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Outras LeituraS
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Nesse processo de conhecer o que denominamos divino,
o Deus que é amor aos poucos se transforma no amor que é
Deus. Repetindo: nesse processo, o Deus-amor transforma-
-se aos poucos no amor-Deus – sem fronteiras, eterno, ultrapassando
todo e qualquer limite e nos chamando para seguir
esse amor em todos os recantos da criação. Caminhamos para
dentro desse Deus e nos deixamos absorver por esse amor expansivo,
abundante e gratuito. Quanto mais nos adentramos
nesse amor e partilhamos dele, mais nossa vida se abre para
novas possibilidades, para a sacralidade transpessoal e para
a transcendência ilimitada.
Enfim, descobrimos que nossa experiência de Deus é
como o ato de nadar num eterno oceano de amor ou interagir
com a presença despercebida do ar: inspiramos amor e
expiramos amor. Essa experiência é onipresente, onisciente
e onipotente. Jamais se esgota, sempre se expande. Quando
procuro descrever essa realidade, as palavras me falham, então
simplesmente digo o nome Deus. Esse nome, entretanto,
para mim não é mais o nome de um ser – nem mesmo um ser
sobrenatural ou supremo. Não é o título de um taumaturgo
ou mágico nem de um salvador, mas é algo tão nebuloso e tão
real quanto a presença divina. É um símbolo daquilo que é
imortal, invisível, atemporal.
Esse amor é algo semelhante às pegadas de Deus nas quais
procuro andar, mesmo quando descubro que esse caminho
me leva a lugares que temo. Porém, quando olho à frente, vejo
adiante, escondendo-se nas esquinas do desconhecido, o que
poderia ser chamado de as costas do divino. Então descubro
que o motivo pelo qual não consigo ver Deus, mas só o lugar
por onde ele passou, é o fato de que Deus está nitidamente
dentro de mim, assim como diante de mim. Deus é parte de
quem sou e parte de quem você é. Deus é amor, portanto amor
é Deus. Eis minha segunda definição de um Deus não-teísta:
102 O Rosto Amado de Deus