Uma alimentação adequada, que evite períodos de stress,<br />
continua a ser essencial, sendo a regularidade do crescimento<br />
preferencial a picos de crescimento. As deficiências,<br />
excessos ou desequilíbrios nutricionais têm sido associadas<br />
a doenças ortopédicas de desenvolvimento (DOD), sendo<br />
como tal indesejáveis. Na escolha do alimento, deve privilegiar-se<br />
uma componente forrageira<br />
de boa qualidade (feno ou<br />
pastagem) e um alimento composto<br />
específico para poldros,<br />
com boa digestibilidade e que<br />
privilegie um aporte adequado de<br />
lisina, de vitaminas, de macrominerais<br />
(como o cálcio e o fósforo)<br />
e microminerais (como o zinco, o<br />
cobre), necessários para um correcto<br />
desenvolvimento ósseo e articular.<br />
A reter:<br />
• A ingestão precoce de colostro (idealmente primeiras oito<br />
horas após o parto) é essencial para o sucesso da transferência<br />
de imunidade passiva;<br />
• Observar o poldro a mamar com a regularidade adequa<br />
da é um indicador de bem-estar e saúde do poldro;<br />
• A composição do leite varia ao longo da lactação (sendo a<br />
quantidade, o teor de gordura e de proteína superiores na<br />
fase inicial da lactação), considerando-se a partir dos três<br />
meses insuficiente por si só para suprir as necessidades do<br />
poldro;<br />
•A prática de creep feeding a partir das oito semanas de idade<br />
contribui para a redução do stress do desmame;<br />
• Após o desmame, o plano alimentar deverá ser adequado,<br />
promovendo um crescimento regular;<br />
• Deficiências, excessos ou desequilíbrios nutricionais são indesejáveis,<br />
predispondo ao aparecimento de doenças ortopédicas<br />
de desenvolvimento. m<br />
<strong>EQUITAÇÃO</strong> 63 MAGAZINE