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edição de 29 de janeiro de 2024

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esg no mkt<br />

Alê Oliveira<br />

A nova política<br />

industrial e o ESG<br />

Espero que essa luz ver<strong>de</strong> atinja nossos<br />

governantes e a indústria brasileira<br />

Alexis Thuller Pagliarini<br />

Na semana passada, o governo anunciou o programa<br />

Nova Indústria Brasil, visando impulsionar a<br />

indústria brasileira até 2033.<br />

O programa prevê políticas públicas, como subsídios,<br />

empréstimos a juros reduzidos e ampliação <strong>de</strong><br />

investimentos fe<strong>de</strong>rais, além da aplicação <strong>de</strong> incentivos<br />

tributários e fundos especiais para estimular setores<br />

da economia.<br />

De fato, a indústria brasileira precisava <strong>de</strong> um estímulo<br />

para retomar sua relevância no PIB brasileiro. O<br />

programa coloca foco em seis áreas, que chamou <strong>de</strong><br />

missões. São as seguintes:<br />

1. Ca<strong>de</strong>ias agroindustriais sustentáveis e digitais;<br />

2. Forte complexo econômico e industrial da saú<strong>de</strong>;<br />

3. Infraestrutura, saneamento, moradia e mobilida<strong>de</strong><br />

sustentáveis; 4 . Transformação digital da indústria; 5.<br />

Bioeconomia, <strong>de</strong>scarbonização, e transição e segurança<br />

energéticas; e 6. Tecnologias <strong>de</strong> interesse para a soberania<br />

e a <strong>de</strong>fesa nacionais.<br />

Embora as questões ambientais e sociais estejam<br />

bem contempladas no plano, principalmente nos itens 1,<br />

3 e 5, ficamos com a impressão que o governo continua<br />

preso a uma visão anacrônica <strong>de</strong> subsídio e proteção da<br />

produção nacional, quando o foco <strong>de</strong>veria ser no novo<br />

potencial, expresso principalmente na missão 5, que<br />

trata da bioeconomia, <strong>de</strong>scarbonização, transição e segurança<br />

energéticas.<br />

É aí que o Brasil tem maior potencial competitivo e <strong>de</strong>veria<br />

colocar mais fichas para o jogo dos próximos 10 anos.<br />

É claro que a sustentabilida<strong>de</strong> das ca<strong>de</strong>ias agroindustriais<br />

é extremamente importante e <strong>de</strong>ve estar contemplada<br />

em qualquer planejamento estratégico. Mas<br />

isso já vem sendo cumprido naturalmente pelos players<br />

do agronegócio, que já enten<strong>de</strong>ram que a adoção <strong>de</strong><br />

técnicas sustentáveis gera maior produtivida<strong>de</strong> e competitivida<strong>de</strong>.<br />

O cuidado com o meio ambiente é uma <strong>de</strong>corrência<br />

natural <strong>de</strong>sse processo. É triple bottom line na veia: você<br />

cuida do meio ambiente e dos aspectos sociais, mas não<br />

abre mão <strong>de</strong> uma maior lucrativida<strong>de</strong>. Esse é o “nirvana”<br />

do agronegócio e <strong>de</strong> qualquer outro business. E, assim,<br />

a agropecuária entra <strong>de</strong> cabeça na era dos “bios”: bioinseticidas,<br />

biofungicidas, bionematicidas, bioinoculantes.<br />

Não à toa, o mercado <strong>de</strong> biológicos cresce a uma taxa<br />

<strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 40% ao ano. O mesmo acontece com a energia<br />

no campo.<br />

Segundo a ABPA – Associação Brasileira <strong>de</strong> Proteína<br />

Animal, 90% dos seus associados <strong>de</strong>claram já implementar<br />

programas <strong>de</strong> energia limpa, 73% <strong>de</strong>les a partir da<br />

biomassa.<br />

Portanto, a agroindústria vai muito bem, obrigado. É<br />

claro que não se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>scuidar <strong>de</strong>sse importantíssimo<br />

setor, ao qual o governo <strong>de</strong>ve garantir apoio permanente,<br />

mas o foco <strong>de</strong> um programa que objetiva dinamizar<br />

a indústria <strong>de</strong>veria estar em outros pontos <strong>de</strong> enorme<br />

potencial.<br />

Eu, particularmente, acho que o Brasil <strong>de</strong>veria radicalizar<br />

na busca por se posicionar como o país da produção<br />

ver<strong>de</strong>. Temos uma matriz energética única, que garante<br />

mais <strong>de</strong> 50% da energia proveniente <strong>de</strong> fontes renováveis<br />

e uma eletricida<strong>de</strong> gerada em 90% por fontes limpas.<br />

E energia é chave para qualquer tipo <strong>de</strong> industrialização.<br />

As fontes renováveis existentes, tendo a hidrelétrica<br />

como carro-chefe, mas com a inclusão <strong>de</strong> outras em<br />

franca expansão, como eólica, solar e biomassa, tornam<br />

o Brasil o país ver<strong>de</strong> que todo o mundo busca.<br />

E ainda não falamos do hidrogênio ver<strong>de</strong>, que o nosso<br />

país tem todas as condições <strong>de</strong> se tornar produtor <strong>de</strong><br />

primeira gran<strong>de</strong>za.<br />

Com energia ver<strong>de</strong> farta, o país ganha competitivida<strong>de</strong>,<br />

não só para sua indústria local, como para aten<strong>de</strong>r ao<br />

tal nearshoring, que é a migração para cá da indústria <strong>de</strong><br />

outros países mais próximos, como os EUA, por exemplo,<br />

em busca <strong>de</strong> uma produção sustentável, em linha com o<br />

Pacto Global <strong>de</strong> redução <strong>de</strong> emissão <strong>de</strong> carbono.<br />

A conclusão disso tudo é que, apesar da atitu<strong>de</strong> louvável<br />

<strong>de</strong> impulsionar a indústria nacional, aparentemente,<br />

os dirigentes ainda subestimam o potencial do nosso<br />

ver<strong>de</strong> e da aplicação dos critérios ESG como elementos<br />

impulsionadores.<br />

Espero que essa luz ver<strong>de</strong> atinja nossos governantes<br />

e a indústria brasileira.<br />

Alexis Thuller Pagliarini<br />

é sócio-fundador da ESG4<br />

alexis@criativista.com.br<br />

30 <strong>29</strong> <strong>de</strong> <strong>janeiro</strong> <strong>de</strong> <strong>2024</strong> - jornal propmark

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