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esg no mkt<br />
Alê Oliveira<br />
A nova política<br />
industrial e o ESG<br />
Espero que essa luz ver<strong>de</strong> atinja nossos<br />
governantes e a indústria brasileira<br />
Alexis Thuller Pagliarini<br />
Na semana passada, o governo anunciou o programa<br />
Nova Indústria Brasil, visando impulsionar a<br />
indústria brasileira até 2033.<br />
O programa prevê políticas públicas, como subsídios,<br />
empréstimos a juros reduzidos e ampliação <strong>de</strong><br />
investimentos fe<strong>de</strong>rais, além da aplicação <strong>de</strong> incentivos<br />
tributários e fundos especiais para estimular setores<br />
da economia.<br />
De fato, a indústria brasileira precisava <strong>de</strong> um estímulo<br />
para retomar sua relevância no PIB brasileiro. O<br />
programa coloca foco em seis áreas, que chamou <strong>de</strong><br />
missões. São as seguintes:<br />
1. Ca<strong>de</strong>ias agroindustriais sustentáveis e digitais;<br />
2. Forte complexo econômico e industrial da saú<strong>de</strong>;<br />
3. Infraestrutura, saneamento, moradia e mobilida<strong>de</strong><br />
sustentáveis; 4 . Transformação digital da indústria; 5.<br />
Bioeconomia, <strong>de</strong>scarbonização, e transição e segurança<br />
energéticas; e 6. Tecnologias <strong>de</strong> interesse para a soberania<br />
e a <strong>de</strong>fesa nacionais.<br />
Embora as questões ambientais e sociais estejam<br />
bem contempladas no plano, principalmente nos itens 1,<br />
3 e 5, ficamos com a impressão que o governo continua<br />
preso a uma visão anacrônica <strong>de</strong> subsídio e proteção da<br />
produção nacional, quando o foco <strong>de</strong>veria ser no novo<br />
potencial, expresso principalmente na missão 5, que<br />
trata da bioeconomia, <strong>de</strong>scarbonização, transição e segurança<br />
energéticas.<br />
É aí que o Brasil tem maior potencial competitivo e <strong>de</strong>veria<br />
colocar mais fichas para o jogo dos próximos 10 anos.<br />
É claro que a sustentabilida<strong>de</strong> das ca<strong>de</strong>ias agroindustriais<br />
é extremamente importante e <strong>de</strong>ve estar contemplada<br />
em qualquer planejamento estratégico. Mas<br />
isso já vem sendo cumprido naturalmente pelos players<br />
do agronegócio, que já enten<strong>de</strong>ram que a adoção <strong>de</strong><br />
técnicas sustentáveis gera maior produtivida<strong>de</strong> e competitivida<strong>de</strong>.<br />
O cuidado com o meio ambiente é uma <strong>de</strong>corrência<br />
natural <strong>de</strong>sse processo. É triple bottom line na veia: você<br />
cuida do meio ambiente e dos aspectos sociais, mas não<br />
abre mão <strong>de</strong> uma maior lucrativida<strong>de</strong>. Esse é o “nirvana”<br />
do agronegócio e <strong>de</strong> qualquer outro business. E, assim,<br />
a agropecuária entra <strong>de</strong> cabeça na era dos “bios”: bioinseticidas,<br />
biofungicidas, bionematicidas, bioinoculantes.<br />
Não à toa, o mercado <strong>de</strong> biológicos cresce a uma taxa<br />
<strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 40% ao ano. O mesmo acontece com a energia<br />
no campo.<br />
Segundo a ABPA – Associação Brasileira <strong>de</strong> Proteína<br />
Animal, 90% dos seus associados <strong>de</strong>claram já implementar<br />
programas <strong>de</strong> energia limpa, 73% <strong>de</strong>les a partir da<br />
biomassa.<br />
Portanto, a agroindústria vai muito bem, obrigado. É<br />
claro que não se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>scuidar <strong>de</strong>sse importantíssimo<br />
setor, ao qual o governo <strong>de</strong>ve garantir apoio permanente,<br />
mas o foco <strong>de</strong> um programa que objetiva dinamizar<br />
a indústria <strong>de</strong>veria estar em outros pontos <strong>de</strong> enorme<br />
potencial.<br />
Eu, particularmente, acho que o Brasil <strong>de</strong>veria radicalizar<br />
na busca por se posicionar como o país da produção<br />
ver<strong>de</strong>. Temos uma matriz energética única, que garante<br />
mais <strong>de</strong> 50% da energia proveniente <strong>de</strong> fontes renováveis<br />
e uma eletricida<strong>de</strong> gerada em 90% por fontes limpas.<br />
E energia é chave para qualquer tipo <strong>de</strong> industrialização.<br />
As fontes renováveis existentes, tendo a hidrelétrica<br />
como carro-chefe, mas com a inclusão <strong>de</strong> outras em<br />
franca expansão, como eólica, solar e biomassa, tornam<br />
o Brasil o país ver<strong>de</strong> que todo o mundo busca.<br />
E ainda não falamos do hidrogênio ver<strong>de</strong>, que o nosso<br />
país tem todas as condições <strong>de</strong> se tornar produtor <strong>de</strong><br />
primeira gran<strong>de</strong>za.<br />
Com energia ver<strong>de</strong> farta, o país ganha competitivida<strong>de</strong>,<br />
não só para sua indústria local, como para aten<strong>de</strong>r ao<br />
tal nearshoring, que é a migração para cá da indústria <strong>de</strong><br />
outros países mais próximos, como os EUA, por exemplo,<br />
em busca <strong>de</strong> uma produção sustentável, em linha com o<br />
Pacto Global <strong>de</strong> redução <strong>de</strong> emissão <strong>de</strong> carbono.<br />
A conclusão disso tudo é que, apesar da atitu<strong>de</strong> louvável<br />
<strong>de</strong> impulsionar a indústria nacional, aparentemente,<br />
os dirigentes ainda subestimam o potencial do nosso<br />
ver<strong>de</strong> e da aplicação dos critérios ESG como elementos<br />
impulsionadores.<br />
Espero que essa luz ver<strong>de</strong> atinja nossos governantes<br />
e a indústria brasileira.<br />
Alexis Thuller Pagliarini<br />
é sócio-fundador da ESG4<br />
alexis@criativista.com.br<br />
30 <strong>29</strong> <strong>de</strong> <strong>janeiro</strong> <strong>de</strong> <strong>2024</strong> - jornal propmark