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edição de 20 de novembro de 2023

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mercado<br />

Fotos: Divulgação<br />

Angerson Vieira, diretor <strong>de</strong> criação da Africa Creative Valéria Martim, diversida<strong>de</strong> e equida<strong>de</strong> na Africa Creative Leonardo Araujo, da comunicação do Publicis Groupe<br />

rodas <strong>de</strong> conversa, treinamentos e acolhimento, com a<br />

i<strong>de</strong>ia das vozes dos membros serem ativas, pensando<br />

em ações que gerem impacto para toda a agência.<br />

africa creaTive<br />

Angerson Vieira, diretor <strong>de</strong> criação e executivo da<br />

Africa Creative, conta que a criativida<strong>de</strong> é o negócio da<br />

Africa Creative. “E diversida<strong>de</strong> é a melhor forma <strong>de</strong> chegarmos<br />

a soluções mais criativas. O raciocínio é simples:<br />

quanto mais cabeças e vivências diferentes envolvidas<br />

no mesmo projeto, maiores as chances <strong>de</strong> chegarmos<br />

em soluções diferentes - e, naturalmente, mais criativas.<br />

Diversida<strong>de</strong> não é ser bonzinho. É lucro.”<br />

“Enten<strong>de</strong>mos que a educação é a fortaleza para<br />

o <strong>de</strong>senvolvimento das pessoas, por isso criamos a Escola<br />

Africa, que no ano que vem terá uma nova edição,<br />

com ainda mais corpo”, completa Valéria Martim, gerente<br />

<strong>de</strong> pessoas, diversida<strong>de</strong>, equida<strong>de</strong> e inclusão da Africa<br />

Creative.<br />

“Parcerias significativas, como a colaboração com a<br />

Universida<strong>de</strong> Zumbi dos Palmares e a Cufa, fortalecem<br />

nosso compromisso com essa jornada. Felizmente esse<br />

é um movimento do mercado todo. Temos muito o que<br />

fazer, mas com um mercado unido, conseguiremos fazer<br />

mais e com mais diversida<strong>de</strong>.”<br />

nossa praia<br />

Dilma Campos, CEO & partner da Nossa Praia e head<br />

<strong>de</strong> ESG da B&Partners.co, <strong>de</strong>staca que promover a diversida<strong>de</strong><br />

racial na indústria <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong> e nas agências<br />

é fundamental por diversos motivos. “O Brasil é um país<br />

majoritariamente negro (56% se <strong>de</strong>claram pretos e pardos),<br />

segundo o IBGE. Se não temos a mesma representativida<strong>de</strong><br />

racial nas agências, não é possível imprimir<br />

um olhar autêntico <strong>de</strong>sse público nas campanhas.”<br />

Para ela, investir em diversida<strong>de</strong> significa ter ações<br />

concretas, intencionais, com metas regidas e acompanhadas<br />

pela governança, que levem a uma composição<br />

<strong>de</strong> equipe e formação <strong>de</strong> li<strong>de</strong>ranças diversas que sejam<br />

próximas à representativida<strong>de</strong> da população brasileira.<br />

“Des<strong>de</strong> que assumi como head <strong>de</strong> ESG da B&Partners.<br />

cofirmamos dois compromissos com o Pacto Global da<br />

ONU, o movimento ‘Raça é priorida<strong>de</strong>’ e o ‘Elas li<strong>de</strong>ram’.<br />

O primeiro movimento está conectado ao Objetivo <strong>de</strong><br />

Desenvolvimento Sustentável 10 (ODS 10), que preten<strong>de</strong><br />

alcançar 1.500 empresas comprometidas em ter 50% <strong>de</strong><br />

pessoas negras em posição <strong>de</strong> li<strong>de</strong>rança até <strong>20</strong>30. ‘Elas<br />

Li<strong>de</strong>ram’ busca alcançar 50% <strong>de</strong> li<strong>de</strong>ranças femininas<br />

até <strong>20</strong>30 (ODS 5). Ou seja, todas as agências do grupo<br />

têm como meta atingir 50% <strong>de</strong> diversida<strong>de</strong> racial e <strong>de</strong><br />

li<strong>de</strong>rança feminina até <strong>20</strong>30. Para isso, estamos promovendo<br />

mentorias e letramento para nossas empresas e<br />

estabelecemos KPIs <strong>de</strong> diversida<strong>de</strong>, inclusão e equida<strong>de</strong>”,<br />

completa.<br />

publicis groupe<br />

Rejane Romano e Leonardo Araujo, diretores <strong>de</strong> comunicação<br />

corporativa no Publicis Groupe, contam que<br />

o Publicis Groupe e suas agências têm a missão <strong>de</strong> não<br />

apenas se indignar com o racismo, mas fazer algo <strong>de</strong> verda<strong>de</strong><br />

para lutar contra ele.<br />

“Promovemos treinamentos para as equipes <strong>de</strong> Talent<br />

Management com ênfase em recrutamento, <strong>de</strong>senvolvimento<br />

dos times através <strong>de</strong> palestras e <strong>de</strong>bates<br />

com especialistas em temas importantes para criarmos<br />

um ambiente inclusivo. Em <strong>20</strong>23, promovemos para todos<br />

os funcionários do Publicis Groupe treinamentos<br />

obrigatórios sobre equida<strong>de</strong> racial”, afirmam.<br />

Há programas e iniciativas específicas das agências<br />

que valem o <strong>de</strong>staque. Na Publicis Brasil, por exemplo,<br />

existe o Entre, programa gratuito <strong>de</strong> capacitação e inclusão<br />

