inspiração O som ao redor Fotos: Divulgação “A música tem um po<strong>de</strong>r impressionante, ela po<strong>de</strong> mudar completamente o sentido <strong>de</strong> uma peça visual” Marcelo Gerab Especial para o propmark Os sons ajudam a orientar os seres humanos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que o mundo é mundo, seja para reconhecer uma situação <strong>de</strong> perigo ou para se localizar no espaço. Hoje em dia, com todos os recursos do mundo mo<strong>de</strong>rno, muitas vezes o som passa <strong>de</strong>spercebido. É preciso atenção para notar toda a complexida<strong>de</strong> e riqueza <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhes das ondas sonoras que nos ro<strong>de</strong>iam. De olhos fechados, é a reverberação do som no espaço que nos indica se estamos no meio <strong>de</strong> um galpão ou <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um banheiro. Também é possível perceber o ambiente quando recebemos um áudio pelo celular. Estar atento a isso é um exercício constante <strong>de</strong> afinar o ouvido e a cabeça, mas, para quem é realmente apaixonado, essa atenção acaba virando um divertido exercício que nos ensina a ouvir o mundo e enxergar a vida. O mais curioso e bonito disso tudo é que, no fim das contas, o som não existe. Quer dizer, não existe materialmente, não é nada palpável e tangível: o som é mero instante. Ele existe naquela fração <strong>de</strong> segundo e apenas para quem o ouve. Quem garante que a queda <strong>de</strong> um raio no meio do <strong>de</strong>serto fez algum barulho se ninguém estiver lá pra ouvir? O som é a transmissão <strong>de</strong> vibrações através das partículas do ar, que entra nos nossos ouvidos e faz vibrar uma pequena membrana chamada tímpano, e são então <strong>de</strong>codificadas pelo cérebro. Um microfone comum capta o som <strong>de</strong> uma forma bem parecida, existe uma membrana interna que vibra junto com a fonte sonora, e assim ele nos ouve. Uma caixa <strong>de</strong> som faz exatamente o contrário, o falante se movimenta para frente e para trás <strong>de</strong> acordo com o formato <strong>de</strong> onda do arquivo que damos play, aplicando uma vibração no ar que, por sua vez, faz mexer o nosso tímpano e acaba virando, literalmente, música para os nossos ouvidos. Enten<strong>de</strong>r esse componente físico do som é essencial para qualquer tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão em um projeto <strong>de</strong> áudio, pois, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente do conceito ou do caminho abstrato que uma trilha sonora ou uma música po<strong>de</strong>m assumir, é esse aspecto técnico que <strong>de</strong>termina como o sistema biológico dos seres humanos vai interpretar o som. No fim, o segredo é esse: esculpir as vibrações do ar com carinho e primor. A música tem um po<strong>de</strong>r impressionante, ela po<strong>de</strong> mudar completamente o sentido <strong>de</strong> uma peça visual. Numa busca rápida pela internet, não faltam exemplos <strong>de</strong> cenas dramáticas <strong>de</strong> filmes icônicos que, com uma trilha sonora mal utilizada, per<strong>de</strong>-se toda a emoção, toda a força ou toda a graça. Também não faltam memes engraçadíssimos nas re<strong>de</strong>s sociais que colocam sertanejos, piseiros e outras músicas regionais por cima <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>os <strong>de</strong> bandas <strong>de</strong> heavy metal, por exemplo — com um belo trabalho <strong>de</strong> edição e sincronia, diga-se <strong>de</strong> passagem. Ah, <strong>de</strong>sculpe a in<strong>de</strong>lica<strong>de</strong>za, quando começo a falar do que amo eu esqueço do mundo e acabei nem me apresentando. Tenho 32 anos, sou produtor musical há 15 e completamente apaixonado por música <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que me entendo por gente. Por ser arquiteto <strong>de</strong> formação, inevitavelmente eu percebo como a música se comporta no espaço. Comecei minha atuação no audiovisual fazendo trilhas sonoras para o mercado da moda, tanto para <strong>de</strong>sfiles quanto para mídias sociais, o que me ajudou a <strong>de</strong>senvolver um olhar com apelo estético afiado e me permitiu produzir trabalhos em que eu pu<strong>de</strong> colocar as próprias referências e construir a minha assinatura. Hoje sou sócio e diretor musical do Bloco, studio criativo <strong>de</strong> trilhas sonoras e projetos <strong>de</strong> áudio que aten<strong>de</strong> agências, marcas e outros artistas. E dizer que nós temos consciência <strong>de</strong> todo esse po<strong>de</strong>r do som ainda seria pouco: nós vivemos disso e temos certeza que viemos até aqui exatamente para isso. Marcelo Gerab, sócio e diretor musical do Bloco Studio 14 <strong>20</strong> <strong>de</strong> <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>20</strong>23 - jornal propmark
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