<strong>de</strong> mulheres na área criativa. Em <strong>20</strong>23, 85% das<br />

vagas foram <strong>de</strong>stinadas às mulheres negras e indígenas<br />

e 10% às mulheres trans.<br />

Já a Leo Burnett Tailor Ma<strong>de</strong> conta com o Coletivo<br />

Papo Pretxs, que nasceu como um grupo <strong>de</strong> afinida<strong>de</strong><br />

para colaboradores pretos da agência. De lá para cá,<br />

vem <strong>de</strong>senvolvendo diversos projetos para diversificar<br />

o ambiente publicitário atual.<br />

“Incluir dá trabalho e investir em publicida<strong>de</strong> não é<br />

apenas colocar dinheiro em ações afirmativas, mas trabalhar<br />

com objetivos bem <strong>de</strong>finidos e tolerância zero<br />

para retrocessos. É encarar a diversida<strong>de</strong> como ela é: um<br />

<strong>de</strong>safio e não um oba-oba para posts no LinkedIn”.<br />

map brasil<br />

“Tem dias que eu vejo o copo meio cheio, porque<br />

evoluímos bastante em relação à representação. Hoje<br />

conseguimos ver nossos corpos representados na mídia,<br />

estamos presentes em casting e isso é importantíssimo<br />

para formação <strong>de</strong> nossos imaginários como socieda<strong>de</strong>.<br />

Mas, na maior parte dos dias, tenho visto o copo meio vazio,<br />

porque os números <strong>de</strong> representativida<strong>de</strong> - quando<br />

alguém com consciência tem po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão - estão<br />

retroce<strong>de</strong>ndo <strong>de</strong> forma assustadora”, conta Deh Bastos,<br />

sócia e diretora-executiva <strong>de</strong> criação da MAP Brasil.<br />

“Não existe outra forma que não seja para investir<br />

em diversida<strong>de</strong>: educação e investimento. A consciência<br />

é um caminho sem volta, mas ela exige comprometimento.<br />

Privilégio só é ruim para quem não tem, por isso<br />

é tão difícil abrir mão <strong>de</strong> uma engrenagem que funciona<br />

intacta para que as coisas não mu<strong>de</strong>m.”<br />

Deh compartilha que, entre o quadro societário da<br />

MAP, há uma li<strong>de</strong>rança totalmente feminina formada por<br />

mulheres plurais: Amanda Gomes, Marina Morena e Deh<br />

Bastos. Além disso, o casting da MAP nasceu e permanece<br />

diverso até hoje. Com 57,14% <strong>de</strong> mulheres, 42,86% <strong>de</strong><br />

homens, sendo 47,22% mulheres pretas, 13,88% mulheres<br />

gordas, 46,03% membros da comunida<strong>de</strong> LGBTQIAP+<br />

e 3,17% no recorte <strong>de</strong> etarismo.<br />

“O maior <strong>de</strong>safio é enten<strong>de</strong>r que colocar da porta pra<br />

<strong>de</strong>ntro é a parte menos complexa. Criar políticas internas<br />

para que o ambiente seja seguro para as pessoas que<br />

vêm <strong>de</strong> outras vivências é um <strong>de</strong>safio frente à dinâmica<br />

intensa e enviesada das agências. O <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

todas as pessoas envolvidas é a parte fundamental para<br />

a sustentação”, finaliza a sócia e diretora-executiva da<br />

MAP Brasil.<br />

Ainda sobre os <strong>de</strong>safios e suas soluções, a professora<br />

Antonia Aparecida Quintão explica que inicialmente é<br />

fundamental o aprimoramento na forma <strong>de</strong> contratação.<br />

“Os selecionadores precisam ser escolhidos <strong>de</strong> forma<br />

criteriosa, para que o processo seletivo seja objetivo,<br />

transparente, com regras bem <strong>de</strong>finidas e sem qualquer<br />

tipo <strong>de</strong> exclusão, discriminação e favorecimento.”<br />

Além disso, é fundamental <strong>de</strong>finir metas, objetivos<br />

e prazos para o compromisso com a diversida<strong>de</strong> e a inclusão.<br />

Construir um ambiente corporativo diverso e que<br />

respeite as diferenças garante uma maior troca <strong>de</strong> experiências,<br />

i<strong>de</strong>ias, profissionais valorizados, motivados e<br />

engajados. O apoio público <strong>de</strong> presi<strong>de</strong>ntes e diretores é<br />

igualmente fundamental.<br />

32 <strong>20</strong> <strong>de</strong> <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>20</strong>23 - jornal propmark

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